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26.10.2020

EFI traça plano para uma “Bioeconomia Circular de Bem-Estar”

EFI traça plano para uma “Bioeconomia Circular de Bem-Estar”

O EFI – Instituto Europeu da Floresta acaba de apresentar um “Plano de Ação de 10 Pontos para uma Bioeconomia Circular de Bem-Estar”. O documento apela a uma ação coletiva e integrada para colocar a natureza no centro da economia e conduzir o mundo para um caminho sustentável.

Desafios globais como as alterações climáticas ou a perda de biodiversidade, a que se soma uma população em crescimento e cada vez mais urbana, exigem novas formas de produzir e de consumir, dentro dos limites do planeta. Com estas questões como pano de fundo, o “Plano de Ação de 10 Pontos para uma Bioeconomia Circular de Bem-Estar” apela a uma ação coletiva e integrada – desde líderes globais a investidores, passando por empresas, cientistas, governos, organizações intergovernamentais e não governamentais, agências de financiamento e sociedade – no sentido de encaminhar o mundo para uma trajetória sustentável.

Desenvolvido por uma equipa multidisciplinar de mais de 25 especialistas, o plano de ação para catalisar a bioeconomia circular de bem-estar é norteado por novas perceções científicas e tecnologias inovadoras provenientes de diferentes disciplinas e sectores.

 

10 princípios rumo a uma “Bioeconomia Circular de Bem-Estar”

Para alcançar esta Bioeconomia Circular de Bem-Estar, o Plano estabelece dez pontos de ação que sustentam uma relação sinérgica entre economia e ecologia: seis pontos de ação transformadora (do 1 ao 6) e quatro pontos de ação capacitante (do 7 ao 10), a implementar de forma integrada.

Os investigadores referem que a saúde e o bem-estar dos cidadãos são um forte incentivo para repensar a terra, bem como os sistemas alimentar e de saúde, transformar as indústrias e reimaginar as cidades. Ressalvam ainda que a sustentabilidade deve ser alcançada ao mesmo tempo que se garante uma prosperidade equitativa.

1. Foco no bem-estar sustentável
A atual economia de base fóssil, motivada pelo “crescimento a todo o custo”, deve ser substituída por uma economia voltada para o bem-estar sustentável, centrado nas pessoas e no ambiente. Tal significa substituir os indicadores económicos atuais (como o Produto Interno Bruto – PIB), centrados em transações de mercado, por novos indicadores de bem-estar sustentável, incluindo a saúde humana.

2. Investir na natureza e na biodiversidade
É essencial, para uma bioeconomia circular de bem-estar, investir na natureza e na biodiversidade através de duas estratégias:
• promover sistemas mais ricos em espécies na agricultura, na aquicultura e na silvicultura;
• proteger sistemas biodiversos contíguos para prevenir a extinção de espécies e a degradação da biodiversidade.

De relembrar que a bioeconomia circular permite também aumentar o valor da floresta.

3. Gerar uma distribuição equitativa da prosperidade
Ao contrário dos recursos fósseis, os recursos biológicos, como os que sustentam a agricultura ou a floresta, são geralmente detidos e geridos por muitas pessoas e distribuídos por áreas amplas de território. A bioeconomia circular, se codesenvolvida com a participação das comunidades locais, tem assim potencial para gerar uma distribuição equitativa da prosperidade.

4. Repensar holisticamente a terra, os sistemas alimentares e de saúde
Os sistemas alimentares são responsáveis por 21 a 37% das emissões globais de gases com efeito de estufa e um dos principais motores da desflorestação e da degradação dos solos. Gerir a ocupação do solo (agricultura, silvicultura, pântanos, bioenergia) de forma sustentável e holística pode contribuir em até 30% para o esforço global de mitigar as alterações climáticas e, em simultâneo, responder a desafios de saúde.

5. Transformar sectores industriais
A indústria é responsável, a nível global, por mais de 30% das emissões globais de gases com efeito de estufa. É urgente uma transformação do sistema para descarbonizar a indústria e aumentar a eficiência de recursos, através de soluções circulares e de baixo carbono com base em energia renovável e recursos biológicos sustentáveis.

6. Reimaginar as cidades através da ecologia
As Nações Unidas projetaram em 2018 que, até 2050, existirão mais de dois mil milhões de residentes em áreas urbanas. Adotar biomateriais, para fazer face às necessidades de novas habitações, poderá reduzir de forma substancial a quantidade de matérias-primas e a pegada de carbono das cidades. As soluções baseadas na natureza, como as florestas urbanas, a arborização e vegetação, têm um impacte positivo na saúde, enquanto reduzem “as ilhas” de aquecimento urbano.

7. Criar uma estrutura regulatória capacitadora
É necessária uma estrutura política favorável em diferentes escalas (negócios, cidade, regional, nacional, global), que garanta coerência entre políticas, incentivos e estratégias de conservação da natureza, clima, gestão das terras, resíduos e indústria.

8. Fornecer inovação com propósito às agendas políticas e de investimento
A inovação com propósito e missão é crucial para projetar o futuro da bioeconomia circular. Orientada pela natureza, leva as comunidades a envolverem-se através de processos que estimulam a cocriação de soluções.

9. Permitir acesso ao financiamento e aumentar a capacidade de assumir riscos
O acesso ao financiamento e a capacidade de assumir riscos são essenciais para a bioeconomia circular passar de nicho a norma. Isto porque integram múltiplos intervenientes económicos ao longo de complexas cadeias de valor: da proteção e gestão de ecossistemas naturais à produção alimentar e de biomassa, passando pela implantação de novas soluções sustentáveis de alta tecnologia.

10. Intensificar e ampliar a investigação e a educação
A investigação e o desenvolvimento (I&D) da bioeconomia circular precisa de ser transdisciplinar, ao combinar tecnologia e engenharia com sistemas complexos de pensamento. A investigação necessita de integrar a ciência com o conhecimento tradicional, os negócios, artes, design e humanidades.

Saiba mais sobre o “Plano de Ação de 10 Pontos para uma Bioeconomia Circular de Bem-Estar”.