Mais representativos entre os projetos e ideias apoiados são aqueles que procuram desenvolver novas aplicações e produtos com base em materiais vegetais, desde cardos a bolotas, muitos deles endógenos das regiões interiores que se pretendem dinamizar.
O Pharmastar é um deles. Trata-se de um “projeto de I&D mobilizador” que se propõe desenvolver, a partir de matérias-primas naturais endógenas do Parque Nacional da Serra Estrela (PNSE), novas formulações farmacêuticas, suplementação alimentar e sistemas inovadores de entrega de fármacos para prevenir e tratar a diabetes.
“A diversidade botânica do PNSE ainda está pouco estudada”, afirma o investigador responsável pelo projeto, do Instituto Politécnico da Guarda, Luís da Silva, sendo este “um ecossistema natural rico em compostos bioativos com elevado potencial antidiabético”.
Desse ecossistema destacam-se as bolotas do carvalho, do sobreiro e da azinheira e o própolis (substância produzida pelas abelhas e que reveste os favos) como alguns exemplos de matérias-primas cujos princípios bioativos apresentam potencial antidiabético.
Depois do mapeamento e recolha das plantas terão início os ensaios, analisando os compostos bioativos das plantas para identificar os que apresentem maior potencial antidiabético. Após esta etapa, serão desenvolvidas as fórmulas sólidas. Por fim, decorrem os ensaios: além de ensaios in silico, isto é, através de simulação em computador, também será feita a avaliação em humanos, com a colaboração da Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP), que comprovarão a viabilidade das formulações criadas.
Este projeto nasce do Centro de Potencial e Inovação de Recursos Naturais (CPIRN) do Instituto Politécnico da Guarda e foi proposto ao programa Promove pelo parceiro Centro de Recursos Naturais e Ambiente (CERENA), do Instituto Superior Técnico (IST). O projeto Pharmastar envolve também a colaboração do iMed – Research Institute for Medicines da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa (FFUL).
Além deste projeto, outros partem igualmente do potencial dos recursos naturais do país para encontrar soluções para questões em áreas que vão da saúde à indústria têxtil, passando pela alimentar:
- Plants4Aging: centra-se na criação de um produto baseado em plantas aromáticas e medicinais que contribua para mitigar o envelhecimento cardiovascular. O “projeto de I&D mobilizador” é do Center for Innovative Biomedicine and Biotechnology (CIBB), da Universidade de Coimbra, e dirige-se à região de Castelo Branco.
- ChestFilm: quer valorizar os resíduos sólidos do processamento das castanhas, através do respetivo fracionamento e caracterização de compostos, para extração de biopolímeros e preparação de películas biodegradáveis. O “projeto de I&D mobilizador” é do Laboratório Associado para a Química Verde – Tecnologias e Processos Limpos (LAQV-REQUIMTE) e dirige-se ao município de Bragança.
- TRAMONTE: quer desenvolver novas soluções para nutrição animal, assim como fitofármacos e agrofármacos verdes, a partir da espécie Sorbus aucuparia, mais conhecida como tramazeira e abundante na região transmontana. Este é um “projeto de I&D mobilizador” do Instituto Superior Técnico – Instituto de Bioengenharia e Biociências (IBB) que quer beneficiar o município de Bragança.
- Forest2Fabric – o “projeto-piloto inovador” quer valorizar a bolota como agente antimicrobiano de aplicação na indústria têxtil, apoiando a sustentabilidade florestal e a dinâmica económica da região de Trás-os-Montes. A proposta é da Célula Peculiar.
- Nature4Food: a “ideia com potencial” nasceu pela mão de investigadores do Instituto Politécnico de Bragança e passa pela avaliação de extratos de plantas locais para aplicação em produtos alimentares, como corantes e conservantes naturais e funcionais.
- DIAMA – também no âmbito de projetos de investigação de alunos do Instituto Politécnico de Bragança está a ser prosseguida a “ideia com potencial” de valorizar diferentes partes da exótica amaranto (um cereal sem glúten) como ingredientes para incorporação em novos produtos alimentares naturais.
- SweetProBeira: alunos da Universidade da Beira Interior tiveram a “ideia com potencial” de desenvolver um novo protetor solar de base natural a partir de resíduos de várias culturas comuns nas Beiras e Serra da Estrela, como a cereja, a amêndoa e a azeitona.
- CYN.BIO-SE: a utilização das flores dos cardos como coagulantes na produção de queijos e o aproveitamento do caule destas plantas para a produção de papel e cartão são duas faces da “ideia com potencial” proposta por estudantes da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.