37% das florestas das regiões temperadas e mediterrânicas europeias perderam o verde durante o verão de 2022, revela um estudo científico que relaciona meteorologia, clima e florestas, concluindo que a descoloração num dado verão resulta de eventos meteorológicos ocorridos nos três anos anteriores.
Durante o verão mais quente desde que há registo na Europa, o de 2022, a descoloração das florestas temperadas e mediterrânicas foi a mais extensa já observada, com 37% das árvores a perderem o verde em julho e agosto, como se o outono tivesse chegado mais cedo. As temperaturas elevadas e a seca registadas terão contribuído, nesse ano, para que muitas copas se tornassem acastanhadas prematuramente, mas a relação entre meteorologia, clima e florestas é mais complexa e não se explica apenas pelas condições meteorológicas de curto prazo.
A perda antecipada da coloração verde típica das florestas está relacionada com fenómenos meteorológicos específicos, que se repetem de forma consistente, durante um período de até três anos, concluiu uma equipa de investigadores do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique (ETH Zurich), no estudo “Meteorological history of low-forest-greenness events in Europe in 2002-2022”, publicado na revista Biogeosciences.
Nem todos os períodos de seca – mesmo que intensos e persistentes – fazem com que as florestas se tornem imediatamente acastanhadas, explicou o investigador principal do estudo, que estabelece uma relação (nunca antes estudada de forma sistemática) entre o declínio da floresta, as mudanças meteorológicas e as condições climáticas em contexto de aquecimento global.
Recorde-se que os eventos de perda de cor prematura são sintoma de aumento de stress e de perda de vitalidade das florestas, sinalizando também o declínio da sua saúde e o aumento de mortalidade das árvores, que causam a redução do coberto florestal.