Glossário

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Aceiros

(do fenício hsr – área cercada)

Faixas de terreno destinadas à passagem de pessoas e que interrompem a continuidade da vegetação, ajudam a travar a propagação do fogo e facilitam operações de combate a incêndios. São desbastadas de vegetação e biomassa residual, estando normalmente incluídas na estratégia de combate a incêndios no âmbito das faixas de gestão de combustível. Têm normalmente cinco metros de largura, pelo menos.

Adaptação

(do latim adaptare – ajustar, tornar capaz de)

Capacidade de um organismo se acomodar a uma nova situação. Em biologia, adaptações são as características dos organismos que lhes permitem sobreviver e reproduzir-se melhor no seu ambiente, como a cortiça (que protege o sobreiro), as folhas espessas de muitas espécies mediterrânicas (que impedem o excesso de respiração) ou os espinhos (que evitam o consumo por animais).

Adernal

Habitat raro, em que a espécie aderno-de-folhas-estreitas ou lentisco (Phillryea latifolia) é a mais comum, embora existam também outras árvores, arbustos e ervas. Na Europa, o único local identificado em que o aderno assume porte aéreo dominante situa-se na chamada “Floresta Relíquia”, no extremo sudoeste da Mata Nacional do Buçaco, uma zona mais pedregosa, alta e de maiores declives. Em algumas áreas desta “Floresta Relíquia”, o aderno predomina e forma povoamentos praticamente puros, que surgem como um bosque de copas densas, enquanto noutras é acompanhado por medronheiros, loureiros, azevinhos e carvalhos. 

Agente biótico nocivo

Microrganismo ou invertebrado com comportamento epidémico ou caráter de praga para vegetais ou produtos vegetais. A listagem de agentes bióticos nocivos existentes em Portugal Continental e na União Europeia consta no Programa Operacional de Sanidade Florestal (POSF).

Água azul

Expressão utilizada para designar as águas superficiais ou subterrâneas. A sua designação vem da diferenciação entre a água que se pode encontrar em rios, lagos, ribeiros ou aquíferos e a água (verde) que está associada às plantas.

Água verde

Expressão utilizada para designar a água proveniente da chuva que se acumula no solo, mas que não chega a atingir os rios, lagos ou aquíferos, porque é utilizada pelas plantas. A maior parte desta água volta à atmosfera pela transpiração das plantas e pela evaporação da sua superfície e do solo.

Alelo

Do grego allḗlōn – mutuamente, um ao outro, com o sentido de um em relação ao outro

Alelos são formas alternativas de um mesmo gene. Um descendente herda alelos de um mesmo gene do seu pai e da sua mãe, sendo que existem alelos dominantes que se sobrepõe a alelos recessivos. Por exemplo, nos alelos que determinam a cor dos olhos, castanho é dominante e verde e azul são recessivos. Isto significa que quem herda pelo menos um alelo castanho vai ter olhos castanhos e só quem herda dois alelos azuis ou verdes é que terá olhos dessa cor.

A descoberta de que um mesmo gene pode ter variações (alelos) que se transmitem às futuras gerações de forma não aleatória data do século XIX e foi feita por Gregor Mendel (1822-1884). Este frade, biólogo, botânico e meteorologista austríaco que se tornou o “pai da genética moderna” estudou plantas de ervilha (Pisum sativum) e como as suas características se expressavam de pais para filhos ao longo de vários cruzamentos (gerações). Assim percebeu que havia pares de alelos de um mesmo gene herdados dos progenitores e que uns eram dominantes, ou seja, visíveis nas gerações seguintes e outros recessivos (que não se manifestam).

A expressão dos alelos recebidos dos progenitores é responsável pelas características dos seus descendentes. Assim, o conjunto de alelos corresponde ao genótipo e a forma como se expressam determina o fenótipo, ou seja, as características visíveis.

Alto-fuste

(latim fusta – pau) 

Processo de condução de um povoamento florestal resultante de plantação ou sementeira em que as árvores crescem, normalmente, com apenas um tronco, por oposição ao regime de talhadia, em que se cortam as árvores para produzir uma série de varas. 

Aluvião

(do latim alluvium – esfregado, lavado contra)

Depósito de sedimentos de areia, cascalho ou lamas em zonas fluviais ou de estuário. Os sedimentos são provenientes da destruição de rochas e transportados pelas águas correntes, acabando por ficar depositados ao longo do sistema fluvial, especialmente nas planícies de inundação. Estas zonas, pela acumulação dos materiais arrastados, tendem a ser mais férteis e as mais procuradas para a agricultura.

Pode também ser usado como sinónimo de inundação.

Amadia / cortiça de reprodução

Nome dado à cortiça extraída a partir do terceiro descortiçamento. A cortiça amadia já apresenta propriedades adequadas à produção de rolhas de qualidade, enquanto as anteriores (da primeira e segunda extração) são aproveitadas para outros usos, como pavimentos, moda ou construção. A partir desta terceira tiragem, a cortiça é extraída a cada nove anos.

Angiospérmicas

(do grego angeios – bolsa e sperma – semente)

Plantas que possuem flores e sementes protegidas por frutos. Trata-se do maior grupo de plantas, englobando cerca de 230 mil espécies.

Aquénio

Do grego a – sem + khaínein – abrir, ou seja, que não se abre

Um dos vários tipos de frutos existentes. Neste caso, é um fruto seco, com uma só semente que não se encontra envolvida por uma polpa carnuda (ao contrário das cerejas ou dos pêssegos). O fruto e a semente confundem-se e não há necessidade de o fruto se de abrir para libertar a semente. Alguns exemplos de aquénios são as bolotas, a castanha de caju e as sementes dos morangos (que são os verdadeiros frutos do morangueiro). A parte carnuda que se come é, na realidade, um pseudofruto que serve de base a múltiplos aquénios.

Aquífero

do latim aqua – água e ferre – levar, transportar

Um aquífero é uma reserva subterrânea de água que se formou devido às características das rochas. Os aquíferos são, assim, formações geológicas (rochosas) subterrâneas, com uma estrutura porosa que permite a penetração e acumulação da água no subsolo. Para aí chegar, a água das chuvas passa por rochas com características porosas e permeáveis, que são capazes de reter uma parte e permitir a mobilidade de outra parte, indo esta água alimentar nascentes de rios, lagos e outros cursos de água. Durante o percurso por entre rochas com diferentes características de porosidade, a água é filtrada de parte significativa das suas impurezas.

Arborização

É uma das duas categorias de plantação de árvores, a par da reflorestação. Significa plantar árvores em locais onde não existiam antes ou onde quase não havia floresta anteriormente.

Área protegida

Área em que a fauna (os animais), a flora (as plantas), a paisagem, os ecossistemas ou outras ocupações naturais apresentam – pela sua raridade, valor ecológico ou paisagístico –, uma importância científica, cultural e social que exige medidas específicas de conservação e gestão, para preservar os recursos naturais e valorizar o património natural e construído. As áreas protegidas em Portugal incluem Parques Nacionais, Parques Naturais, Reservas Naturais, Monumentos Naturais, Sítios Classificados e Paisagens Protegidas. 

Áreas naturais

A expressão “áreas naturais” costuma ser aplicada a áreas com baixa intervenção humana. Contudo, a sua definição não é estanque, uma vez que diferentes organizações e estudos consideram pressupostos diversos. Mais transversal é a ideia de que estas áreas pouco alteradas pela ação humana são importantes para manter a regulação dos ciclos do planeta – ciclo da água e do carbono, por exemplo – que asseguram o fornecimento de serviços naturais ou serviços do ecossistema, essenciais à vida e à diversidade biológica.

Arrifes

Faixas ou linhas de compartimentação florestal de segunda ordem (os aceiros são considerados de primeira ordem). Com menos de cinco metros de largura, fazem parte da rede divisional de faixas sem vegetação que dividem as explorações em unidades individuais. Podem estar, como os aceiros, incluídas na estratégia de combate a incêndios no âmbito das faixas de gestão de combustível.

Artrópodes

Do grego arthros – articulado; e podos – pés

Os artrópodes são animais invertebrados (sem coluna vertebral) com vários pares de patas ou apêndices articulados e cobertos por um exoesqueleto resistente que lhes protege o corpo. Incluem animais tão diversos como gafanhotos, caranguejos, aranhas e centopeias.

Os artrópodes são o maior grupo de animais existente, constituindo mais de três quartos das espécies animais identificadas. Têm grande importância por incluírem organismos polinizadores (como abelhas, borboletas e gafanhotos, por exemplo) e porque há. entre eles. vários organismos venenosos e que são veículos de transmissão de doenças.

Incluem diferentes classes: insectos, a mais numerosa; aracnídeos; crustáceos, diplópodes (Marias-café, por exemplo) e quilópodes (centopeias, por exemplo).

Árvore

(do latim arbŏre)

Planta de caule lenhoso (capaz de produzir madeira) que forma ramos acima do nível do solo. Pelas suas características ou forma de exploração, atinge porte arbóreo, ou seja, altura superior a cinco metros.

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Bacia hidrográfica

Também chamada de área de drenagem de um curso de água (bacia hidrográfica do Tejo ou do Sado, por exemplo), uma bacia hidrográfica é uma área na qual, devido a características do relevo e da geografia, toda a água da chuva que cai no solo se vai dirigir para um mesmo rio e seus afluentes. Cada rio tem a sua bacia hidrográfica, que é delimitada pelos cumes e elevações – linhas de cumeada das zonas mais elevadas ou montanhosas -, que rodeiam todos os afluentes do rio até que este desagua no oceano.

Baldios

do árabe batil – vão, inútil; do árabe baladi – árido, inculto; do germânico baldo – inútil, carecido

A origem desta palavra está associada a terrenos sem valor e com pouca capacidade produtiva. Apesar deste sentido, atribuído a terrenos sem pertença definida, os baldios tiveram historicamente grande importância para a subsistência das populações rurais, em especial serranas, pois eram usados pelas comunidades para pastorear o gado, recolher forragem, madeira, alimentos silvestres, assim como para caçar e pescar. Atualmente estão definidos como terrenos comunitários, possuídos e geridos por comunidades locais.

Biocapacidade ou capacidade biológica

(do grego bios – vida + capacidade, do latim capacitas – largura, amplitude, capacidade)

Capacidade que uma área tem de produzir recursos e de absorver e/ou filtrar os resíduos produzidos, considerando as práticas de gestão e extração atuais. Podemos falar em biocapacidade do planeta, de uma região ou país, em termos globais ou por pessoa (per capita). Por exemplo, pode calcular-se a biocapacidade do país per capita ao dividir a biocapacidade desse país pelo seu número total de habitantes.

