A ocorrência de fogos, cuja frequência e intensidade se têm acentuado nas últimas décadas, representa um dos maiores riscos para o sector florestal e, como tal, é também uma das temáticas da investigação florestal do CESAM. Nesta área, desenvolve inúmeras abordagens e atividades de I&I, sendo inúmeros os investigadores e equipas dedicadas:
– estuda o impacto do fogo na qualidade do ar, com o desenvolvimento de ferramentas de modulação para prever a dispersão dos poluentes associados aos incêndios;
– faz simulação de fogos florestais e da sua propagação, com modelos meteorológicos acoplados a modelos de propagação de fogos florestais;
– analisa o papel aos insetos como bioindicadores na recuperação da biodiversidade em áreas florestais ardidas;
– estuda o restauro do solo em cenário pós-fogo;
– estima os impactos nos fluxos de carbono e nos recursos hídricos;
– avalia o uso de fogo controlado na gestão dos combustíveis e os seus impactos na produtividade florestal.
Por exemplo, o grupo APM – Atmospheric Process & Modelling, de Alexandra Monteiro, desenvolve trabalho ao nível da monitorização e estimativa das emissões provenientes dos fogos, bem como ao nível da avaliação do seu impacto na qualidade do ar, através de ferramentas de modelação numérica que permitem simular (e prever em tempo quase real) a dispersão e o transporte dos poluentes atmosféricos emitidos pelo fumo dos incêndios.
David Carvalho tem vindo a trabalhar na simulação de fogos florestais e na sua propagação com a ajuda de modelos meteorológicos acoplados a modelos de propagação de fogos florestais. Como existe uma relação próxima e de feedback mútuo entre as condições atmosféricas, a ignição e propagação de fogos florestais, o uso de ferramentas de simulação de fogos que consideram explicitamente e online a atmosfera e solo têm revelado resultados muito promissores e muito mais próximos da realidade do que as metodologias anteriores, que não consideravam de uma forma direta o feedback e interação que os fogos passam para a atmosfera.
Paula Maia tem desenvolvido trabalho de investigação sobre a regeneração da floresta e das comunidades vegetais, após perturbações como incêndios florestais e as problemáticas ecológicas subsequentes como a colonização por espécies invasoras. A investigadora está envolvida em vários projetos nacionais e internacionais de investigação aplicada à gestão e ao restauro ecológico, e tem participado em ações de divulgação para diversos públicos, com destaque para a colaboração com o Centro PINUS.
Olga Ameixa tem vindo a desenvolver investigação na área da biodiversidade entomológica em áreas florestais ardidas no centro do país, em colaboração com a associação Montis. O objetivo do seu trabalho é a utilização dos insetos como bioindicadores da recuperação da biodiversidade após os fogos de 2017. Em paralelo, está a realizar o levantamento da biodiversidade dos insetos na Quinta de São Francisco, em colaboração com o Raiz – Instituto de Investigação da Floresta e Papel.
Também a investigadora Sofia Corticeiro tem desenvolvido o seu trabalho no âmbito da recuperação da floresta em cenários de pós-fogo e na avaliação dos impactos da gestão florestal no solo e na produtividade florestal. Coordena o Projeto FirEProd (2021-2024), que integra uma equipa multidisciplinar experiente, composta por investigadores do CESAM/UA e do RAIZ e que conta com a experiência da Professora Margarida Tomé (ISA) e do Professor Paulo Fernandes (UTAD) como consultores. Refira-se que o FirEProd tem como principais objetivos avaliar o uso do fogo controlado na gestão dos combustíveis e sobrantes florestais e ainda determinar qual o impacte dessa prática no solo e crescimento e produtividade das plantações de eucalipto.
Refira-se, ainda nesta temática, que o CESAM coordena o projeto “FoRES – Development of Forests RESilience to fires in a climate change scenario”, no âmbito do concurso de projetos EEA Grants 2021 – Programa “Ambiente, Alterações Climáticas e Economia de Baixo Carbono”.