Comentário

Sílvia Ribeiro

Educar para conhecer e respeitar a floresta portuguesa

É preciso que os nossos alunos conheçam as florestas portuguesas, tanto a sua localização geográfica, como o que dela recebemos e ainda a sua importância histórica e cultural em cada região do país. Este conhecimento ajuda-os a reconhecer o seu valor e a importância de respeitar a floresta.

No âmbito da Semana da Ciência e Tecnologia do Agrupamento de Escolas de Massamá foram convidadas algumas entidades e cientistas para dar a conhecer o que investigam e os seus contributos para o avanço do conhecimento, promoção da cultura científica e bem-estar da sociedade. Os convites feitos foram de acordo com os conteúdos lecionados nos diferentes anos de escolaridade.

Para as turmas de 5.º ano de escolaridade, como são abordadas as Áreas Protegidas, surgiu a ideia de convidar alguém que trabalhasse com as Florestas, não só para divulgar o património rico do nosso país, mas também para reforçar a necessidade de proteger e respeitar a floresta. Efetuaram-se então pesquisas e surgiu a plataforma Florestas.pt. Endereçamos o convite para virem à escola, que foi prontamente aceite, e duas responsáveis desta plataforma estiveram no nosso agrupamento em novembro de 2022.

 

A floresta, os seus produtos e serviços, nas suas múltiplas utilidades – económica, social, ambiental, lúdica e cultural – tem um papel fundamental na riqueza e bem-estar da nossa sociedade, que se tem tornado cada vez mais urbana e tecnológica. É preciso que os nossos alunos conheçam a floresta. Que saibam tanto a sua localização geográfica, como o que dela recebemos e ainda a sua importância histórica e cultural em cada região do país. Este conhecimento vai ajudá-los a estimar e respeitar a floresta.

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Como professores sentimos a necessidade de incorporar a temática florestal nas atividades escolares do ensino básico e de promover o envolvimento dos estudantes, podendo para isso utilizar diferentes formas de a abordar. Iniciativas como esta, de trazer à escola alguém que trabalhe nesta área, tornam-se uma forma ainda mais eficaz de captar a atenção dos nossos alunos. Porque só valorizamos e estimamos verdadeiramente o que conhecemos bem.

Levar a floresta aos jovens e os jovens à floresta

É preciso levar a floresta aos jovens para conseguirmos levar os jovens à floresta. E numa altura em que a tecnologia está tão presente nas nossas escolas, conhecer esta plataforma é uma mais-valia tanto para alunos como professores.

A grande riqueza desta plataforma é que reúne um conjunto muito vasto de informações e conhecimentos sobre os ecossistemas florestais portugueses e outros temas relacionados, tal como nos foi apresentado na sessão. É uma boa fonte de pesquisa para as nossas aulas, permite a exploração de dados de forma acessível e desafia-nos a conhecer, valorizar e cuidar da floresta portuguesa. É também um ponto de partida para “sair da sala de aula” e ir visitar estes ecossistemas. Há alunos que têm o privilégio de os poderem visitar com os Encarregados de Educação, mas muitos, o que conhecem, é através de visitas de estudo organizadas pelas escolas (temos alunos que não conhecem o Parque Natural de Sintra Cascais, por exemplo).

A Escola tem por isso um papel de formação fundamental que deve ser exercido e aproveitado em vários domínios que não apenas os dos saberes curriculares. A formação de cidadãos ativos e responsáveis é um objetivo de todos. O conhecimento e a educação de cariz florestal dos nossos jovens e suas famílias ao longo de todo o percurso escolar é condição necessária para ser formada uma relação saudável e proveitosa com o meio ambiente no qual nos integramos e este é um princípio base para podermos respeitar a floresta e a natureza.

Depois da sessão questionámos os alunos sobre a organização e potencialidades desta plataforma e até sobre o tipo de pesquisas que podiam ser realizadas. A secção “Descobrir” é a preferida dos alunos. Lemos artigos como “As gigantes da floresta” ou “Qual é a árvore mais antiga de Portugal?”. Na secção “Saiba mais”, analisámos o artigo “Quais são os efeitos das alterações climáticas que já se fazem sentir?” e fizeram-se cálculos sobre as variações de temperatura ao longo do século. Na secção “Conhecer”, investigaram quais “as espécies florestais mais comuns na floresta portuguesa”.

Entre as opiniões recolhidas junto destes alunos do 5.º ano, há quem afirme “Fiquei com vontade de ir passear para a floresta depois da sessão”, “Gosto muito da parte Descobrir e vou voltar a ler alguns artigos com os meus pais” e quem diga “Acho que este site podia ser mais direcionado às crianças”; “Não sei muito bem como fazer pesquisas” ou “Gostei muito da sessão, mas acho que o índice devia ser mais claro para chegarmos mais rapidamente ao que procuramos”.

Uma vez que os conteúdos que estão a ser trabalhados com estes alunos já não estão relacionados com esta temática, ficará para o próximo ano letivo a exploração da plataforma de uma forma mais regular.

Fevereiro de 2023

O Autor

Sílvia Ribeiro é professora no Agrupamento de Escolas de Massamá. É licenciada em Ensino Básico, variante Matemática e Ciências da Natureza. Apaixonada pela natureza, é frequentadora assídua de caminhadas e de percursos pedestres.