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14.07.2021

Nova aplicação móvel dá a conhecer locais com aptidão para o sobreiro

Nova aplicação móvel dá a conhecer locais com aptidão para o sobreiro

Uma nova aplicação, desenvolvida pelo Centro de Competências do Sobreiro e da Cortiça, dá a conhecer a proprietários e gestores florestais quais os locais com melhor aptidão para o sobreiro. Futuramente, poderá disponibilizar informação mais aprofundada, nomeadamente sobre a quantidade e a qualidade da cortiça prevista em determinada plantação.

 

O Centro de Competências do Sobreiro e da Cortiça acaba de lançar uma aplicação para telemóvel que permite conhecer a aptidão para o sobreiro (Quercus suber) do território nacional e identificar os locais mais propícios à instalação de povoamentos desta espécie. Através da georreferenciação, proprietários e produtores florestais podem assim saber informações sobre o desenvolvimento potencial dos sobreiros, num determinado local.

Designada por “Cartografia de Aptidão para o Sobreiro”, a nova aplicação pode contribuir para o sucesso de futuras plantações em novas zonas. Basta um dispositivo móvel, como um smartphone, para aceder ao índice de qualidade da estação do sobreiro, ou seja, aos dados sobre a aptidão para o sobreiro de uma determinada área.

Numa primeira fase, a aplicação está apenas disponível para o sistema android. Futuramente, o Centro de Competências do Sobreiro e da Cortiça pretende alargar a informação sobre a aptidão para o sobreiro a outros sistemas operativos, mas não só. Estão previstas melhorias para permitir uma informação mais pormenorizada, relacionando-a, por exemplo, com a quantidade e a qualidade da cortiça, de acordo com a informação disponibilizada no webinar sobre “Investigação suberícola: que resultados para a gestão?”, no qual foi feito o lançamento da aplicação “Cartografia de Aptidão para o Sobreiro”.

Para descarregar aceda à Play store e digite Cartografia de Aptidão para o Sobreiro.

 

Índices de qualidade na base da app sobre aptidão para o sobreiro

 

Os dados e os modelos que servem de apoio a esta aplicação surgem de um trabalho científico coordenado por Joana Paulo, e que contou com a participação de vários investigadores do CEF e de um investigador do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I. P. (INIAV).

A aplicação destinada à consulta de informação geográfica sobre a aptidão do sobreiro teve por base a cartografia digital existente à escala nacional e foi desenvolvida a partir do modelo simplificado dos índices de qualidade publicados em “Predicting site index from climate and soil variables for cork (Quercus suber L.) stands in Portugal”.

Para conhecer as melhores localizações, foi usada uma escala dividida em quatro classes de aptidão – reduzida, média baixa, média alta e elevada -, as quais estão relacionadas com o crescimento da árvore. Deste modo, ao olhar para o mapa disponível na aplicação, as zonas assinaladas num tom de verde mais escuro apresentam maior aptidão para o sobreiro. As áreas sem informação correspondem a zonas sem aptidão ou sem informação de base que permita estimar essa capacidade.

A produtividade de cada local é avaliada em função de características do solo (como textura e profundidade), mas também da influência do clima, nomeadamente aspetos relacionados com a evaporação e a geada. Os resultados alcançados nos índices de qualidade confirmam o potencial de distribuição do sobreiro ao longo das zonas costeiras do norte de Portugal, uma localização na qual esta não é atualmente uma espécie comum, mas onde, segundo os registos históricos, ocorreu até meados do século XVI.

Um maior conhecimento sobre a distribuição do crescimento e da qualidade da cortiça carece de investigação mais aprofundada, através do estabelecimento de locais de experimentação de longa duração, nomeadamente nas zonas costeiras centro e norte do país.

 

Espécie de crescimento lento e de grande longevidade

 

O sobreiro, árvore com estatuto de espécie protegida, ocupa 720 mil hectares do território continental e representa 22,3% da nossa floresta, de acordo com dados do 6.º Inventário Florestal Nacional (IFN6, ICNF, 2019). Ou seja, os montados de sobro e azinho representam um terço da floresta nacional.

Valorizado desde a Antiguidade pelas qualidades da sua casca, esta árvore, que pode viver até aos 250 – 300 anos, tem também um relevante papel em outras vertentes, nomeadamente na conservação do solo, da água e da biodiversidade, assim como no sequestro e armazenamento de carbono (cerca de 20% do carbono total nas florestas portuguesas é retido pelo sobreiro), serviços de ecossistema fundamentais a nível nacional e internacional.

Atualmente, o montado de sobro corresponde a 23% da área nacional de Rede Natura 2000, a rede ecológica para o espaço comunitário da União Europeia que tem como finalidade assegurar a conservação a longo prazo das espécies e dos habitats mais ameaçados da Europa, contribuindo para reduzir a perda de biodiversidade.