Em tempos passou-se a ideia de que somos um país de floresta, cheio de bosques frondosos com esquilos a saltitar desde os Pirenéus a Alcochete, ou onde os cumes das serras seriam para florestar com plantações altaneiras, sem que nada de mal lhes pudesse acontecer. Ora, a realidade real pouco se rala com as nossas efabulações e fantasias e, ano após ano, vem sendo demonstrado que a nossa maneira impositiva de desenhar ecossistemas florestais tem falhado.
Hoje são as AIGP (Áreas Integradas de Gestão da Paisagem), mas já foram as ZIF (Zonas de Intervenção Florestal) e há de ser outra coisa qualquer daqui a 10 anos se insistirmos na mesma fórmula que tem tido sempre, no meu entender, um ponto de falha supercrítica: é que não somos um país de floresta, mas sim um país de mosaico!
E é nesse mosaico de capital natural, salpicado com capital social e patrimonial e enriquecido com capital tecnológico, cultural e económico que tudo acontece. É nas manchas de bosques com galerias ripícolas, com matrizes agrícolas e plantações florestais que a biodiversidade acontece, que os ecossistemas mais entregam em termos de serviços de provisão e regulação. É nos corredores ecológicos, nas bermas de estradas e caminhos rurais, nos mal-amados incultos, matagais, ermos e brejos que muita da nossa riqueza única existe.
E é nesta encruzilhada em que nos encontramos; estamos destinados a reconhecer que a Economia de Base Natural acontece no intervalo de todos os planos que fazemos para a reduzir ao absurdo, enquanto milhares de opções para melhorarmos a vida das pessoas e das comunidades, para inovar e criar produtos e serviços de valor acrescentado e para sairmos do loop infinito de crises-à-Portuguesa acontece.
Resta agora aprendermos a saber fazer acontecer.