A biocapacidade é também a medida com a qual se compara a pegada ecológica. Sempre que a pegada ecológica é maior do que a biocapacidade, estamos a usar mais recursos do que aqueles que o planeta consegue regenerar, ou seja, estamos a consumir mais recursos do que aqueles que o planeta tem disponíveis (défice). A situação contrária também se coloca (excedente).

Biocombustíveis

(do grego bios – vida e latim comburere: com – junto e urere – queimar)

Combustíveis de origem biológica não fóssil, produzidos através de material vegetal que não sofreu processo de fossilização. Alguns exemplos são a lenha e outros tipos de biomassa, o álcool etanol ou o biodiesel.

Biocompósitos

(do grego bios – vida e do latim compositus combinado, disposto convenientemente)

Materiais compostos por mais do que uma matéria-prima, e em que pelo menos uma é de origem biológica. Embora o termo se tenha generalizado no século XX, desde as civilizações antigas que a humanidade cria biocompósitos: a mistura de terra barrenta e húmida com palha, utilizada na construção há milénios, é um exemplo.

Nos biocompósitos, as matérias-primas conjugam-se com desempenho superior ao que apresentariam individualmente. Na junção dos materiais, um deles funciona como matriz e é responsável pela estrutura do composto, enquanto o outro ou outros, realçam propriedades específicas (químicas ou físicas), como a resistência ou a flexibilidade, por exemplo.

Biodiversidade

(do grego bios – vida e latim diversitas – variedade)

Riqueza e variedade de formas de vida, constituída pelas espécies e/ou populações de animais, vegetais e microrganismos numa determinada área.

Bioeconomia

(do grego bios – vida + economia)

A economia é a ciência que faz a análise da produção, consumo e distribuição de bens e serviços. Quando se junta a componente bio-, introduzimos conceitos biológicos. Existem muitas definições de bioeconomia, mas todas envolvem a produção de bens a partir de recursos biológicos renováveis de forma sustentável, ou seja, economicamente viável, ambientalmente responsável e socialmente aceite.

A bioeconomia promove a valorização dos serviços do ecossistema e a utilização de matérias-primas naturais, renováveis e de origem não fóssil, como as florestas, animais, plantas e até microrganismos, para o desenvolvimento, produção e comercialização de novos e renovados produtos – os bioprodutos.

Bioeconomia circular

bioeconomia: (do grego bios – vida + economia)
circular: (do latim circulus, diminutivo de circus – círculo e relacionado com o grego kyklos – círculo ou sua forma)

Este conceito, ao integrar as sinergias da economia circular e da bioeconomia, potencia a utilização de recursos biológicos renováveis ao mesmo tempo que aumenta a eficiência da sua utilização, através de circuitos circulares e tendencialmente fechados, que produzem o mínimo de impactes ambientais e resíduos.

Bioenergia

(do grego bios – vida e energeia – operação, atividade)

Energia renovável obtida a partir de biomassa.

Bioma

do grego bios – clima e onda – massa ou grupo

Biomas são grandes conjuntos de comunidades interligadas que partilham características físicas, biológicas e climáticas e se caracterizam por um tipo dominante de vegetação. A floresta tropical, os desertos, a savana e o Mediterrâneo são alguns dos biomas existentes.

Biomassa

Matéria orgânica produzida e/ou acumulada num ser vivo ou num ecossistema.

Biomassa (vegetal)

Material orgânico existente em todas as plantas. À medida que as plantas crescem, a fotossíntese utiliza luz solar para transformar dióxido de carbono em hidratos de carbono (açúcares e celulose), portanto pode dizer-se que a biomassa é definida como energia solar armazenada sob a forma orgânica.

Biomassa florestal residual

Matéria biodegradável que pode ser aproveitada na produção de energia ou aplicada em novos biomateriais e bioprodutos. Pelo seu caráter combustível, pode ser facilmente consumida pelo fogo e alimentar os incêndios florestais. Excluindo a madeira, a biomassa florestal residual engloba:

  • os materiais resultantes de limpezas, como ramos e bicadas (topo/ramos mais altos das árvores);
  • os matos com origem em operações de gestão de combustível;
  • material resultante de extração e/ou destroçamento de toiças (base do tronco e raiz que fica após o corte);
  • madeira sem valor comercial de áreas ardidas ou de espécies invasoras como acácias;
  • culturas energéticas florestais e agroflorestais em curtas rotações de pequeno diâmetro;
  • resíduos e desperdícios de unidades de transformação de madeira que não podem ser reciclados ou reutilizados.

Biorrefinaria

refinar: (do latim refinare – tornar fino, apurar, de re – de novo + finus – delicado, apurado)

Unidade industrial que tem como objetivo a conversão de biomassa em novos produtos. A Agência Internacional de Energia define biorrefinarias como as estruturas nas quais se faz o processamento sustentável de biomassa em bioenergia (biocombustíveis, eletricidade e/ou calor) e bioprodutos (alimentos, rações, químicos, biomateriais).

Bosquete

Pequeno núcleo de árvores.

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Caducifólias

(do latim caducu – que cai e folium – folha)

Plantas ou árvores que perdem todas as folhas no Outono e as renovam na Primavera, como é o caso de alguns carvalhos, das nogueiras ou das faias.

Carga de combustível

Quantidade de biomassa por unidade de área. Embora seja normalmente associada à vegetação arbustiva/matos, a carga de combustível inclui todo o material que possa alimentar o fogo, como a folhada, material lenhoso caído e as folhas das árvores. A energia libertada por um fogo é tanto mais elevada quanto maior for a carga de combustível.

Castinçal

castinço: (do latim castanicĕu – castanheiro, semelhante ao castanheiro)

Mata de castinceiros, ou seja, de castanheiros bravos. Refere um povoamento de castanheiros para produção de madeira onde se usam castanheiros bravos (não enxertados).

Se os castanheiros forem enxertados e o objetivo for a produção de castanhas, o povoamento é denominado de souto. Embora utilizem a mesma espécie (Castanea sativa Mill.), castinçal e souto diferem com a forma de condução e o objetivo do povoamento.

Povoamentos com densidades elevadas de castanheiros podem ser usados para a produção de varas, usadas na cestaria.

Celulose

Palavra criada em 1835, pelo químico Anselme Payen, a partir do latim cellula, diminutivo de cella – compartimento, peça.

A celulose é uma molécula formada por uma cadeia complexa de açúcares, a glicose. É o polímero natural mais abundante no planeta, estando presente em quase todos os seres do reino vegetal. É o principal componente da parede celular das plantas onde desempenha uma função estrutural. É também um dos componentes da madeira e a matéria-prima responsável pela criação do papel. A fórmula química da celulose foi determinada em 1838 pelo químico francês Anselme Payen. Numa das suas experiências, após tratar a madeira com ácido nítrico e soda cáustica, obteve dois produtos diferentes: uma substância fibrosa a que deu o nome de celulose e um outro material, com um teor mais elevado de carbono, que viria a ser mais tarde conhecido como lenhina.

Certificação florestal

Sistema de acreditação da gestão florestal que garante que determinados critérios ambientais, sociais e económicos obedecem a um padrão de qualidade e transparência cuja validação é da responsabilidade de auditorias independentes. Em Portugal, existem dois programas de certificação florestal.

Ciclo biogeoquímico

Percurso cíclico realizado pelos elementos químicos essenciais à vida, como o carbono, o oxigénio, a água, o fósforo ou o azoto. Nestes ciclos, os elementos químicos são sistematicamente absorvidos e reciclados por organismos vivos, pela água, ar ou solo. No caso do ciclo do carbono, este pode ser encontrado na atmosfera sob a forma de dióxido de carbono, que é libertado pelos seres vivos (respiração) ou resultado da decomposição e combustão da matéria orgânica. Passa depois a circular na atmosfera ou é retido em sumidouros naturais de carbono, como plantas, oceanos ou o próprio solo. 

CO2 equivalente

Medida internacional que expressa a quantidade de gases com efeito de estufa (GEE) emitidos em termos equivalentes da quantidade de dióxido de carbono (CO2). As emissões de outros GEE que não o CO2, como o metano ou o óxido nitroso, são transformadas em valores equivalentes de CO2 para que se consiga somar as emissões de todos os gases e obter um valor global.

 

Cogeração

Tecnologia/processo de produção que permite produzir, em simultâneo, duas formas de energia.  O processo mais comum compreende a produção simultânea de energia elétrica e energia térmica (calor) a partir de biomassa ou gás natural. 

Cogeração (central de)

Estrutura que produz energia elétrica e energia térmica utilizando o processo de cogeração.

Condições edafoclimáticas

Características do meio relativas ao solo e ao clima, que incluem o tipo de solo, o relevo, a temperatura, a precipitação, o vento, a humidade do ar e a radiação solar.

Coníferas

(do latim conifer – que produz frutos de forma cónica)

Designação dada às plantas gimnospérmicas da divisão Coniferophyta (ou Pinophyta), englobando árvores e alguns arbustos. As suas folhas, normalmente verde escuras, têm a forma de agulhas ou escamas. São as plantas capazes de viver mais tempo, com destaque para os Pinus longaeva e as sequoias.

Consumo intermédio

Consumo de bens para ulterior transformação pelas empresas até se transformar em produto para consumo final. Calcula-se a partir do valor total do custo das mercadorias vendidas e das matérias consumidas, dos fornecimentos e serviços externos e dos impostos indiretos.

Consumo Interno de Materiais (CIM)

Quantidade total de materiais utilizada diretamente por uma dada economia, excluindo o ar e a água, mas incluindo a água contida nos materiais. É um indicador da intensidade de utilização dos recursos naturais por parte da economia e permite avaliar a eficiência na sua utilização.

Contrafogo

Uso do fogo ao longo de zonas de apoio, na frente de incêndio, com o objetivo de provocar a interação das duas frentes de fogo e a alterar a direção da sua propagação ou levar à extinção da frente de incêndio.

Convenção de Ramsar

Convenção sobre Zonas Húmidas, adotada a 2 de fevereiro de 1971 na cidade iraniana de Ramsar, e que se constituiu como o primeiro tratado global de conservação. Além de definir “zonas húmidas” (onde se incluem zonas terrestres, costeiras e marinhas, incluindo lagoas, pauis, sapais pântanos, mangais, rias, estuários, ilhéus e fajãs, entre outras), a convenção “obriga” os países signatários a designar Zonas Húmidas de Importância Internacional que têm que ser geridos, protegidos e conservados. A classificação das zonas húmidas como “Sítios Ramsar” pressupõe critérios ou valores de representatividade, especificidade e biodiversidade.

