Vendidas, em tempos, como merenda de verão junto às praias da zona Centro de Portugal, as camarinhas são bagas brancas com vantagens que vão além do sabor doce. Os primeiros resultados de um estudo liderado pela FCTUC – Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra apontam para propriedades anticancerígenas, tanto da camarinha (fruto), como do arbusto de onde provém, a camarinheira (Corema album), espécie endémica da Península Ibérica.
O estudo testou diferentes extratos da camarinha e de outras partes da camarinheira, de forma a perceber eventuais benefícios terapêuticos contra o cancro. A partir de testes in vitro, os primeiros resultados demonstram que estes extratos têm um efeito positivo na inibição da proliferação de células cancerígenas no cólon.
O passo seguinte da investigação será alargar o foco de aplicação dos extratos de camarinheira em células de outros tipos de cancro. A equipa responsável está a explorar o potencial das diferentes partes da planta. No caso do cancro do cólon, por exemplo, os extratos de folhas de camarinheira demonstraram ser mais eficazes do que as próprias bagas.
Alguns dos efeitos terapêuticos da camarinha já eram conhecidos, como, por exemplo, as suas propriedades antipiréticas (para baixar a febre) e vermicidas (para destruir vermes). Com esta exploração das propriedades anticancerígenas – e de outros potenciais benefícios na saúde humana –, os investigadores esperam contribuir para a recuperação da produção destas bagas, para a preservação do património natural e para reforçar a subsistência de produtores na orla marítima portuguesa.
O estudo está a ser realizado no âmbito do IDEAS4life (Novos IngreDiEntes Alimentares de Plantas MarítimaS), um projeto dedicado à valorização de recursos marinhos endógenos a partir de plantas marítimas e halófitas (plantas terrestres que vivem junto à água). Nestas últimas inclui-se a camarinheira, que só existe no literal atlântico da Península Ibérica, junto às dunas.
A decorrer até 2021, com financiamento da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, o projeto engloba investigadores da Escola Superior Agrária de Coimbra, da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto e do Instituto Superior de Agronomia, além da FCTUC.
A camarinha é uma das bagas comestíveis que podem ser encontradas – e degustadas – em território nacional. Conheça mais sobre esta e outras bagas deliciosas nesta galeria do Florestas.pt.