“Com o mundo a enfrentar ameaças crescentes, as florestas proporcionam soluções para os desafios globais”, refere o SOFO 2024 – “The State of the World’s Forest 2024”, da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). O relatório sublinha a inovação no sector florestal como elemento central para um futuro mais sustentável.
O SOFO 2024 atualiza os principais indicadores do estado das florestas no mundo e sublinha a importância da inovação que tem sido feita pelo sector florestal para a conservação, restauro e uso sustentável das próprias florestas, num contexto de desafios globais e Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
O nome deste novo relatório “The State of the World’s Forest 2024” – Forest-sector innovations towards a more sustainable future” destaca a importância da inovação neste sector e reforça a necessidade de a considerar num contexto abrangente que engloba novas tecnologias, mas também a adoção de modelos organizacionais e de financiamento capazes de promover soluções colaborativas e inclusivas.
O SOFO 2024 usa dados de estudos científicos recentes para atualizar números e tendências sobre o estado das florestas no mundo. Com eles destaca que, embora existam indicadores positivos – na desflorestação, por exemplo – a vulnerabilidade a pressões relacionadas com as alterações climáticas e as previsões sobre o aumento da procura por madeira reforçam a necessidade de inovar no sector florestal. E reforça que é preciso ampliar os bons exemplos de inovação para conseguir conciliar conservação, restauro e produções florestais, de forma sustentável.
– A desflorestação tem vindo a diminuir em alguns países com vastas áreas florestais, a exemplo da Indonésia (-8,4% de desflorestação entre 2021 e 2022) e Amazónia brasileira (-50% em 2023).
– Está a aumentar a vulnerabilidade das florestas a fatores de stress decorrentes das alterações climáticas, como as pragas e os incêndios.
Na Coreia, por exemplo, perderam-se 12 milhões de pinheiros devido ao nemátodo, em cerca de 25 anos. Apenas nos EUA, prevê-se que 25 milhões de hectares de florestas sofram perdas superiores a 20% da área basal das árvores devido ao ataque de insetos e doenças até 2027.
Em paralelo, o aumento da frequência e intensidade dos incêndios tem levado ao aumento das emissões de dióxido de carbono. Só no Canadá, em 2023, quase 7 mil incêndios queimaram 14,6 milhões de hectares, cinco vezes mais do que a média dos 20 anos anteriores. E as observações de satélite indicam que nesse ano foram emitidas globalmente 6,7 mil megatoneladas de CO2 pelos incêndios (mais do dobro das emissões da União Europeia relativas à queima de combustíveis fósseis no mesmo ano).
– A produção de madeira aumentou globalmente para níveis recorde, a rondar anualmente os 4 mil milhões de metros cúbicos: 2,04 mil milhões de metros cúbicos de toros e mais 1,97 mil milhões de metros cúbicos para combustível, em 2022, sendo a proporção para combustíveis maior nas regiões do globo onde grande parte da população depende de lenha e carvão para cozinhar, ferver água e aquecer-se (estima-se que 29% da população mundial esteja nesta situação).
– Embora a eficiência no uso da madeira tenha aumentado, as projeções indicam também que haverá aumentos significativos na procura de madeira e fibras florestais, de até 49% em 2050 (face a 2020), motivados em particular pela procura de toros de madeira (rolaria) e pelo contexto de transição para a bioeconomia.
– Quase 6 mil milhões de pessoas utilizam produtos florestais não lenhosos, em particular no chamado Sul Global (países em desenvolvimento e subdesenvolvidos, principalmente no hemisfério sul), e o comércio internacional de três destes produtos – pinhões, cogumelos e trufas – equivaleu a cerca de 1,8 mil milhões de dólares em 2022. Além de importantes na alimentação das populações, estes produtos representam uma oportunidade de rendimento para milhões de pequenos produtores florestais.
Tendo em conta estas realidades, o relatório sublinha a necessidade de motivar e dar escala à inovação florestal.