Copa

Parte aérea da planta, composta pelo conjunto de todas as ramificações, folhas, flores e frutos.

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Degradação (das florestas)

Redução da qualidade de elementos específicos da floresta que levam à diminuição da sua capacidade de fornecer produtos e serviços. Uma floresta degradada significa que foi afetada por danos decorrentes de atividades humanas ou causas naturais como fogos, pragas/doenças ou alterações climáticas.

Desertificação

(a partir de deserto, do latim desertum – coisa abandonada)

De acordo com as Nações Unidas, desertificação corresponde à degradação do solo, da paisagem e do sistema bio-produtivo terrestre, em áreas áridas, semi-áridas e sub-húmidas, que resulta de vários factores, incluindo alterações climáticas e atividades humanas.

A desertificação é então a perda de fertilidade do solo, pela destruição da sua estrutura e composição, que acaba por levar ao declínio da agricultura e à diminuição das espécies naturais existentes, dando origem a uma paisagem correspondente à dos desertos. O risco de desertificação tem aumentado com o aquecimento global decorrente das alterações climáticas.

Desflorestação / desmatamento

Destruição permanente de florestas e zonas florestadas e sua conversão para outros usos não florestais, como agricultura, pastagens ou áreas urbanas. 

Deteção remota

Técnicas baseadas na emissão e reflexão de energia, que permitem obter informação sobre a superfície da terra à distância, ou seja, sem entrar em contacto com ela. Alguns exemplos destas técnicas são fotografias aéreas e imagens de satélite. O seu funcionamento assemelha-se ao do sonar dos morcegos ou dos submarinos. Uma fonte de energia eletromagnética emite na direção do alvo, a energia interage com o alvo, regressando depois a um sensor que recolhe e grava a radiação. Essa informação é depois processada e interpretada, de forma a dar origem a uma imagem.

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Economia circular

economia: (do latim oeconomĭa que deriva do grego οἰκονομία – administração de uma casa, de oikos (pronuncia-se “écos”) – casa + nomos – lei)

circular: (do latim circulus, diminutivo de circus – círculo e relacionado com o grego Kyklos – círculo ou sua forma)

Conceito estratégico que assenta na redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia. Substitui o conceito de fim-de-vida (de um produto) característico da economia linear por novos fluxos circulares que permitem restaurar, reciclar e reutilizar através de processo integrado. A economia circular é um elemento chave para promover o crescimento económico sem que este implique o aumento do consumo de recursos.

Ecossistema

(do grego oikos – casa e sistema)

Define o conjunto dinâmico de todos os seres vivos que habitam uma região e os fatores abióticos que os influenciam, como é o caso da luz, da chuva, da temperatura, da radiação, do vento ou da composição do solo.

Entomologia

Do grego entomon – inseto e logos – estudo.

A entomologia é uma área da biologia que estuda os insetos, as suas caraterísticas físicas, comportamentais e reprodutivas, assim como as relações que estabelecem entre si, com outros animais, plantas e o meio em geral. É uma área de conhecimento que se cruza com muitas outras, incluindo a ecologia, a fisiologia, a genética, a taxonomia ou a toxicologia.

Existem várias áreas na entomologia, incluindo a entomologia agrícola (que estuda pragas e doenças das culturas e a forma de as controlar), a entomologia florestal (que se foca nas pragas e doenças florestais), a entomologia médica (que se foca em parasitas humanos e vetores de doenças, como os piolhos ou os mosquitos) ou a entomologia forense, que estuda a biologia e as fases de vidas dos insetos para ajudar a estimar datas ou causas de morte.

Enxertia

do latim insertare, a partir de inserere: in – em e serere – unir, atar

É uma técnica de reprodução/multiplicação que consiste em juntar partes de duas plantas que passam a formar uma só. A parte de baixo, denominada por porta-enxerto ou cavalo, vai contribuir com o sistema radicular e a parte de cima, o enxerto ou cavaleiro, vai ter as características desejadas, normalmente a frutificação. É uma técnica muito usada na produção de frutos, como o pinhão, em que se enxertam garfos de árvores em produção em plantas jovens para antecipar a produção de pinhas.

É também uma técnica usada para propagar indivíduos com determinadas características. Foi usada, por exemplo, na altura da praga de filoxera na Europa, em que se enxertavam vinhas europeias em porta-enxertos de castas americanas resistentes à filoxera para se conseguir que as videiras europeias resistissem.

Epífitas

Do grego epi – em cima e phyto – planta

São plantas que vivem sobre outras plantas, usando-as como suporte e sem parasitarem ou prejudicarem o seu desenvolvimento. Alguns exemplos de epífitas terrestres são as samambaias, o cato flor-de-maio, as bromélias ou as orquídeas.

Equivalente a tempo completo (emprego)

Indicador económico que reflete os empregos que existiriam se todos os empregados trabalhassem a tempo completo. É definido como o total de horas trabalhadas divididas pela média anual de horas trabalhadas em postos de trabalho, a tempo completo. Por exemplo, se a referência usada for de 40 horas semanais, dois trabalhadores em part-time (20 horas semanais) contam como um único emprego equivalente. Desta forma, é possível usar um único indicador para empregos com diferentes cargas horárias.

Erosão (solo)

(do latim erosio)

Processo de deslocamento de terra ou de rochas de uma superfície, podendo ocorrer por ação de fenómenos da natureza ou do ser humano.

Esclerófilas

(do grego sklērós – duro, seco e phýllon – folha)

Árvores e arbustos, normalmente de pequeno porte, que ao longo de milhares de anos se adaptaram ao clima seco dos verões mediterrânicos e à repetida ocorrência de fogos: as suas folhas são persistentes, duras, pequenas e revestidas por uma película cerosa, que ajuda a conservar a humidade e a evitar perdas de água por evaporação e transpiração. Algumas das suas adaptações incluem a casca espessa e dura que protege o tecido vegetal das elevadas temperaturas, a capacidade de se regenerarem após a passagem do fogo por rebentamento (a partir das raízes ou do troco) e/ou a capacidade de germinação de sementes estimulada pelas elevadas temperaturas do fogo.

Espécie cinegética

(do grego kynegetes: kyon – cão e hegeisthai – chefia, liderar)

Cinegética é a arte da caça, ou de caçar com cães. As espécies cinegéticas são as espécies de animais para caça como coelhos, perdizes ou javalis.

Espécie endémica

Espécie nativa de uma determinada área e com distribuição restrita a essa mesma área. 

Espécie exótica

(grego exotikós– de fora)

Planta ou animal introduzido, que se encontra fora de sua área de distribuição natural, podendo coexistir com as espécies nativas de forma equilibrada ou, no caso das espécies exóticas invasoras, tornar-se uma ameaça ao ecossistema.

Espécie exótica invasora

Espécie fora da sua área de distribuição natural, que se torna uma ameaça para outras espécies, habitats e ecossistemas, podendo originar prejuízos ambientais, socioeconómicos e de saúde. As espécies invasoras multiplicam-se rapidamente, escapando ao controle humano, e aproveitam certas vantagens competitivas como a ausência de predadores e a degradação dos ambientes naturais onde estão presentes para se dispersarem.

Espécie nativa / indígena /autóctone

(do latim autochtones, com origem no grego autókhthon: autos – si mesmo e chthon terra ou país, ou seja, da mesma terra ou país) 

Termo usado para designar espécies naturais que têm ou tiveram origem num determinado território ou região, onde mantêm populações autossustentadas.

Espécie naturalizada

Espécie exótica que, com o tempo, se adaptou às condições no novo habitat e coexiste, de forma equilibrada, com as espécies nativas.

Estomas

(grego stóma – boca, orifício de entrada)

Células microscópicas, localizadas nas folhas, que permitem as trocas gasosas entre a planta e o meio ambiente e que a planta capture dióxido de carbono (CO2) e realize a fotossíntese.

Evapotranspiração

É a combinação da evaporação (perda de água do solo, cursos de água e copas molhadas pela precipitação) com a transpiração (perda de água da planta).

Extração de pólen

Recolha de pólen das estruturas masculinas das flores (estames), para depois polinizar estruturas femininas de flores (carpelos) de outras plantas que se queiram cruzar, para combinar características interessantes. Por exemplo, é frequente o cruzamento de indivíduos mais produtivos com indivíduos mais resistentes, para desenvolver variedades com as duas características. O pólen pode ser conservado durante algum tempo, permitindo um desfasamento entre a recolha e a utilização.

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Fagáceas (Fagaceae)

(do latim fagus – faia)

Família de arbustos e árvores angiospérmicas (plantas com flor e fruto, cujas sementes se encontram no interior do fruto) pertencentes à ordem Fagales, que integra mais de 900 espécies distribuídas por 8 géneros, maioritariamente presentes nas zonas temperadas no hemisfério Norte. Integra, por exemplo, os géneros do carvalho (Quercus), do castanheiro (Castanea) e da faia (Fagus).

Faixa corta-fogo

Faixa de terreno sem vegetação, habitualmente com uma largura média de 10 a 20 metros, para reduzir o perigo de incêndios. Localiza-se na envolvente de habitações e outras edificações ou adjacente a estradas e caminhos.

Fatores abióticos

Todas as influências físicas, químicas ou físico-químicas que os seres vivos recebem do meio ambiente num ecossistema. Incluem aspectos como a luz, a água, o dióxido de carbono existente na atmosfera, a temperatura ou os nutrientes do solo.

Fatores bióticos

Conjunto de efeitos causados por organismos e que condicionam as populações que o formam. Por exemplo, a existência de uma espécie em número suficiente para servir de alimento a outro ou as pragas e doenças.

Fenótipo

Do grego phain – mostrar, aparecer e typos – impressão, marca

São as características visíveis de cada organismo, que dependem da sua constituição genética ou genótipo e do meio (ambiente) no qual este organismo se desenvolve. Quando aplicado às plantas e árvores, fenótipo designa as características que podemos observar, desde a dimensão (porte) à floração, passando pelas tonalidades e forma das folhas, por exemplo.

A maioria das características de desempenho que observamos, como por exemplo, a produtividade ou a tolerância à secura, são determinadas por mais do que um gene, e a sua expressão depende da influência do ambiente – do clima, tipo de solo ou a abundância de água.

