Espécies Invasoras
Controlar espécies invasoras vegetais pode fazer-se através de diferentes métodos físicos, químicos e biológicos. É um processo moroso e dispendioso, que precisa de ser devidamente planeado e implementado a longo prazo para ser efetivo. Idealmente, a melhor solução passa pela prevenção, evitando a introdução de espécies com potencial invasor e a expansão de espécies classificadas como invasoras.
Nas áreas florestais portuguesas, as invasoras vegetais mais problemáticas são espécies lenhosas que se encontram identificadas:
– Háquea-picante (Hakea sericea) e háquea-folhas-de-salgueiro (Hakea salicifolia);
– Ailanto ou espanta-lobos (Ailanthus altissima);
– Pitósporo ou falso-incenso (Pittosporum undulatum).
Estas espécies encontram-se identificadas como invasoras e regulamentadas pelo Decreto-Lei n.º 92/2019, estando a Acacia saligna e a Hakea sericea incluídas também na lista de plantas invasoras que causam preocupação na União Europeia.
Pela grande capacidade de reprodução que têm, podem formar povoamentos densos, impedindo o crescimento de outro tipo de vegetação. Dependendo do local, impactam a biodiversidade (ameaçam espécies nativas e habitats), a economia (por perda de rendimento), a saúde pública (podem provocar doenças e alergias) e o risco de incêndio (pela acumulação de biomassa vegetal).
Pelas suas características de dispersão, não é, normalmente, possível erradicá-las. É, por isso, mais comum falarmos em controlar espécies invasoras (ou combatê-las), pela redução do número de indivíduos e a mitigação dos seus impactes adversos.
Um bom planeamento tem de ser feito a longo prazo, com repetição das ações para que a sua eficiência traga resultados visíveis.
Existem vários métodos de controlo de invasoras, que se dividem três tipologias: físicos (manuais ou mecânicos), químicos e naturais ou biológicos.
– Arranque manual ou com ferramentas: como o nome indica, consiste em controlar espécies invasoras ao arrancar toda a planta, incluindo as raízes. Deve ser feito preferencialmente com o solo húmido, para facilitar o arranque completo da planta. É um método altamente seletivo, que não requer muito equipamento, mas só é eficaz em plantas jovens (que são mais pequenas e fáceis de manusear) e em áreas pouco extensas. É também possível fazer o corte pela base do tronco, mas em espécies que rebentam de raiz, a eficácia desta opção é reduzida.
– Arranque/corte mecânico: neste caso, são usadas máquinas como motorroçadoras, destroçadoras ou tratores com estruturas giratórias ou grades. Este método é mais eficaz quando as áreas invadidas têm grandes dimensões ou as espécies invasoras são em número muito elevado, tornado o arranque manual mais complicado ou inviável. Contudo, além dos impactes no solo (derivados da compactação provocada pelas máquinas, por exemplo), o corte mecânico não impede a regeneração das espécies invasoras por rebentos que voltam a brotar das raízes.
– Descasque: consta da remoção da casca e do câmbio (camada entre a casca e a madeira), num anel à volta de todo o diâmetro da planta, que interrompe o fluxo da seiva elaborada, levando à sua morte e prevenindo a rebentação a partir da base do tronco e/ou das raízes. É aplicável em árvores adultas e recomenda-se que o descasque seja feito no final do inverno ou início da primavera, quando as plantas estão em crescimento ativo. O processo é moroso, já que é necessário esperar que as plantas morram em pé antes de as remover.
Os métodos químicos para controlar espécies invasoras requerem a utilização de produtos fitofarmacêuticos que estejam autorizados pela legislação portuguesa e sua aplicação só pode ser feita por profissionais certificados (de acordo com normas e boas práticas).
– Pulverização: é feita diretamente sobre as plantas. É eficaz em plantas jovens e quando feito nas alturas de maior crescimento, mas existe o risco de atingir outras espécies.
– Injeção no tronco: o herbicida é aplicado diretamente no câmbio da planta, através de um furo no tronco. Esta injeção adequa-se a árvores já com alguma dimensão e é eficaz especialmente quando é feita por dois operadores profissionais (um para fazer o furo no tronco e o outro para aplicar o herbicida). Em resultado, evitam-se rebentamentos de toiça (touça ou cepo) ou de raiz, e o processo acaba por levar à morte da árvore em pé.
– Corte e aplicação no cepo: indicado para espécies que rebentem de toiça, implica o corte do tronco o mais perto possível do solo, seguido pelo pincelamento do fitofarmacêutico na toiça (especialmente na periferia, onde se encontra o câmbio). É eficaz, mas trabalhoso e dispendioso.
– Controlo biológico: utiliza inimigos naturais, provenientes das mesmas regiões de origem das espécies invasoras, como insetos que causam galhas, gorgulhos que comem sementes ou larvas que comem folhas. É muito seletivo, mas é um método ainda pouco usado na Europa, que implica vários testes e cujos resultados podem ser demorados. Em Portugal ainda só existe um agente de controlo biológico autorizado para a acácia-de-espigas, o inseto Trichilogaster acaciaelongifoliae.
– Pastoreio: a utilização de animais pode ajudar a diminuir a altura e a densidade da vegetação em áreas densamente cobertas por invasoras. Visto que os animais preferem as folhas mais jovens, podem ajudar a controlar os rebentos, mas há que ter atenção para proteger as espécies que não queremos que sejam consumidas e também para proteger os animais da toxicidade de algumas plantas.
– Fogo controlado: é uma técnica de baixo custo para reduzir parte das sementes existentes no solo e eliminar vegetação (embora elimine tanto as espécies invasoras, como as outras). Em certos casos, de espécies adaptadas ao fogo, pode contribuir para aumentar a invasão. Só pode ser feito por pessoal especializado.
De ressalvar que nenhum método isolado é 100% eficaz em controlar espécies invasoras, eliminando completamente as que já estão instaladas. Por exemplo, o arranque das plantas e o descasque podem deixar sementes no solo que precisam de ser eliminadas ou o fogo controlado pode dar origem à germinação de rebentos que vão precisar de ser removidos posteriormente. Assim, é preciso monitorizar periodicamente as áreas intervencionadas para evitar novas invasões.
Pode consultar mais informação sobre os métodos de controlo de plantas invasoras lenhosas mais adequados a diferentes espécies:
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As consequências das plantas invasoras vão além da ameaça ecológica, podendo a sua disseminação originar custos avultados, perturbações em atividades económicas e até doenças. Em Portugal, a acácia é uma das plantas invasoras mais disseminada.
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