Apresenta-se aqui, como caso de estudo, a abordagem realizada na Freguesia de Sarnadas de S. Simão, no centro de Portugal, com 3100 hectares e uma vasta área de Reserva Ecológica Natural (REN) (59% dos 1822 hectares).
Para o efeito foi considerada a aplicação efetiva das recomendações e metas constantes nos planos sectoriais para a floresta (de nível nacional, regional e municipal), incluindo o Plano Regional de Ordenamento Florestal do Centro Litoral (ICNF, 2019), a atualização da Estratégia Nacional para as Florestas (Diário da República nº 24/2015), as Normas Técnicas de Elaboração e Planos de Gestão Florestal, da antiga Autoridade Florestal Nacional (AFN, 2009) e o Plano Municipal de Defesa da Floresta Contra Incêndios, (AFN, 2012).
Em 2007, a paisagem era dominada por floresta de pinheiro-bravo (dos 1817 hectares, 59% estavam ocupados pela espécie), com povoamentos maduros a sul e povoamentos jovens de regeneração pós-fogo a norte.
Foram produzidos os mapas de aptidão para 21 espécies florestais recomendadas para esta freguesia, dos quais se obteve um mapa final identificando seis zonas de aptidão regular e superior para as espécies que serviram de base para a conversão de espécies. O mapa de zonagem multifuncional identificou as áreas dedicadas à função de proteção.
Tendo por base o potencial produtivo da freguesia para o pinheiro-bravo, a zona sul, com pinhal maduro, foi organizada em 50 parcelas de gestão, enquanto a zona norte, com pinhal jovem, foi organizada em 21 parcelas de gestão. Foi considerado um ciclo de produção de 50 anos (abate aos 45 anos mais 5 anos para assegurar a regeneração natural).
O processo de regularização da produção ao longo de 50 anos inicia-se nas parcelas de gestão de pinhal mais velho para os mais novos. Assim, a parcela de gestão 16 será a primeira a ser abatida – com uma área de 20 hectares, 18 deles em área de proteção e, portanto, onde se realizará a conversão da espécie.
No ano seguinte outra parcela de gestão irá a corte, sendo avaliada a área de proteção para conversão da espécie, e assim sucessivamente até ao término do ciclo de 50 anos. Na zona norte, ao fim de 30 anos, pode iniciar-se a exploração do pinhal, compensando as perdas por conversão da espécie na zona sul.