Fenótipo

grego phain – mostrar, aparecer e typ – forma

São as características observáveis de cada indivíduo ou população. Engloba características morfológicas (relacionadas com a forma, como a altura), fisiológicas (relacionadas com funções, como a fotossíntese ou a respiração) ou comportamentais (no caso dos animais).

Fitossanidade / Sanidade Vegetal

Conjunto de ciências (conhecimento e práticas) relacionadas com a saúde das plantas.

Floema

do grego phlóios – casca

Tecido condutor localizado no interior da casca das plantas que transporta os produtos que resultam da fotossíntese (principalmente glicose que alimenta as plantas) das folhas para as zonas de crescimento e armazenamento.

O floema é, assim, uma camada de tecido orgânico que se encontra presente nas plantas vasculares e que conduz a seiva elaborada ou floémica (compostos orgânicos como os açúcares sintetizados na fotossíntese) das folhas para todos os outros órgãos da planta. Observando um corte horizontal no tronco de uma árvore, o floema é um “anel” localizado no interior da casca. As plantas vasculares têm um sistema duplo de tecidos condutores: o floema e o xilema.

Floresta

(do frâncico forhist, coletivo de forha – plantação de pinheiros, do latim forestem silvam -matas externas ou do latim forestis – reserva de matas e caça)

Segundo a definição adotada pelo ICNF – Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, é um terreno com uma área igual ou superior a 5.000 m² e largura igual ou superior a 20 m, onde existem árvores com um grau de coberto igual ou superior a 10%. As florestas são fontes importantes de produtos florestais lenhosos (como madeira, fibra, carvão, energia e biomassa) e não lenhosos (cortiça, mel, óleos essenciais, caça e cogumelos), assim como de serviços ambientais (proteção/recuperação do solo, retenção/qualidade da água, sequestro de carbono e recreação).

Floresta de conservação

Zonas florestais que têm como objetivo contribuir para a conservação de habitats classificados, de espécies protegidas de flora ou fauna, de geomonumentos ou de recursos genéticos.

Floresta de produção

Floresta estabelecida com o objetivo de produzir bens lenhosos, como a madeira (pinhais, castinçais ou choupais), a cortiça (montados de sobro), biomassa para energia (eucalipto, salgueiro, choupo ou paulónia), frutos e sementes (castanha, pinhão, noz, medronho ou alfarroba), resinas naturais (pinhais) ou outros materiais vegetais como folhagens, vimes, cascas ou árvores de natal.

Floresta de proteção

Área florestada com o propósito de contribuir para a manutenção de serviços ambientais ou do ecossistema como a proteção da rede hidrográfica, proteção contra erosão causada pelo vento (arborização das dunas) ou pela água, recuperação de solos degradados, compartimentação agrícola, interceção de nevoeiros, filtragem de partículas e poluentes atmosféricos, sequestro de carbono ou proteção contra incêndios.

Floresta nativa

A floresta nativa é composta por espécies autóctones, ou seja, que estão naturalmente presentes em dada área (por oposição a florestas de espécies exóticas).

Em Portugal continental, a floresta nativa é constituída por bosques de carvalhos. No norte domina o carvalho-roble ou alvarinho (Quercus robur) e o carvalho-negral (Q. pyrenaica); no centro o carvalho português ou cerquinho (Q. faginea); no sul o sobreiro (Q. suber) e o carvalho de Monchique (Q. canariensis); e no interior a azinheira (Q. rotundifolia).

Floresta plantada

Floresta composta por árvores estabelecidas por meio de plantação e/ou através de sementeira intencional de espécies nativas ou exóticas. São exemplos os pinhais, os eucaliptais, os montados e os soutos e castinçais.

Floresta primária / natural

De acordo com a definição adotada pela FAO, floresta primária refere-se a florestas de espécies nativas regeneradas naturalmente onde não existem indicações visíveis de atividades humanas e os processos ecológicos não estão significativamente perturbados. As áreas de floresta sem indício de atividade humana são normalmente consideradas florestas naturais, por oposição a florestas plantadas.

Floresta seminatural

Floresta composta por espécies nativas e exóticas, que se regeneram naturalmente ou por plantação. Por exemplo, os montados sujeitos a pastoreio.

Fogo

(do latim focus – lareira, local de fazer fogo numa casa)

Combustão controlada, tanto no espaço como no tempo, e que pode ter características benéficas. Um exemplo é a sua utilização na produção silvopastoril, ao permitir a renovação da vegetação para alimentar os animais.

Fogo controlado

Uso do fogo por parte de técnicos credenciados para fazer a gestão de espaços florestais. É realizado em condições específicas e de acordo com normas e procedimentos técnicos, normalmente para fazer a gestão do combustível (biomassa que se acumula sobre o solo).

Fogo de copas

Quando o fogo atinge as copas das árvores e estas ardem. Pode ser de três tipos: 

  • Passivo: quando ardem apenas algumas copas, sem haver uma frente de fogo ativa nas árvores;
  • Ativo: quando existe uma frente contínua de fogo de copas dependente do fogo de superfície;
  • Independente: quando o incêndio se propaga apenas nas copas, completamente independente do fogo de superfície.

Fogo de supressão

Utilização do fogo na luta contra os incêndios florestais. Inclui fogo tático e contrafogo.

Fogo tático

Consiste no uso de fogo em zonas específicas para reduzir a disponibilidade de combustível (biomassa) e diminuir a intensidade do incêndio ou criar zonas de segurança.

Fogo técnico

É a utilização do fogo com objetivos específicos, normalmente de gestão de biomassa ou de prevenção e luta contra incêndios rurais. O fogo técnico inclui as componentes de fogo controlado e de fogo de supressão.

Folhosas

(do latim foliōsu – com muitas folhas)

Espécie de árvores angiospérmicas que se caracterizam por terem flor e folhas planas e largas, como as dos carvalhos, bétulas, faias ou salgueiros.

Formação Bruta de Capital Fixo

Indicador que mede o investimento na capacidade futura para produzir bens e serviços. É um indicador importante porque dá a conhecer se a capacidade de produção de um sector ou país está a crescer (ou não) e se os empresários ou gestores estão confiantes em relação ao futuro. Inclui o investimento em edifícios e construções, em animais e árvores, em software informático e bases de dados, em maquinaria e outros equipamentos utilizados por mais de um ano na produção de bens e serviços.

Fotossíntese

(do grego phos– luz e synthesis– composição, reunião)

Processo físico-químico, através do qual as plantas (e outros seres vivos verdes com clorofila) transformam, através da energia da luz solar, água e dióxido de carbono em oxigénio, água e glicose, da qual se alimentam. É o processo complementar da respiração celular, pois utiliza a água e o dióxido de carbono que resultam da mesma.

g

Galhas ou cecídias

do latim gallĕa e do grego kēkidion – pequena galha

Estruturas comparáveis a tumores, formadas pelas plantas como proteção contra agressões de insetos, fungos ou bactérias. Um exemplo são os bugalhos dos carvalhos que se formam depois de uma picada de inseto. A planta forma a galha, dentro da qual a larva vai crescer. Também chamadas de cecídias, estas estruturas podem formar-se em qualquer parte da planta, das folhas às raízes, e ter formas e cores diversas.

Gases com efeito de estufa (GEE)

Gases que absorvem parte da radiação infravermelha emitida pela superfície terrestre, impedindo a sua dispersão para o espaço e mantendo a Terra aquecida. Sem eles, a temperatura média seria 33ºC mais baixa. Os gases com efeito de estufa são o vapor de água, o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4), o óxido nitroso (N2O) e os Perfluorcarbonetos (PFC’s).

Genótipo

Do grego genos – raça e typos – impressão, marca

O genótipo é o conjunto de todos os genes de um ser vivo e é onde está armazenada a sequência de informações hereditárias. Estas informações são responsáveis pelas características de cada organismo e vão-se manter ao longo de toda a sua vida. A forma como as características se vão expressar em cada individuo (o seu fenótipo) depende da genética, mas pode ser influenciado pelo meio ambiente.

Quando aplicado às plantas e árvores, genótipo designa o património genético que é transmitido entre gerações pelas plantas-mãe ou pelas sementes. Quando uma semente é plantada num local muito seco, por exemplo, a nova árvore poderá não crescer (não se desenvolver) tanto como os seus progenitores por estar num local com carência de água que não permite expressar toda a sua capacidade genética herdada, o seu genótipo.

Germoplasma (Vegetal)

Germoplasma designa genericamente o material genético transmitido de geração em geração. O germoplasma vegetal refere-se aos recursos genéticos dos indivíduos, populações, espécies de plantas e suas variedades, incluindo as florestais, medicinais, aromáticas, fibras, forragens, pastagens e hortícolas, tanto silvestres como cultivadas. Este património é habitualmente conservado e documentado em Bancos de Germoplasma Vegetal, sendo também a matéria-prima do melhoramento genético. O Banco Português de Germoplasma Vegetal (Braga) é um exemplo: guarda mais de 47 mil amostras de 150 espécies. O maior banco de germoplasma do mundo é o Svalbard Global Seed Vault (situado na ilha norueguesa de Svalbard) e guarda duplicados de mais de um 1,1 milhões de variedades de sementes de quase todos os países do mundo.

Gestão ativa (da floresta)

Por oposição à não intervenção nos espaços – gestão passiva – a gestão ativa é a opção de atuar nos espaços florestais, de forma responsável, com vista à obtenção de resultados. As operações de limpeza – remoção de vegetação -, desbaste, desramações, manutenção de caminhos, plantações e sementeiras ou proteção da regeneração natural são decisões que podem fazer parte da gestão ativa.

Gestão de combustível

Conjunto de práticas que têm como objetivo a redução do material vegetal e lenhoso numa determinada zona para dificultar a propagação do fogo, em caso de incêndio. Não significa remover toda a vegetação, mas estabelecer faixas e parcelas com menos vegetação, quebrando o contínuo de vegetação que alimenta os incêndios.

Gestão Florestal Sustentável

Administração e uso das florestas e áreas florestais de uma forma e a um ritmo que mantenham a sua biodiversidade, produtividade, capacidade de regeneração, vitalidade e potencial para realizar, no presente e no futuro, funções ecológicas, económicas e sociais relevantes ao nível local, nacional e global, não causando danos a outros ecossistemas. Os requisitos para a gestão florestal sustentável em Portugal estão definidos na Norma Portuguesa NP 4406 “Sistemas de gestão florestal sustentável – Aplicação dos critérios pan-europeus para a gestão florestal sustentável”. 

