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16.07.2020

Valor da silvicultura em 2018 cresceu 8%

Valor da silvicultura em 2018 cresceu 8%

O valor da produção da silvicultura cresceu 8% em 2018, totalizando 1379,67 milhões de euros, revelam os números provisórios do INE – Instituto Nacional de Estatística. A produção de cortiça e os serviços silvícolas aumentaram, respetivamente, mais de 25% e perto de 22% em valor. Estes foram os principais responsáveis pelo desempenho positivo do sector em Portugal.

A cortiça e os serviços silvícolas – que incluem, entre outros, florestação e reflorestação, limpeza e desbastes, corte e recolha de madeira (rechega de madeira) e construção de caminhos – deram o maior contributo para o desempenho positivo do sector da silvicultura em 2018, que cresceu 105,9 milhões de euros, ou seja, mais 8% em valor face ao ano anterior. Este incremento compensou o decréscimo de valor proveniente da produção de madeira.

A produção de cortiça, que tem vindo a crescer desde 2013, registou um aumento de 63 milhões de euros, mais 25,1% do que em 2017. Este valor reflete um aumento em volume (+6%) e preço (+18%), que resulta da venda de cortiça de qualidade superior para rolhas e outros produtos.

A prestação de serviços silvícolas e de exploração florestal viram o seu valor aumentar cerca de 71 milhões de euros, ou seja mais 21,7% relativamente a 2017. Este número resulta do aumento de 83,3 milhões de euros (+37%) em serviços silvícolas e de exploração florestal – principalmente do corte e rechega de madeira de madeira e da construção de caminhos corta fogos – que compensou uma diminuição de cerca de 12,4 milhões de euros (-12%) no valor de florestações e reflorestações.

Em 2018, decresceu em 4,8 milhões de euros o valor representado pela remoção de madeira de resinosas para fins industriais (-3,1%), revela o INE, embora os diferentes tipos de madeira registem comportamentos diferentes. A madeira para serrar (pinheiro-bravo para uso em mobiliário, construção, paletes e caixas) e a madeira para triturar (pinheiro bravo para aglomerados) tiveram ambas uma quebra na ordem dos 3%. Já a madeira para outros fins (que não serrar, triturar e energia – designada por outra madeira), teve uma quebra superior a 9%. Parte desta redução é atribuída pelo instituto oficial à diminuição de madeira existente em resultado dos incêndios de 2017.

O mesmo aconteceu em relação à disponibilidade de madeira de folhosas para fins industriais, cujo valor decresceu 9,1 milhões de euros (-3%), de 2017 para 2018. Embora a oferta de madeira para serrar tenha permitido um aumento de 350 mil euros (+7,6%), o valor da madeira para triturar (eucalipto para produção de pasta) decresceu 9,3 milhões de euros (-3,2%) e o da outra madeira diminuiu 120 mil euros (-6,5%), mantendo este segmento no vermelho.

O valor da madeira removida para energia (pellets, briquetes e lenha) também decresceu em 2,2 milhões de euros (-4,4%), uma realidade que o INE relaciona com a inatividade de algumas fábricas “que sofreram graves danos ou ficaram completamente destruídas durante os incêndios de 2017”. “A grande disponibilidade de madeira queimada” resultante dos incêndios desse ano motivou a baixa de valor, uma vez que levou a um aumento de matéria-prima para fins energéticos.

Produção de bens silvícolas
milhões de euros20172018 PoVariação %
Crescimento das Florestas* (variação de existências)90,060,5-32,7
Madeira de Resinosas para Fins Industriais153,7149,0-3,0
Madeira de Resinosas para Serrar133,8130,1-2,7
Madeira de Resinosas para Triturar13,312,9-3,0
Outra Madeira de Resinosas 6,55,9-9,1
Madeira de Folhosas para Fins Industriais297,5288,4-3,0
Madeira de Folhosas para Serrar4,64,97,6
Madeira de Folhosas para Triturar291,0291,0-3,1
Outra Madeira de Folhosas1,81,7-6,4
Madeira para energia51,148,9-4,3
Outros Produtos274,9336,122,2
Cortiça251,3314,325,0
Plantas Florestais de Viveiro5,84,5-21,3
Outros Produtos Silvícolas17,817,2-3,4
subtotal867,4883,11,8

* Variação de existências de madeira em pé e de cortiça na árvore entre o fim e o início do ano
Po = provisório
Valores a preços correntes; base 2016

Fonte: Contas Económicas da Silvicultura 2018, INE (2020)

No que diz respeito ao crescimento de valor dos serviços da silvicultura em 2018, parte significativa foi absorvida pelo próprio sector, cujo consumo intermédio representou mais 58 milhões de euros do que no anterior (+15%), em particular devido a um aumento muito expressivo do consumo de plantas (+76,4%) e serviços silvícolas (+36,8%). Esta é uma realidade que o INE relaciona com o aumento das operações de limpeza e desbaste de floresta e da recolha de sobrantes ou construção de caminhos corta-fogos.

milhões de euros20172018 PoVariação %
Consumo Intermédio369,2427,315,7
Valor Acrescentado Bruto (VAB)904,4952,35,2

Po = provisório
Valores a preços correntes; base 2016

Fonte: Contas Económicas da Silvicultura 2018, INE (2020)

Silvicultura em 2018: menos apoios e investimento em reflorestação

O valor gerado pelas atividades de florestação e reflorestação, que se suporiam tanto ou mais necessárias após os grandes incêndios de 2017, reduziu-se de forma acentuada em 2018. Embora as transferências de capital, ou seja, as dotações para investimentos, tenham aumentado muito (mais do que duplicaram), as ajudas pagas à produção – subsídios onde se incluem as ajudas à reflorestação – desceram bastante. O investimento em florestação e reflorestação seguiu o mesmo caminho, retornando ao nível mais baixo desde 2011.

Já o rendimento líquido das empresas em 2018 aumentou em 38,1 milhões de euros (+6%), contrariando a tendência de queda que se verificava desde 2015 e recuperando para níveis semelhantes aos de 2016. Relativamente ao volume de mão de obra, também este registou um ligeiro aumento (+2%), dando continuidade a uma trajetória positiva que se regista desde 2009.

Outros indicadores relevantes da silvicultura em 2018

milhões de euros20172018 PoVariação %
Transferência de capital20,342,7110,2
Outros Subsídios à Produção7,93,7-52,7
FBCF* Total128,2116,9-8,8
FBCF* em Florestação e Reflorestação76,866,5-13,3
FBCF* em Produtos não Florestais51,450,4-2,0
Rendimento empresarial líquido638,2676,35,9
Volume de Mão-de-Obra Silvícola Total**14,014,32,0

Po = provisório
* Formação Bruta de Capital Fixo ou investimento
** Expresso em 1000 ETC (equivalente tempo completo)
Valores a preços correntes; base 2016

Fonte: Contas Económicas da Silvicultura 2018, INE (2020)

Nota: O INE passou a ter como base para as estatísticas dos vários sectores de atividade (Contas Satélite) as Contas Nacionais Portuguesas de 2016 (em substituição das de 2011). A alteração data de setembro de 2019 e levou a alguns ajustes e revisões de dados constantes das Contas Satélite publicadas em anos anteriores.