Bioeconomia
Simbiose significa viver em conjunto e esta palavra é usada para descrever interações em que existem trocas que beneficiam ambas as partes envolvidas. Simbioses industriais são, assim, formas de colaboração entre empresas que permitem ampliar os ganhos e benefícios – económicos, ambientais e sociais – relativamente aos que cada empresa teria se atuasse individualmente.
As simbioses industriais podem envolver trocas físicas e materiais, de energia, água e (ou) materiais secundários que sobram dos processos produtivos.
Quando uma empresa usa um subproduto de uma outra fábrica como matéria-prima está a evitar a entrada de novos recursos originais no ciclo produtivo e a trazer vantagens a todas as entidades que fazem parte da simbiose industrial:
– o que era anteriormente um resíduo que, consequentemente, seria eliminado, passa a ser um material secundário e a ter valor como subproduto, o que tem um valor económico associado;
– o preço do subproduto é menor do que o custo da matéria-prima original;
– ao reutilizar materiais secundários e subprodutos reduz-se a extração de recursos naturais.
Estas colaborações permitem melhorar a circularidade de processos e prolongar a vida das matérias-primas nos circuitos produtivos e ciclos de valor, enquanto abrem oportunidades de negócio. As simbioses industriais são, por isso, elementos estratégicos da bioeconomia circular.
A primeira simbiose industrial com uma aproximação circular à produção foi estabelecida em 1972, em Kalundborg, na Dinamarca. Neste ecoparque industrial, as empresas em proximidade colaboram para partilhar recursos e subprodutos. O principal objetivo é que um subproduto de uma companhia se torne o recurso de uma outra, reduzindo o desperdício.
Em Portugal, há vários exemplos de simbioses industriais.
É o caso em funcionamento no Eco Parque do Relvão, na Chamusca, onde baterias, óleo, lamas e outros subprodutos de metal, papel e cartão são trocados para reaproveitamento entre empresas diferentes.
Outro exemplo é a simbiose industrial entre a Lisnave, a Secil e a SEIA – Sociedade de Engenharia e Inovação Ambiental – para a reutilização de granalha de aço da Lisnave pela Secil.
Outro ainda é o da The Navigator Company que tem parcerias de colaboração para a circularidade e gestão de resíduos com a empresa SMI – Specialty Minerals Inc e com a Secil Britas e a Saint-Gobain, em Aveiro. No primeiro caso, o Complexo Industrial da Figueira da Foz recebe o excedente de lamas de carbonato de cálcio (subproduto do processo de produção de pasta de papel) e produz carbonato de cálcio precipitado, um aditivo que é depois usado na produção de papel de impressão e escrita (UWF); e no segundo caso, as areias das caldeiras de biomassa da produção de pasta (pasta para papel) são integradas em matérias de construção (como argamassa), evitando a utilização de areias de origem natural.