Gimnospérmicas

(do grego gimnos – nu e sperma – semente)

Plantas com sementes nuas, não envolvidas por frutos, como é o caso dos pinheiros, das sequoias e dos ciprestes.

Gomo ou gema

Vulgarmente chamados de rebentos ou botões, os gomos são conjuntos de células indiferenciadas (células meristemáticas indiferenciadas) que se formam nas extremidades dos ramos ou nas axilas de folhas e que podem dar origem a novos ramos, folhas ou flores.

Grau de coberto

Definido pela razão entre a área da projeção horizontal das copas e a área total da zona considerada.

h

Habitat

(do latim habitat – o que mora, de habitare – viver, morar)

Espaço geográfico e fatores bióticos que condicionam um ecossistema e determinam a distribuição das populações. Este conceito é geralmente usado relativamente a uma ou mais espécies e define os locais e as condições ambientais favoráveis ao estabelecimento e desenvolvimento de populações viáveis dessas espécies.

Halófitas (plantas)

(do grego halo – sal + filo – amigo)

Plantas terrestres, mas que estão adaptadas a viver no mar ou nas suas proximidades, sendo tolerantes à salinidade. A maioria das plantas são facilmente danificadas por teores elevados de sal, mas as plantas halótitas, que representam cerca de 1% da flora mundial, conseguem absorver e acumular o sal nas suas folhas. São também plantas ricas em proteínas, fibras, aminoácidos e vitaminas, o que lhes dá um elevado potencial nutricional e terapêutico. Um dos exemplos mais conhecidos é a salicórnia ou erva-sal, que cresce nas salinas costeiras e tem um agradável sabor salgado.

Hectare

(do grego hecto– cem)

Unidade de medida de área, também conhecida como hectómetro quadrado, usada para cálculo de áreas agrícolas, rurais e florestais. Corresponde a 10 mil metros quadrados, um quadrado com 100 metros de lado e equivale, grosso modo, a um campo de futebol.

Heliófita

Do grego. Helios – sol e phyton – planta

Espécies de plantas que necessitam de ampla exposição solar.

Heritabilidade

O termo heritabilidade é usado em genética (e em ensaios genéticos com espécies florestais e programas de melhoramento genético florestal) para traduzir em que medida uma característica específica de um indivíduo – uma árvore, por exemplo – é determinada pela herança genética recebida dos seus progenitores (genótipo) ou pelo meio (influência do ambiente ou contexto). A heritabilidade é um coeficiente entre estes dois fatores.

Assim, a heritabilidade é 1 quando a expressão de determinada característica depende apenas da herança genética e não é influenciada pelo ambiente (a cor dos nossos olhos, por exemplo). A heritabilidade é menor do que 1 quando a herança genética e a influência do ambiente determinam a forma como a característica se expressa. Por exemplo, a altura de uma árvore é influenciada pela genética, mas também pelo ambiente (clima, solo, etc.). A heritabilidade é zero quando a expressão da característica depende exclusivamente do ambiente (por exemplo, a língua que uma pessoa fala).

Heritabilidade

É uma medida da quantidade da variação fenotípica (das características observáveis) que é controlada por fatores genéticos, ou seja, que não tem relação com o ambiente.

Húmus

do Latim humus – terra ou solo

De uma forma geral, o húmus pode ser identificado como a matéria orgânica do solo, mas quando se consideram definições mais estritas, o húmus tem um carácter dinâmico e representa a parte da matéria orgânica do solo mais resistente à decomposição, mais escura e mais heterogénea. Segundo o conceito químico, o húmus é um conjunto complexo de frações da matéria orgânica do solo que evoluíram a partir de resíduos orgânicos e que representam uma fase de transformação avançada desses resíduos.

i

Imagens multiespectrais

Imagens de um mesmo objeto registadas com diferentes comprimentos de ondas eletromagnéticas: luz visível, infravermelhos, ultravioleta, raio-X ou outra faixa do espectro. O olho humano só consegue detetar a luz visível, mas as plantas, por exemplo, emitem radiação noutros comprimentos de onda. As imagens multiespectrais permitem captar informação nesses comprimentos de onda, o que ajuda a diferenciar diferentes tipos de vegetação e a perceber um vasto conjunto de informação, como o seu estado fisiológico, saúde e produtividade, por exemplo.

Incêndio

(do latim incendium – fogo, calamidade, formado por in – em e candere – colocar fogo em)

Combustão não planeada e sem controlo no espaço e no tempo, com características negativas, que requer uma resposta (de supressão ou outras).

Incêndio florestal

Qualquer incêndio que tenha origem ou decorra em espaços florestais.   

Incêndio rural

Incêndio florestal ou agrícola que decorre nos espaços rurais.

Incultos

(do latim incultus – sem cultura)

Áreas que não se encontram cultivadas e que estão ocupadas por matos e pastagens naturais, sem intervenção humana.

Índice de risco de incêndio florestal

Classificação numérica que traduz o estado dos combustíveis por ação da meteorologia e que indica a probabilidade relativa de início e alastramento de incêndios, assim como o grau de resistência provável a ações de controlo. É um apoio na determinação dos locais onde as condições para ignição ou propagação do fogo são mais favoráveis.

Indústrias de base florestal

Indústrias transformadoras que têm na floresta a sua base de matéria-prima e que incluem, geralmente, as indústrias da cortiça, pasta e papel, madeira e mobiliário. 

Intensificação sustentável

Novo modelo de produção, aplicado principalmente na agricultura, mas também na silvicultura, que tem como objectivo produzir mais, sem aumentar o uso de inputs industriais (adubos químicos, pesticidas ou energia) e fazendo um uso mais eficiente dos recursos (água, solo ou biodiversidade).

Assim, a intensificação sustentável defende o aumento da eficiência de utilização dos inputs, aplicando-os de forma mais precisa no tempo e no espaço – como é o caso da rega de precisão – e a preferência de uso de processos naturais como micorrizas, controlo biótico de pragas e doenças, combinações de culturas ou serviços de polinização.

Interface urbano-florestal

Espaço físico onde coexistem vegetação florestal e estruturas urbanas, num ambiente propício à ocorrência de incêndios. Em Portugal, esta definição é aplicável a uma grande extensão do território.

IPCC

Acrónimo de Intergovernmental Panel on Climate Change, conhecido em português como Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas. Criado em 1988 pelas Nações Unidas (ONU) e pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), o IPCC é considerado a maior autoridade mundial em alterações climáticas e tem sido a principal base no estabelecimento de políticas climáticas a nível nacional e mundial. O seu objetivo é reunir e resumir o conhecimento produzido por cientistas e divulgá-lo através de relatórios. Procura recolher o conhecimento mais avançado sobre alterações climáticas, apontando as suas causas, efeitos e riscos para a humanidade e meio ambiente, e sugerindo também formas de combater os problemas.

l

Lameiros

(do vocábulo pré-romano ou pré-céltico lama – pradaria em terreno húmido)

Pastagens permanentes seminaturais, estabelecidas em zonas de montanha (em altitudes superiores a 700-800 m) e normalmente próximas de linhas de água. São uma tradição secular nas regiões montanhosas de Trás-os-Montes, Beira interior e Entre Douro e Minho.
Estas zonas de pastagem eram essenciais para alimentar o gado, principalmente bovino, e estavam integradas em mosaicos paisagísticos com searas, parcelas de cultivo, baldios, hortas e zonas florestadas.
O seu nome está relacionado com o facto destas parcelas serem estabelecidas perto de linhas de água e de estarem associados à rega de lima, em que a água escorre e cobre de forma quase constante a superfície do solo, tornando-o lamacento.

Laurissilva (Floresta)

(do latim laurus -loureiro, lauráceas e silva -floresta, bosque)

Floresta húmida de características subtropicais, cuja origem remonta ao período Terciário – desde há cerca de 65 milhões de anos até há 1,8 milhões de anos. Pensa-se que neste período, a Terra era quente e a chuva muito intensa. O sul da Europa e a bacia do mediterrânio, incluindo o norte de África, teriam vastas extensões de floresta Laurissilva, sendo comuns géneros como o Laurus, Ocotea, Appolonias, Persea, Clethra, Ilex, Myrica, Picconia, Heberdenia e Prunus.

No final do Terciário, o clima ficou mais frio e a neve cobriu as zonas altas. As glaciações que daí resultaram levaram ao desaparecimento da floresta Laurissilva, restando apenas áreas delimitadas nos arquipélagos atlânticos dos Açores, da Madeira e das Canárias, consideradas como “floresta relíquia”. Pensa-se que, aquando da descoberta da Madeira (1420), a ilha era coberta de denso arvoredo, razão pela qual os navegadores portugueses a batizaram de “Madeira”. A Laurissilva madeirense é classificada como “Património Mundial”, pela UNESCO, desde 1999.

Lençol freático

(do grego phréar + atos – reservatório de água, cisterna)

É um reservatório natural de água subterrânea, formado pela água das chuvas que se infiltra e se acumula abaixo da superfície, criando uma espécie de rio subterrâneo, que transporta a água até rios e nascentes. Os lençóis freáticos são aquíferos essenciais para a manutenção e equilíbrio da natureza.

Lenhina

(do latim lignum – madeira)

A lenhina é um dos principais componentes dos tecidos das plantas terrestres, responsável pela rigidez celular e proteção dos tecidos contra ataques de micro-organismos.

É um polímero presente na madeira e corresponde a 15 a 35% do respetivo peso. No processo de produção de pasta para a papel, que implica o cozimento da madeira, este polímero é extraído para que se obtenha uma pasta celulósica com maior conteúdo em celulose e hemiceluloses. Neste processo, a lenhina removida integra o chamado Licor Negro.

Lenhoso (material)

(do latim lignum-madeira, lenha)

Que possui aparência ou características de madeira. Incluí troncos, ramos, raminhos e caules.

Licor negro

Matéria líquida de cor escura, que resulta do processo de produção de pasta para fabrico de papel, mais precisamente do cozimento da madeira. É composto por vários elementos orgânicos e por sais, sendo utilizado na indústria de pasta e papel para geração de energia e recuperação dos químicos utilizados no cozimento da madeira, constituindo um exemplo de economia circular dentro da própria indústria. É possível isolar elementos que compõem o licor negro, como a lenhina, por exemplo, para serem reaproveitados para várias finalidades.

m

Matéria orgânica (do solo)

Todo o material que é produzido por organismos vivos (animais, vegetais, fungos e microrganismos) e que se encontra no solo em vários estados de decomposição. Considera-se ainda que os microrganismos que atuam na decomposição fazem também parte da matéria orgânica.

