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08.01.2024

Criado Observatório Europeu da Desflorestação e Degradação da Floresta

Criado Observatório Europeu da Desflorestação e Degradação da Floresta

Está on-line o Observatório Europeu da Desflorestação e Degradação da Floresta. A informação científica que disponibiliza vai apoiar o cumprimento da regulamentação europeia, aprovada em junho 2023, para prevenir a entrada, comércio e utilização de produtos (no espaço europeu) que tenham contribuído para a desflorestação.

Já está em pleno funcionamento o Observatório Europeu da Desflorestação e Degradação da Floresta, apresentado em dezembro de 2023 e desenvolvido pelo Joint Research Centre (Centro Comum de Investigação) da Comissão Europeia.

Este observatório era uma das ações-chave para intensificar a ação da União Europeia em termos proteção e restauro das florestas mundiais, no âmbito das medidas anunciadas pela Comissão Europeia em 2019, e um elemento relevante para a implementação da regulação de produtos isentos de desflorestação.

Trata-se de uma plataforma online que permite uma visão global, assim como local (por país), da realidade e alterações que ocorrem nas florestas em todo o mundo, através de mapas dinâmicos e informação de apoio. O site possibilita também acompanhar os principais locais de produção das matérias-primas e produtos associados à desflorestação, assim como os respetivos fluxos comerciais. Adicionalmente, disponibiliza ferramentas que apoiam a monitorização das florestas.

Conheça com mais detalhe as três componentes centrais que estruturam o Observatório Europeu da Desflorestação e Degradação da Floresta:

1. Monitorização global das florestas

 

Disponibiliza visualizações interativas (mapas e respetivos dados) sobre:

– A cobertura florestal (dados de satélite com resolução especial de 10 metros) em 2020, ano estabelecido como data de referência no regulamento de produtos livres de desflorestação, que será aplicado no final de 2024;

– Os atributos relevantes para avaliar a degradação florestal, segundo critérios da FAO – Organização das Nações Unidas para a Agricultura e as Florestas (características da paisagem florestal, derivadas do mapa global de cobertura terrestre Copernicus de 2019, com uma resolução de 100 metros);

– As alterações na cobertura florestal e os fatores que a impulsionam, com dados espaciais sobre perturbações florestais globais (desflorestação, recolha de madeira, incêndios florestais, eventos extremos, perda de vitalidade por pragas, entre outros), durante o período de 2015-2022.

A informação patente nesta área do Observatório Europeu da Desflorestação e Degradação da Floresta permite consultar o mapa e dados de cada país. Relativamente à floresta portuguesa, indica que totalizava mais de 2,5 milhões de hectares (em 2019 e segundo imagens de satélite Copernicus) e que entre os principais fenómenos causadores de alterações no coberto florestal,entre 2016 e 2022 estão os eventos extremos (perda de floresta devido a pragas, doenças e tempestades), a recolha de madeira (cortes em áreas de floresta gerida) e o fogo em áreas plantadas. A desflorestação (perda de áreas florestais, principalmente para agricultura) tem sido bastante reduzida em Portugal e durante os sete anos em análise foi apenas registada em 2021 e 2022.

Pode aceder e aprofundar esta informação em https://forest-observatory.ec.europa.eu/forest, área que conta ainda com uma série de dados mais longa (desde 1990) para as florestas tropicais húmidas.

2. Produção e comércio de matérias-primas

 

Fornece dados globais sobre a produção local de matérias-primas associadas à desflorestação e o respetivo volume de comércio entre países terceiros e a União Europeia. Em causa estão as mercadorias (commodities) cuja entrada e circulação no espaço comunitário passarão a estar proibidas, de acordo com o novo Regulamento da União Europeia sobre produtos base e derivados associados à desflorestação e degradação florestal, como cacau, café, soja, madeira, carne bovina, palmeira-dendém e os derivados que os contenham (chocolate, óleo de palma, óleo de soja, entre muitos outros).

Esta regulamentação, já aprovada em 2023, entrará em vigor no final de 2024 e o novo Observatório Europeu da Desflorestação e Degradação da Floresta vem facilitar o acesso à informação sobre as cadeias de abastecimento destes materiais e produtos derivados.

Os dados são apresentados em visualização interativa, sendo que os valores relativos à produção têm como fonte as estatísticas da FAO – FAOSTAT, enquanto os fluxos comerciais se baseiam quer na FAOSTAT, quer na plataforma global de dados comerciais das Nações Unidas UN COMTRADE. É ainda possível fazer o download destes dados de produção e comércio.

Nesta área podemos observar, por exemplo, que a maioria do cacau que entrou na Europa em 2020 é principalmente transacionado por países exportadores como a Costa do Marfim, o Gana, os Camarões, os Países Baixos e a Bélgica. Ou ficar a saber que os maiores produtores de grãos de soja, em 2021, foram o Brasil, os EUA, a Argentina, a China e a Índia.

Pode aceder e explorar esta informação na área “Production and Trade of Commodities”.

3. Ferramentas da UE para monitorização florestal

 

O Observatório Europeu da Desflorestação e Degradação da Floresta conjuga e disponibiliza um conjunto alargado de ferramentas baseadas na observação da Terra, que permitem a consulta e monitorização quase em tempo real das alterações na cobertura florestal, assim como a análise de padrões de paisagem, das perturbações causadas por pragas e a visão geral da distribuição de 67 espécies de árvores na Europa.

Várias destas ferramentas fazem-se valer de bases de dados distintas, com informações provenientes de sensores remotos, e destinam-se aos profissionais do sector – desde investigadores a decisores – implicando a instalação de softwares específicos e maior complexidade de acesso e utilização. Embora agregadas neste novo Observatório Europeu da Desflorestação, a maioria destas ferramentas já se encontrava disponível entre os recursos do Joint Research Centre.

Pode aceder e explorar estas ferramentas em https://forest-observatory.ec.europa.eu/tools.