Recursos Naturais
A conservação dos recursos genéticos florestais pode ser feita de diferentes formas: in situ, ex situ, de forma estática ou dinâmica. Os recursos florestais genéticos tendem a ser conservados in situ de forma dinâmica, ou seja, a conservação é feita no local, mantendo-se não só as árvores, mas todos os organismos que lhes estão associados.
Quando a conservação é feita fora dos espaços florestais, em bancos de sementes, por exemplo, a conservação é ex situ e estática, pois está a manter-se o potencial genético existente. Quando a conservação é feita em estufas ou plantações, a conservação já é dinâmica, pois permite que as espécies evoluam, ainda que fora do seu ambiente natural.
A conservação dos recursos genéticos florestais requer que se conciliem áreas de floresta dedicadas à conservação dos recursos genéticos (in situ), estruturas exteriores que permitam a conservação fora dos ecossistemas (ex situ) e que se harmonize uma abordagem estática de conservação do património genético existente com uma abordagem dinâmica de promoção da sua diversidade e adaptação. Esta ideia está explícita na Estratégia Europeia para os Recursos Genéticos Florestais, publicada pelo EUFORGEN – Programa Europeu de Recursos Genéticos Florestais, que explica:
Abordagem In Situ – feita no espaço florestal, permite a interação e evolução dos fatores e forças que caracterizam as áreas florestais, promovendo o processo natural de reprodução, adaptação e seleção das árvores e suas populações.
Esta abordagem deve ser implementada em áreas florestais delimitadas e mapeadas – Unidades Genéticas de Conservação, nas quais a gestão florestal tem como objetivo principal conservar os recursos genéticos (e respetiva diversidade) de uma ou mais espécies de árvores.
A monitorização destas Unidades Genéticas de Conservação é vital para conhecer o estado das populações das diferentes espécies e as mudanças por elas registadas, de modo a determinar a necessidade (ou não) de uma intervenção ativa e dinâmica.
Abordagem Ex situ – feita fora do espaço florestal, normalmente, em viveiros e bancos genéticos, por exemplo, bancos de germoplasma.
Estas estruturas permitem guardar coleções de materiais genéticos diversos, aos quais se pode recorrer caso seja necessário material reprodutivo para restabelecer uma população numa zona florestal ou quando algum evento extremo (como um incêndio) destrói a população no seu local original. Permitem também estudar, multiplicar e desenvolver materiais genéticos melhorados, com melhor adaptabilidade às mudanças e condições ambientais que se antecipam no futuro.
A avaliação dos materiais genéticos preservados ex situ deve ser contínua, assegurando que se mantêm viáveis para regressar à natureza.
O reconhecimento de que é importante conservar recursos genéticos florestais reforçou-se nos anos 80 do século XX, altura em que vários países europeus começaram a integrar esta preocupação nas suas políticas florestais.
Na década seguinte, estabeleceu-se que a conservação deveria ser feita de forma colaborativa a nível europeu. Em resultado fundou-se o EUFORGEN – Programa Europeu de Recursos Genéticos Florestais. Foram estabelecidos os primeiros ‘campos piloto’ e começou a recolha de informação sobre várias espécies, em diferentes países, com o intuito de melhorar a decisão, as estratégias e as práticas de gestão destes importantes recursos.
Cada Estado que definiu programas locais de conservação pode aderir a este programa europeu e contribuir com a sua informação para esta partilha de conhecimento entre investigadores, decisores e gestores florestais.
Com o objetivo de conservar os recursos genéticos florestais (e o seu melhoramento) e assegurar representação no EUFORGEN, Portugal estabeleceu, em 2015, o Programa Operacional da Administração Pública para a Conservação e Melhoramento dos Recursos Genéticos Florestais (PROGEN). No âmbito deste programa, definiram-se áreas e populações específicas de conservação genética in situ em Portugal, assim como campos de ensaios genéticos, privilegiando quatro espécies: pinheiro-bravo, pinheiro-manso, sobreiro e castanheiro. Embora prossiga, este programa dispõe de poucos recursos.
A nível nacional, o INIAV – Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária é a instituição responsável pelo estabelecimento e desenvolvimento dos programas de melhoramento e de conservação genética para as espécies florestais. Em julho de 2022, Portugal passou a estar representado no EUFORGEN por Isabel Carrasquinho, investigadora do INIAV.
O INIAV é também a entidade responsável pelo Laboratório de Sementes dirigido aos sistemas florestais, com competências na certificação e qualidade das sementes, assim como em análises e comportamento germinativo de grande variedade das sementes das espécies florestais presentes no nosso território.
Também o CENASEF – Centro Nacional de Sementes Florestais (de Portugal), gerido pelo ICNF – Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, recolhe e reproduz sementes e plantas de cerca de 80 espécies florestais, maioritariamente autóctones, que estão disponíveis para abastecer os viveiros estatais e para aquisição por particulares (para ações de florestação e reflorestação).