O candidato que representa o nosso país, eleito pela votação dos portugueses, é um Eucalyptus globulus cuja plantação deverá remontar a 1878. Desde então, tornou-se numa árvore imponente, classificada como árvore de “interesse público”. Uma das suas características mais impressionantes é o perímetro do tronco, que mede 13 metros, o que significa que são precisas cerca de nove pessoas para o “abraçar”.
O eucalipto de Contige destaca-se também pela sua altura, 46 metros, o equivalente a um prédio de mais de 15 andares, e pela sua ampla copa de 34 metros – dimensões oficiais do ICNF – Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas.
Inscrita no livro Árvores monumentais de Portugal (1984), de Ernesto Goes, tem sido acarinhada pela população de Sátão e a sua localização levou até a alterar o traçado da estrada que liga Viseu ao centro da aldeia de Contige. É um marco neste percurso, erguendo-se bem visível à beira da estrada.
Além deste enorme eucalipto, vários Quercus, faias, plátanos, um teixo, uma árvore-da-borracha e até macieiras e pereiras estão na corrida ao pódio da Árvore Europeia de 2023:
Bélgica: a pereira belga (Pyrus communis) foi o centro de uma celebração local em Klerken – uma feira tradicional, com música e desfiles – em que os seus frutos eram oferecidos aos visitantes. Após 20 anos de interregno, a tradição será agora retomada.
Bulgária: um plátano (Platanus occidentalis), com 1050 anos, será a árvore mais antiga de que há registo em Varna, no Mar Negro. Contemporânea do Primeiro Império Búlgaro, resistiu a muitas provações, inclusive ao fogo. Diz a lenda que a sua energia cura todos os males.
Chéquia: uma pereira (Pyrus communis) com três séculos e uma história de resistência, é a candidata da Chéquia. Conseguiu prosperar e dar frutos em Drásov, lado a lado com uma mina de urânio, aberta nos anos 50 e cujos resíduos foram amontoados bem perto desta árvore.
Croácia: um velho (250 anos) e grande carvalho-alvarinho (Quercus robur) representa as muitas árvores que, como ele, estão em risco em Dreznica, num campo que as chuvas têm convertido em lago, deixando apenas visíveis os topos das árvores mais altas.
Eslováquia: é mais um carvalho-alvarinho (Quercus robur) com 700 anos, mas chamam a esta candidata a árvore europeia de 2023 carvalho dragão, em particular pelo aspeto grosseiro e escamado do seu enorme tronco, do qual saem fortes e ondulantes ramos.
Espanha: a azinheira de São Roque (Quercus ilex) é uma protetora dos caminhantes que, ao longo dos últimos 400 anos, percorreram a via principal entre Castela e o Mar Cantábrico. É a única sobrevivente do bosque que então ali existiu, entre muitas outras cortadas para carvão ou construção.
Estónia: uma faia-de-folhas-púrpuras (Fagus sylvatica ´Purpurea´), localizada na ilha de Hiiumaa, no Mar Báltico, persiste às adversidades do clima há 120 anos. Situada junto à igreja de Reigi, esteve, em tempos, no centro desta comunidade, que inspirou livros e até uma ópera.
França: a faia-europeia (Fagus sylvatica) eleita em frança é conhecida como “faia dos lamentos” e “faia dos encontros”. Destaca-se, com os seus longos ramos longos, pendentes e ondulantes, no topo de um parque público em Cassel, na Flandres.
Hungria: em vez de se erguer para o céu, este plátano (Platanus orientales) amparou-se na terra e cresceu na horizontal sobre as águas do lago Cseke, no jardim histórico de Tata. Chamam-lhe “plátano ponte” e há mais de 200 anos que resiste às fragilidades do solo húmido onde nasceu, simbolizando a importância de nunca desistir.
Itália: gigantesca e tentacular, a árvore-da-borracha (Ficus macrophylla) que representa a Itália foi introduzida no Jardim Botânico de Palermo em 1845, com dezenas de troncos secundários e raízes aéreas que se entrelaçam, suportando uma copa que se estende por quase três mil metros quadrados.
Letónia: outro carvalho-alvarinho (Quercus robur), com meio século, localizado em Seja Menor, serve de ponto de encontro para as celebrações dos solstícios, em noites animadas com luzes, música e a criação de coroas de flores.
Países Baixos: o carvalho que representa os Paises Baixos é um Quercus robur plantado por volta de 1800, por um nobre, mas pode ter um fim menos nobre. É a mais majestosa árvore de 800 que poderão ser abatidas pela expansão de uma autoestrada.
Polónia: candidata um carvalho (Quercus robur) com 180 anos e formas poucas comuns, localizado no campus da Universidade de Tecnologia de Lodz. Parece ter aberto os seus “braços” para envolver a natureza que o rodeia, com ramos que se estendem por muitos metros, a várias distâncias do solo.
Reino Unido: um teixo (Taxus baccata) que guarda, há meio século, as ruínas do mosteiro de Waverly, é a representante do Reino Unido. Além de antiga, a árvore destaca-se pelo emaranhado de raízes que se estendem à superfície.
Ucrânia: o tronco inicial da macieira (Malus domestica) há muito se perdeu, mas nem por isso esta “colónia de macieiras” morreu. Quinze pequenos troncos enraizaram-se e quando algum morre outro o toma o seu lugar, formando um emaranhado que se mantêm e renova há mais 220 anos. Ganhou, por isso, o título de monumento nacional em 1972.