Materiais Florestais de Reprodução

Também conhecidos por MFR, são todos os materiais de reprodução das espécies florestais e seus híbridos artificiais. Incluem plantas para arborização, sementes ou partes de plantas (como estacas, garfos ou embriões).

Matos

Área na qual existem espécies herbáceas e arbustivas – ervas e arbustos – que crescem naturalmente e sem intervenção humana, agrícola ou florestal. Pode referir-se também ao conjunto de ervas e arbustos existentes numa determinada zona.

Melífera (espécie)

(do latim mellis – mel + ferre -transportar)

Termo associado a espécies de plantas ou animais.

Plantas melíferas são espécies que, além de pólen, produzem néctar com o qual as abelhas fabricam o mel. Entre as espécies que produzem esta substância açucarada, encontram-se o rosmaninho (Lavandula stoechas), a urze (Erica umbellata), o castanheiro (Castanea sativa), o eucalipto (Eucalyptus spp) ou o medronheiro (Arbutus unedo), por exemplo.

No caso dos animais, fala-se em “espécie melífera” para referir espécies de insetos capazes de produzir mel, das quais as abelhas (Apis mellifera) são as mais reconhecidas.

Micorriza (associação micorrízica)

(do latim myco-fungos e do grego riza-raiz)

Relação benéfica, de simbiose, entre as plantas e os fungos que vivem no solo onde as raízes das plantas se desenvolvem. Permite às plantas melhorar a sua nutrição mineral e ganhar mais resistência a agentes patogénicos, potenciando o seu crescimento, ao mesmo tempo que disponibiliza aos fungos uma fonte contínua dos nutrientes que necessitam para viver.

Mineralização (da matéria orgânica)

A mineralização é o processo biológico através do qual a matéria orgânica é transformada em substâncias inorgânicas, disponibilizando os nutrientes contidos na matéria orgânica em formas minerais que podem ser absorvidas e utilizadas pelas plantas.

Mitigar

(do latim mitis – suave/macio e agere – agir)

Em ambiente, trata-se de uma intervenção humana que tem como objetivo reduzir as consequências ou suavizar os danos de um determinado impacte ambiental, como as alterações climáticas.

Mobilização do solo

Chama-se mobilização do solo a todas as intervenções que têm como objetivo descompactar o solo, ou seja, intervir na camada superior do mesmo, arejando-o e facilitando a penetração das raízes das plantas e a infiltração da água. A mobilização do solo é normalmente feita antes de plantações ou sementeiras. Pode ser feita de forma manual – cavar a terra com uma enxada, por exemplo – ou recorrendo a maquinaria – usando motocultivadores ou tratores para fazer lavouras, ripagens e aberturas de covas, entre outras atividades agrícolas e florestais.

n

Normalização (produção de energia elétrica renovável)

Nivelação da produção total de energia elétrica renovável para indicadores de pluviosidade e de eolicidade (vento) médios, com base na Diretiva comunitária n.º 2009/28/CE. Para efeitos de cálculo da normalização, é considerada a média dos últimos 15 anos para a energia hídrica e a média dos últimos cinco anos para a energia eólica.

o

Oomicetas (organismos)

do grego ωόν (oon) – ovo e μύκητας (mykitas) – fungo

Classe de organismos microscópicos, unicelulares e filamentosos do reino Protista, semelhantes aos fungos que constituem juntamente com eles os dois mais importantes grupos de agentes patogénicos das plantas. Um dos mais habituais é o género Phytophthora, que causa a doença da tinta e destrói muitas culturas, como a batata e o tomate.

p

Partes por milhão (ppm)

Unidade de medida que define a concentração (sobretudo em ambiente líquido ou gasoso) quando os valores são extremamente pequenos. Representa a presença de determinado elemento tendo em conta o total do ambiente onde está inserido. O teor de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera pode ser medido em ppm. Por exemplo, uma concentração de CO2 de 400 ppm significa que em cada milhão de partículas de ar, 400 são de CO2.

Paul / palude

(do latim palus – pântano)

É uma área pantanosa, de transição entre ambiente aquático e terrestre, que se encontra total ou parcialmente inundada e na qual existe vegetação adaptada ao encharcamento (vegetação palustre e ripícola). Estes habitats formam-se em zonas planas, com pouco declive, em que a água escoa lentamente, como zonas costeiras, margens de rios e leitos de cheia (estuários do Baixo Vouga Lagunar ou Baixo Mondego, por exemplo). Nestas áreas há grande deposição de argilas e outros sedimentos finos e acumulação de grandes quantidades de matéria-orgânica, o que dá origem a solos muitos férteis. A água, que nunca atinge grande profundidade, varia consoante as épocas do ano, podendo um paul ou palude assemelhar-se a uma lagoa, charco ou pântano. Turfeira, lameiro e brejo são outros nomes atribuídos a zonas com este tipo de características.

Pedologia

(do grego pedon- solo, terra e logos-estudo)

A pedologia é um dos ramos da ciência dedicado ao estudo do solo, abrangendo a identificação, a formação, a classificação e o mapeamento dos solos. As informações geradas têm aplicação em diversas áreas da ciência, desde a geografia e agronomia à arqueologia e biologia.

Pegada de carbono

Medida que calcula o impacte de atividades humanas específicas, na emissão de gases de efeito de estufa (GEE). É geralmente medida em toneladas de gases com equivalência em dióxido de carbono (CO2eq), podendo ser aplicada a indivíduos, famílias, empresas, produtos ou até nações. Em termos de horizontes temporais, a pegada de carbono pode ser avaliada por acontecimento (evento ou viagem, por exemplo), por ano ou, no caso dos produtos, ao longo do respetivo ciclo de vida (desde o fabrico até à gestão de resíduos).

Pegada ecológica

pegada: (do latim pedicata – marca de um pé)
ecologia: (do grego oikos [pronuncia-se “écos”] – casa + logia – estudo)

Expressão que deriva do termo inglês ecological footprint, usado pela primeira vez em 1992 por William Rees e Mathis Wackernagel que, em 1995, publicaram o livro Our Ecological Footprint: Reducing Human Impact on the Earth. Refere-se, genericamente, à quantidade de recursos que estamos a consumir. Mede a quantidade de terra produtiva e água no planeta, em hectares, que são necessários para satisfazer o consumo, tendo em conta todos os recursos materiais e energéticos consumidos pela população.

Perenifólias

(do latim perennis – que dura muitos anos e folium – folha)

Também designadas por espécies de folha persistente, são árvores ou arbustos que não substituem as folhas de forma simultânea e regular, mantendo-se com folhas durante todo o ano. O loureiro, o sobreiro, a azinheira ou o salgueiro são alguns exemplos.

Permafrost / Pergelissolo

(de perm-permanente e frost-congelado)

Tipo de solo que se mantém congelado de forma contínua por dois ou mais anos. Localiza-se, sobretudo, nas regiões polares, sendo constituído por gelo, terra e rochas.

pH

O pH, potencial hidrogeniónico, é uma medida da acidez do solo com base na quantidade de iões de hidrogénio presentes. É avaliado numa escala entre zero e 14 na qual o 7 representa um pH neutro; valores abaixo de 7 são ácidos e acima de 7 são alcalinos (ou básicos). No solo, o nível pH é uma característica importante, pois vai influenciar a disponibilidade de nutrientes e a capacidade de desenvolvimento da vegetação e dos organismos que nele vivem. É um dos indicadores do solo que pode ser ajustado, por meio de fertilizantes minerais acidificantes com azoto, que diminuem o valor do pH, ou de calagem com compostos com cálcio ou magnésio, que aumentam o pH.

Plano de Gestão Florestal

Instrumento de administração dos espaços florestais que determina, no espaço e no tempo, as intervenções a serem realizadas, como desbastes, cortes, gestão de combustível ou fertilizações. Tem como objetivo a produção sustentada de bens e recursos florestais.

Plântulas

(do latim tardio plantŭla, diminutivo de planta)

Plantas jovens.

Polímero

(do grego poli – múltiplos ou mais do que um, e meros – partes)

Compostos químicos de macromoléculas que resultam da ligação de várias moléculas mais pequenas, os monómeros.
Existem polímeros naturais, como por exemplo a celulose que que se encontra nas plantas, o amido presente em vários grãos e tubérculos (arroz, trigo batata entre outros), a borracha (retirada da árvore-da-borracha) ou proteínas como a queratina ou a caseína (do leite); e sintéticos, criados em laboratório, a que chamamos plásticos, e que incluem, entre outros, politetrafluoeretileno, poliamida e policloropreno (cujos nomes comerciais teflon, nylon e neopreno são mais conhecidos).
É possível combinar polímeros naturais e sintéticos, criando polímeros sintéticos reforçados com fibras naturais, como as bioresinas e os bioplásticos.

Polinização controlada

A polinização controlada é um método que permite realizar cruzamentos específicos usando progenitores escolhidos estrategicamente. O objetivo é reunir num indivíduo as características de interesse do “pai” (indivíduo que fornece o pólen) e da “mãe” (a planta que é polinizada). Para isso, tem de se recolher o pólen das anteras das flores do “pai” e depois colocar os grãos de pólen nas estruturas femininas da “mãe”, para que sejam fecundadas.

Porte

Também chamado de hábito, é o nome que se dá ao aspecto geral de uma planta com base na sua dimensão e estrutura. Existem 3 tipos de portes ou hábitos nas plantas: herbáceas, arbustivas e arbóreas, ou ervas, arbustos e árvores. As herbáceas são plantas não lenhosas de pequenas dimensões e normalmente anuais. As plantas arbustivas e arbóreas têm caules lenhosos e são perenes, ou seja, vivem vários anos. A diferença entre plantas de porte arbustivo e arbóreo não se resume à altura que atingem na idade adulta – os arbustos podem atingir até 5 m de altura enquanto as árvores têm normalmente mais que 5 metros na idade adulta -, mas também à estrutura do caule. As árvores têm um só tronco principal, que se pode ramificar acima do solo, enquanto os arbustos têm vários caules, mais finos, logo ao nível do solo. Por vezes há arbustos que crescem acima dos 5 metros, com um número reduzido de caules, como é o caso de algumas urzes. A estas chama-se arbustos com porte arbóreo.

Povoamento florestal

Área arborizada, com pelo menos 0,5 hectares (cinco mil m²) e mais de 10% de grau de coberto. É uma área onde existe um conjunto de espécies florestais, que podem ser variadas (povoamento misto) ou com predomínio de uma espécie em mais de 75% da área (povoamento puro).

