O mundo mantém-se fora da trajetória traçada para reduzir a desflorestação e travar a perda das florestas primárias até 2030, indica a avaliação da Forest Declaration, no seu relatório de outubro de 2023, dando a conhecer que a perda de áreas florestais a nível mundial se intensificou em 2022.
6,6 milhões de hectares de floresta desapareceram do planeta em 2022. O número é adiantado pelo relatório “Off Track and Falling Behind – Tracking progress on 2030 forest goals” e corresponde à desflorestação global bruta registada. Segundo o documento, as metas estabelecidas para reduzir a desflorestação em 2022 (que previam um limite de perda florestal de 5,4 milhões de hectares) foram ultrapassadas em 21%, deixando o mundo mais longe de alcançar o objetivo de “desflorestação zero” nas florestas primárias (ou naturais) até 2030.
As metas para reduzir a desflorestação até 2030 foram estabelecidas na “Declaração de Nova Iorque para as Florestas” (New York Forest Declaration), durante a Convenção do Clima das Nações Unidas, em 2014, e renovadas em 2021. Para a avaliação dos progressos efetuados, considera-se como ponto de referência (base de comparação) o valor médio da desflorestação registado em 2018-20 (6,77 milhões de hectares) e pressupõe-se que a taxa de desflorestação teria de diminuir 10% a cada ano, de modo a atingir o “zero” em 2030.
Em 2021 a taxa de desflorestação desceu relativamente a 2020, mas o valor foi insuficiente para avançar rumo à meta ambicionada. Em 2022, este indicador voltou a subir (4% acima do ano anterior) e o retrocesso coloca os objetivos para as florestas “ainda mais longe do alcance”, alerta a plataforma Forest Declaration.
Como as metas interinas de 2022 não foram alcançadas, ir ao encontro das que estão estabelecidas para 2023 requer um esforço adicional, pois será necessário reduzir a desflorestação para pelo menos 4,8 milhões de hectares (quase 28% menos do que aconteceu em 2022).
Recorde-se que entre os compromissos assumidos na Declaração de Nova Iorque encontram-se outras metas, além da redução da desflorestação das florestas naturais até 2030. Entre elas, refiram-se objetivos como restaurar e manter 350 milhões de hectares de florestas e zonas naturais degradadas ou reduzir as emissões que decorrem da desflorestação e degradação da floresta, para que o aquecimento global não exceda 1,5ºC. O progresso e o diferencial entre o que tem sido feito e o que é preciso fazer para alcançar os objetivos traçados tem sido reportado pela plataforma Forest Declaration Assessment.