Portugal recuperou oito posições em termos de desempenho climático, voltando ao lugar que ocupava em 2019, o 17º do Índice de Desempenho em Alterações Climáticas (sigla CCPI no original em inglês), que avalia 57 países espalhados pelo globo. Conjuntamente, as nações analisadas são responsáveis por 90% das emissões mundiais de gases com efeito de estufa (GEE).
Nas posições cimeiras do CCPI 2021 estão a Suécia, o Reino Unido e a Dinamarca, mas mesmo estes países não tiveram desempenho climático bom o suficiente para conquistar a melhor classificação deste Índice, cujos três primeiros lugares permanecem vazios.
Com o pódio vago, o CCPI 2021 e as organizações independentes que estão na sua origem – “Germanwatch, “NewClimate Institute” e “Climate Action Network” – deixam o alerta: “mesmo se todos os países estivessem tão comprometidos como os que estão atualmente nos lugares da frente, os esforços continuariam a ser insuficientes para prevenir alterações climáticas”. O mesmo será dizer que não chegariam para atingir as metas do Acordo de Paris: para limitar o aquecimento a 2 graus centigrados ou mesmo a 1,5º C.
O 17º sétimo lugar de Portugal – dentro do grupo de países com índice de desempenho elevado – coloca-o assim como o 14ª melhor país em desempenho climático, visto que as três primeiras posições deste índice se encontram vazias.
Refira-se que a grande maioria dos países com melhor avaliação são europeus, mas no “top 10” encontram-se também Marrocos, Chile e Índia. No final da lista, os EUA obtêm a mais fraca das classificações, fruto da retirada do Acordo de Paris e da inexistência de uma política climática nos últimos anos, não longe da Arábia Saudita, do Irão e do Canadá.
Resultados globais 2021
Fonte: CCPI 2021
Portugal obtém uma classificação muito semelhante à conseguida pela média da União Europeia, que ocupa a 16ª posição (13º melhor desempenho climático), pontuando acima da média europeia em duas das quatro grandes categorias avaliadas, “Energias renováveis” e “Política climática” e pior nas outras duas “Uso da energia” e “Emissões de GEE”. Refira-se que esta última área é que mais pesa na classificação final (40 pontos face a 20 de cada uma das três outras referidas).
Categorias | Pontuação | Classificação | Lugar no Índice |
---|---|---|---|
Política climática | 16,76 (em 20) | Alto | 6º |
Energia renovável | 8,41 (em 20) | Médio | 24º |
Emissões de GEE | 20,75 (em 40) | Médio | 31º |
Uso da energia | 10,87 (em 20) | Médio | 37º |
A classificação “Alto” é conseguida em apenas uma das quatro áreas analisadas: Política Ambiental. Nesta vertente, mereceram referência pela positiva as medidas fiscais verdes na área das energias renováveis e transportes, as políticas de eficiência energética na indústria e a nova legislação no sector florestal. São ainda referidas as novas propostas legislativas que deverão ir a voto em 2021, nomeadamente as que referem o fim da subsidiação aos combustíveis fósseis e a meta de 55% de descarbonização até 2030.
No entanto, mesmo nesta categoria em que Portugal tem melhor desempenho climático, os especialistas consideram haver espaço para melhorias significativas, por exemplo na eficiência energética e implementação de energia solar descentralizada, especialmente no setor residencial ou no imposto de carbono – avaliado como ineficaz.
Ainda nesta mesma área da política climática, mas a nível internacional, Portugal tem uma pontuação muito elevada nas avaliações de especialistas, o que o classifica como um dos primeiros nas negociações internacionais, graças ao seu compromisso com a neutralidade do carbono até 2050.
“Médio” foi a nota nas restantes categorias, embora no “Uso da Energia” e nas “Emissões de GEE” Portugal esteja muito perto do limite em que transitaria para uma avaliação “Baixa”.
“Portugal conseguiu melhorar significativamente a sua classificação, de muito baixa para média, na categoria de emissões de GEE”, refere a análise nacional feita pelo Índice sobre este indicador, recordando que a classificação do ano passado ainda estava fortemente impactada pelos grandes incêndios e seca de 2017. No entanto, ainda se regista tendência de crescimento das emissões GEE per capita quando se exclui o efeito das alterações da ocupação do solo e das áreas de floresta (sem LULUCF), o que levou a uma avaliação de “muito baixo” neste subcritério e fez descer a pontuação da categoria.
Quanto ao uso de energia renovável, a análise considera que se “registou apenas um aumento muito ligeiro”, embora o desempenho seja relativamente bom no que diz respeito ao peso das renováveis no uso da energia e também quando considerado este uso per capita.
Quercus e Zero são as duas organizações nacionais que colaboram para a informação e avaliação do Índice de Desempenho em Alterações Climáticas.