Pragas e Doenças

pragas: (do grego plegma – golpe, ferida, aflição, desgraça) e doenças: (do latim dolentia – dor)

Organismos vivos (insetos, fungos, bactérias ou vírus) que, ao utilizarem as plantas como fonte de alimento ou como hospedeiras, alteram o seu ritmo normal de crescimento e desenvolvimento, causando danos económicos. Nas florestas, as pragas mais comuns estão associadas a ataques de insectos como a processionária-do-pinheiro, a cobrilha-da-cortiça ou o sugador-das-pinhas. As doenças são o resultado da ação de fungos, nemátodes ou bactérias.

Produtividade aparente do fator trabalho

Indicador económico que mede o valor acrescentado por trabalhador, aferindo a riqueza que se obtém na produção de bens ou serviços por cada trabalhador. Em termos práticos, resulta da desagregação do Valor Acrescentado Bruto (VAB) pelo pessoal ao serviço.

Produtividade do material

Quantifica a riqueza gerada, em euros de Produto Interno Bruto por quilograma de Consumo Interno de Materiais [CIM, ver entrada no glossário] por cada unidade de recurso natural consumida.

Produto Interno Bruto (PIB)

É o indicador usado habitualmente para medir o nível de riqueza criada, num dado período, em determinada região e que serve para avaliar o desempenho de uma economia e compará-la com outras. É a soma dos valores brutos resultantes dos bens e serviços produzidos por uma região (cidade, país, etc.) em determinado período de tempo (mês, trimestre, ano).

Produtos florestais não lenhosos (PFNL)

Todos os produtos que têm origem em espaços florestais, exceto a madeira, as partes da madeira e os seus derivados. Incluem cortiça, resinas, caça, cogumelos e trufas, frutos secos e bagas silvestres, mel e derivados, plantas aromáticas e medicinais, entre outros.

q

Queima

É a utilização de fogo para eliminar sobrantes de exploração que foram amontoados, de acordo com a legislação. Estes sobrantes podem ser resultantes de atividades agrícolas ou florestais.

Queimada

É o uso do fogo para eliminar vegetação e renovar as pastagens para o gado, de acordo com a definição estabelecida pela legislação.

r

Recursos naturais

Elementos passíveis de utilização humana que ocorrem naturalmente na Terra. Os recursos podem ser:

  • Renováveis, como é o caso da energia solar ou do vento;
  • Limitados, mas potencialmente renováveis como a água, o solo ou as árvores;
  • Não renováveis, como o petróleo e os recursos minerais.

Rede Natura 2000

Rede ecológica de zonas identificadas pela União Europeia como de interesse comunitário para a conservação a longo prazo das espécies e dos habitats mais ameaçados da Europa. Constitui o principal instrumento para a conservação da natureza e da biodiversidade na União Europeia. Resulta da aplicação daDiretiva Aves (79/409/CEE e 2009/147/CE) e da Diretiva Habitats (92/43/CEE).

Reflorestação

Plantação de árvores em zonas anteriormente florestais, que foram destruídas ou danificadas.

Regeneração natural

Renovação natural das espécies com base em plantas germinadas a partir de sementes de plantas/árvores adultas existentes no local.

Reserva Ecológica Nacional (REN)

Documento legal que estabelece um conjunto de condicionamentos ao uso e ocupação do solo, tendo por base a proteção de recursos naturais e salvaguarda de ecossistemas. A REN define um conjunto de áreas que, pelo valor e sensibilidade ecológicos ou pela exposição e suscetibilidade perante riscos naturais, são objeto de proteção especial e sujeitas a restrições de utilidade pública de âmbito nacional, de acordo com o estabelecido pelo Decreto-Lei n.º 166/2008, de 22 de agosto.

Reservas da Biosfera da UNESCO

Áreas protegidas, que cumprem funções de conservação, desenvolvimento sustentável e suporte para investigação, monitorização, educação e sensibilização. O estatuto de Reserva de Biosfera é atribuído pelo programa científico Homem e Biosfera (MaB – Man and the Biosphere em inglês) da UNESCO, criado em 1971 para promover o equilíbrio entre as sociedades humanas e os ecossistemas. Estas Reservas são compostas por três zonas, com funções complementares: o Núcleo, composto pelo ecossistema a ser protegido; a Zona Tampão, que circunda o núcleo e onde se concentram as atividades de investigação científica, monitorização, formação e educação; e a Área de transição, onde se promove o desenvolvimento sustentável e são permitidas atividades mais variadas.

Resíduo vegetal / agrícola ou silvícola

Material vegetal residual, resultante de atividades agrícolas ou silvícolas, sem valor aparente para o seu detentor. Quando possui valor energético, deve ser definido como “biomassa florestal residual”

Resiliência (dos ecossistemas)

(do latim resilīre – saltar para trás)

Definido pelas Nações Unidas como “a capacidade do sistema, comunidade ou sociedade expostas ao perigo, de resistirem, absorverem, acomodarem e recuperarem dos efeitos do perigo num tempo relativamente curto e de maneira eficiente, através da preservação e restauro das suas estruturas e funções básicas”. Em ecologia, o conceito de resiliência define a capacidade de um ecossistema recuperar depois de uma perturbação, voltando ao seu estado de equilíbrio. Implica estar preparado, conseguir lidar com as perturbações e ter capacidade de se adaptar e recuperar quando ocorrem situações de stress. Os ecossistemas das regiões de clima mediterrânico são bons exemplos de resiliência. As plantas estão habituadas a períodos de seca e à passagem do fogo, conseguindo recuperar, na maioria dos casos.

Este conceito é diferente do de resistência, que significa ser capaz de evitar as perturbações.

Resinosas

(do latim resinōsu)

Espécies de árvores de folhagem persistente e folhas em forma de agulhas ou escamas, cuja existência remonta a mais de 300 milhões de anos. Os pinheiros, abetos, criptomérias, sequoias, cedros ou ciprestes são alguns dos exemplos de resinosas, entre mais de 600 outras espécies.

Resistência (dos ecossistemas)

(do latim resistere – ficar firme, aguentar)

Capacidade dos ecossistemas de evitarem as perturbações externas, como o fogo ou a seca. Por exemplo, a vegetação que se desenvolve nas regiões desérticas é resistente à seca, conseguindo manter-se e reproduzir-se mesmo em condições extremas.

Respiração (celular)

(do latim respiratio – ato de respirar)

Processo através do qual as células trocam oxigénio e dióxido de carbono com o meio ambiente. A respiração celular e a fotossíntese são processos complementares, visto que na respiração são consumidos produtos da fotossíntese: hidratos de carbono e oxigénio. Por outro lado, o dióxido de carbono e a água libertados na respiração vão servir de base à fotossíntese.

Restauração florestal

(do latim restauratio)

Plantação de novas árvores em zonas florestais degradadas com o objetivo de aumentar o número de árvores presentes, recuperar a biodiversidade, reparar habitats e restaurar a estrutura e função das florestas e dos seus serviços do ecossistema.

Ripícola ou ripária (vegetação, floresta)

(do latim ripa – margem)

Ripícola, ripária ou ribeirinha refere-se à vegetação ou floresta existente ao longo das margens dos riachos, ribeiras, rios e outros cursos de água doce, com espécies que podem variar em função da região, altitude e clima, mas que são, na sua maioria, arbustos e árvores resistentes à submersão pelas cheias. O seu papel é importante para proteger as margens dos cursos de água, delimitando o seu leito e favorecendo a riqueza piscícola.

Rotação

(do latim rotatio)

Idade para a qual é planeado o corte de um povoamento. Compreende o intervalo de tempo entre a plantação e o corte final.

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Secundeira (cortiça)

(do latim secundu– segundo)

Nome dado à cortiça extraída na segunda tiragem. Não tem qualidade para a produção de rolhas, sendo usada, juntamente com as sobras e a cortiça virgem, para a produção de outros produtos, como isolamentos, pavimentos, construção, moda, saúde, produção de energia ou indústria aeroespacial.

Sequestro de carbono

Processo que retira dióxido de carbono da atmosfera e que ocorre naturalmente nos oceanos, nas florestas e em outros locais onde os organismos façam a fotossíntese. Nas florestas, o dióxido de carbono é retirado da atmosfera e passa a fazer parte constituinte da estrutura das árvores e plantas, ficando “retido” na vegetação e no solo.

Serviços do ecossistema / serviços ambientais

Ecossistema, do grego oikos – casa + sistema, define o conjunto formado por um grupo de organismos e a área que ocupam, assim como todas as interações que se estabelecem entre eles.

São serviços ambientais gerados pelos ecossistemas, que beneficiam o ser humano e as comunidades, sendo essenciais para o bem-estar e para o desenvolvimento socioeconómico. Os serviços prestados incluem, entre outros, a regulação da qualidade da água e do ar, a conservação do solo, os valores recreativos e a preservação da biodiversidade.

Servitização

Termo utilizado para designar o valor adicional criado pelas empresas ao disponibilizarem serviços complementares ou de apoio aos produtos que comercializam. Por exemplo, uma empresa que se dedica à venda de equipamentos de impressão e cópia pode criar valor adicional ao disponibilizar pacotes de serviços dedicados à manutenção e reposição de consumíveis. Assim, além de vender uma fotocopiadora, vende os serviços para a respetiva manutenção e reposição dos tinteiros.

Silvicultura

(do latim silva – floresta e cultura – cultivo)

Área de conhecimento que estuda os métodos naturais e artificiais de estabelecer, regenerar e melhorar os povoamentos florestais com vista ao seu uso e aproveitamento responsável. O termo refere-se também à aplicação deste conhecimento no terreno, de forma a fazer um uso racional das florestas.

Silvicultura preventiva

Conjunto de medidas aplicadas à composição e estrutura dos povoamentos florestais para melhorar o seu potencial e ajudar à prevenção de incêndios. 

Simbiose (biologia)

(do grego syn – junto e bios – vida)

Associação de dois ou mais organismos diferentes que lhes permite viver com benefício mútuo.

Sistema radicular

Conjunto de raízes de uma planta.

Sobrantes

Consistem no material lenhoso e vegetal “que sobra” de atividades agroflorestais, nomeadamente no âmbito da prevenção e combate a incêndios, mas também de podas, cortes fitossanitários e outras manutenções de espaços verdes. Os sobrantes são incluídos na designação “biomassa florestal residual”, a par dos resíduos das indústrias de transformação de material lenhoso.

Soutos / soitos

(do latim saltu – bosque, floresta)

Povoamento de castanheiros (Castanea sativa Mill.), com castanheiros mansos que têm por objetivo a produção de castanhas.

Um povoamento de castanheiros pode designar-se por souto ou castinçal. A diferença entre os termos está no objetivo de produção, sendo que nos soutos produz-se castanha e nos castinçais madeira, e na forma de condução do povoamento, ou seja, na maneira de formar/podar as árvores. Nos soutos os castanheiros são enxertados (castanheiro manso), à semelhança de outras árvores de fruto, para que comecem a produzir mais cedo e para as árvores terem melhores produções e maior resistência.

Em casos raros, souto pode significar um bosque de outras árvores, como por exemplo “souto de carvalhos” ou “souto das oliveiras”.

Stress hídrico

Stress provocado quando não existe água suficiente para a planta absorver e que permita substituir aquela que perdeu por transpiração. Pode levar à paragem de crescimento das plantas e, eventualmente, à sua morte.

Sucessão ecológica

sucessão: (do latim successio, de succedere – vir depois de)
ecologia: (do grego oikos [pronuncia-se “écos”] – casa + logia – estudo)

É a sequência de comunidades e as alterações que as mesmas vão sofrendo ao longo do tempo desde o estabelecimento das primeiras formas de vida – comunidade pioneira – até ao ponto máximo do desenvolvimento – comunidade clímax. Um exemplo de sucessão ecológica nas florestas portuguesas começa com pinheiros, espécie pioneira, que vão crescendo e criando sombra, o que permite o aparecimento de carvalhos. Os carvalhos vão crescer e tornar-se dominantes na paisagem, dando origem a comunidades clímax.
A sucessão ecológica pode ser distinguida entre primária (ocorrida em ambientes anteriormente desprovidos de vida) ou secundária (em ambientes anteriormente ocupados por outras comunidades, entretanto removidas).

Sumidouro (de carbono)

Armazenamento de carbono. As florestas, solo e oceanos são considerados sumidouros ou stocks de carbono

Sustentabilidade

sustentar: (do latim sustinere – apoiar, suportar, defender, conservar que é formado a partir de sub – abaixo + tenere – segurar, agarrar)

A sustentabilidade é a capacidade de um sistema se manter e permanecer em equilíbrio. Quando aplicada ao ambiente, define a forma como a humanidade deve interagir com o planeta, usando os recursos sem comprometer as gerações futuras e integra três pilares: o ambiente, a sociedade e a economia. Assim, ser sustentável significa ser ambientalmente responsável, socialmente justo e economicamente viável.

O conceito de sustentabilidade começou a ser delineado na primeira Conferência da Organização das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, a United Nations Conference on the Human Environment (UNCHE), realizada em Estocolmo, em 1972. A Declaração de Estocolmo abordava a necessidade de “defender e melhorar o ambiente humano para as atuais e futuras gerações”.

Em 1992, a Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento – ECO-92 consolidou o conceito de desenvolvimento sustentável, considerando o meio ambiente e o desenvolvimento económico.

Em 2002, a Cimeira da Terra sobre Desenvolvimento Sustentável de Joanesburgo propôs a integração das três dimensões do desenvolvimento sustentável: económica, social e ambiental.

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Talhadia

talhar: (do latim taleare – cortar)

Nome que é dado tanto ao processo de corte, como aos povoamentos que resultam deste corte.

A talhadia permite explorar e conduzir espécies que têm a capacidade de produzir rebentos quando são cortadas, como os freixos, castanheiros, eucaliptos, plátanos, salgueiros, entre outros. Nestas espécies é possível cortar a árvore, deixando apenas a base (toiça) ou uma parte do tronco, aproveitando depois as varas que rebentam por via vegetativa.

Este tipo de condução era feito tradicionalmente nos freixos, para produção de folhagem para alimentar o gado, e nos castanheiros, para produzir varas. Hoje em dia é a forma habitual de condução de eucaliptais.

Taninos

(do Francês tanin, de tan – casca de carvalho)

Os taninos são uma família de compostos naturais que se encontra em plantas (sementes, madeira, folhas e casca) e que atuam como defesa contra ataques de herbívoros. Tornam o seu sabor desagradável, além de provocarem dificuldades de digestão.

Pela sua capacidade de se combinarem com proteínas da pele animal, inibindo a putrefação, são utilizados no curtimento do couro. Graças aos seus constituintes, são também usados em aplicações farmacológicas como antioxidantes, cicatrizantes, antissépticos, hemostáticos, antidiarreicos, antídotos para intoxicações por metais pesados e alcaloides, assim como em anti nutritivos pela sua capacidade de diminuir a absorção de ferro. Quando presentes no vinho (provenientes das uvas, da madeira dos barris de carvalho ou adicionados industrialmente), conferem-lhe uma textura seca, corpo e estrutura.

Termófila

Do grego thermê – calor e philein,- amar.

Designa organismos que gostam de climas quentes e se desenvolvem melhor com temperaturas elevadas.

Toiça / Touça

Base do tronco e raiz da árvore que fica após o corte e de onde são podem ser emitidos novos rebentos, que são chamados de varas, polas ou talões.

Transpiração (celular)

Mecanismo que permite às plantas libertar, nas folhas, a água absorvida pelas raízes. É um mecanismo de regulação térmica que permite ainda que os nutrientes minerais absorvidos nas raízes circulem por toda a planta.

Turfeira

(do nórdico torf e do alemão antigo zurba – turfa)

Ecossistema de zonas húmidas, nas quais o encharcamento do solo e a falta de oxigénio impedem a decomposição total da matéria orgânica. A acumulação de matéria orgânica permite a formação de camadas de turfa (carvão natural). As espécies de plantas existentes nas turfeiras estão adaptadas à vida nestas condições. Em Portugal, as turfeiras são um habitat raro com ocorrência registada em ambiente de montanha ou litoral.

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Valor Acrescentado Bruto (VAB)

Resultado final da atividade produtiva de uma entidade, sector ou país num determinado período de tempo. Resulta da diferença entre o valor final da produção e o valor gasto em consumo intermédio. Calcula-se considerando a soma das vendas, prestação de serviços, variação nos inventários de produção, trabalhos desenvolvidos para a própria entidade, rendimentos suplementares e subsídios à exploração. A este total é deduzida a soma dos custos das mercadorias vendidas e das matérias consumidas, fornecimentos e serviços externos e impostos indiretos.

Vasculares (plantas)

(do latim vasculum – vaso)

Também chamadas de plantas superiores ou traqueófitas (do grego trachea – vaso), são as plantas terrestres que têm vasos condutores que transportam seiva e lhes permitem crescer, à semelhança dos vasos sanguíneos, artérias e veias presentes na maioria dos animais.

As plantas dividem-se em vasculares e avasculares. As avasculares não têm vasos condutores, o que limita o seu crescimento. Precisam de estar em contacto com água para sobreviverem e se reproduzirem. Fazem parte deste grupo as algas e os musgos.

As plantas vasculares, por terem vasos condutores, conseguem crescer mais, mantendo apenas as raízes com acesso a água, que é depois distribuída por toda a planta. Estão incluídas neste grupo a maioria das plantas terrestres.

Virgem (cortiça)

(do latim virgĭnem)

Nome dado à primeira cortiça que é extraída do sobreiro, por volta dos 20-30 anos, quando a árvore atinge um perímetro do tronco de 70 cm medido a 1,30m do solo. Não tem qualidade para a produção de rolhas, sendo usada, juntamente com as sobras e a cortiça secundeira, para a produção de outros produtos, como isolamentos, pavimentos, construção, moda, saúde, produção de energia ou indústria aeroespacial.

Volume de negócios

Conceito económico que reflete o montante obtido por uma empresa com a venda de bens e a prestação de serviços, durante um dado período. O montante obtido não inclui o Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA), nem outros impostos diretamente relacionados com as vendas e prestações de serviços.

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Xerófitas

(do grego xerós – seco e phyto – planta)

Plantas bem-adaptadas a viver com pouca água e que são comuns em ambientes secos, ou seja, existem principalmente nos desertos, dunas, campinas secas e nos lugares rochosos, onde a água é geralmente escassa. Estas plantas modificaram-se, estrutural e fisiologicamente, para impedir ou limitar a perda de água (poucas folhas, folhas espessas, folhas em forma de espinhos, entre outras), armazenar a água por mais tempo (como fazem os catos e outras plantas suculentas) ou levar mais rapidamente a água até às suas folhas (raízes profundas).

O sobreiro e a azinheira são exemplos de xerófitas de plantas de folha persistente, adaptadas às condições de clima e solo da Península Ibérica.

Xilema

do grego xylon – lenha, madeira

Tecido condutor que transporta água e sais minerais das raízes, onde são absorvidos, para a parte superior das plantas. Como o seu nome indica, localiza-se no interior dos troncos e forma o lenho ou madeira.

As plantas vasculares têm um sistema duplo de tecidos condutores: o xilema e o floema. O xilema é um tecido orgânico que conduz a seiva bruta (água e sais minerais) até às folhas, onde se realiza a fotossíntese. É constituído, essencialmente, por células mortas. Observando um corte horizontal no tronco de uma árvore, o xilema é a camada central. Esta camada divide-se em cerne – o interior constituído por células mortas com função de suporte e que costuma ser mais escuro – e o borne ou alburno, a parte do xilema que se mantém ativa no transporte e que tende a apresentar uma cor mais clara.

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Zonas de Intervenção Florestal (ZIF)

Área territorial contínua e delimitada, composta por explorações (maioritariamente florestais) de diversos proprietários e administrada por uma única entidade (Entidade Gestora da ZIF). Cada ZIF está submetida a um Plano de Gestão Florestal e cumpre o estabelecido nos Planos Municipais de Defesa da Floresta contra Incêndios.

Zonas húmidas

Áreas cobertas ou semicobertas de água, permanente ou temporariamente, e na qual existem plantas e solos encharcados. Podem ser zonas terrestres, como charcos, lagoas, rios e pauis rodeados por terra firme, assim como zonas costeiras, a exemplo de estuários, mangais, sistemas lagunares e até recifes de coral. De acordo com a definição da Convenção Ramsar, são áreas de pântano, charco, turfa ou água, natural ou artificial, permanente ou temporária, com água estagnada ou corrente, doce, salobra ou salgada, incluindo áreas de água marítima com menos de seis metros de profundidade na maré baixa. São zonas com importância ecológica, estética e cultural que fornecem serviços de ecossistema essenciais, como retenção de carbono, controlo de inundações e erosão, purificação de água, contribuição para reservatórios naturais de água doce, entre muitos outros.

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