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Gestão Florestal

Como dar resposta sustentável à procura crescente de madeira?

A procura crescente de madeira é um dos principais desafios que proprietários, produtores, governos, comunidades locais, empresas, técnicos e investigadores precisam de enfrentar, numa lógica de cooperação transversal. A solução passará por tentar obter mais com menos, um dos princípios básicos do modelo de produção de intensificação sustentávelIsto implica manter o foco na florestação e reflorestação e melhorar a gestão das florestas existentes, de acordo com as características de cada local e ecossistema, com respeito pelos equilíbrios ambiental e social, de forma a assegurar a sua perenidade.

Estima-se que, em 2030, a população mundial chegue aos 8,5 mil milhões de pessoas. Em 2050, as previsões apontam para 9,7 mil milhões, segundo projeções do Departamento para os Assuntos Económicos e Sociais da ONU – Organização das Nações Unidas (2022).

A organização ambiental WWF – World Wide Fund for Nature antecipava que, em 2030, a procura por madeira possa exceder os 7,6 mil milhões de m3 (mais do dobro dos 3,4 mil milhões de m3 registados em 2010). Em 2050 a procura poderá chegar a 13 mil milhões de m3, segundo estimativa da FAO feita no Living Forest Report (capítulo 4).

Para responder a esta procura crescente de madeira serão necessários muitos hectares de floresta e um expressivo aumento da produção de madeira, sem pôr em causa a matéria-prima de futuras gerações nem destruir as florestas existentes. “Este desafio expande-se a toda a cadeia de oferta, desde onde e como a madeira é produzida e recolhida até quão sábia e eficientemente é processada, usada e reutilizada”, afirma a WWF.

Esta organização destaca alternativas para aumentar a produção e proteger as florestas do planeta, entre as quais:

Aumentar a área de floresta plantada gerida de forma responsável – serão necessários 251,8 milhões de hectares de novas plantações até 2050 para responder à procura por madeira. Este aumento da área de floresta plantada deve ser feito em terrenos degradados e/ou abandonados e não por substituição de florestas naturais e segundo as melhores práticas de gestão responsável (certificadas), para garantir a produtividade e o respeito pelos valores ambientais e sociais.

Utilizar tecnologia para uma produção mais eficiente – com processos tecnologicamente mais evoluídos de extração e transformação da madeira é possível obter mais produtos com a mesma matéria-prima. Há exemplos de serrações na Europa e América do Norte que alcançaram maior eficiência do que a média mundial. Em 2002, a indústria da pasta e papel estava a usar, em média, 3,6 vezes cada fibra, por via da reciclagem, indica a CEPI – Confederação das Indústrias Europeias de Papel. Além disso, a utilização de plantas e sementes geneticamente melhoradas permite produzir mais com o mesmo número de plantas, de acordo com os princípios da intensificação sustentável.

Proteger a floresta natural – com a procura intensa por madeira, haverá maior pressão sobre a floresta natural: estima-se que seja necessário um aumento de até 25% da área atual de floresta natural gerida para a produção comercial de madeira. No entanto, nem todas as florestas naturais reservadas à produção são comercialmente viáveis e muitas estão degradadas pela extração excessiva de madeira. Perante o risco de impacte ambiental e social, o aumento de novas áreas destinadas às plantações florestais “pode reduzir a pressão de dedicar áreas de floresta natural à produção”.

Consumir de forma responsável e reciclar – o aproveitamento de resíduos de matéria-prima ao longo da cadeia de produção e a incorporação de papel reciclado na produção de papel e de outros materiais são algumas das estratégias para responder à procura crescente de madeira. Segundo dados do Portal de Estado do Ambiente, em 2020, a taxa de reciclagem de embalagens de papel e cartão situou-se nos 66% (como termo de comparação, a taxa de reciclagem do vidro foi de 53%, de plástico de 34% e de metal 47%, no mesmo ano). Segundo a CEPI, a reciclagem de papel na Europa ultrapassou os 50 milhões de toneladas pela primeira vez em 2021. Nos destaques do seu Relatório de Sustentabilidade (janeiro de 2022), identifica a Europa como o maior reciclador de papel no mundo, com uma taxa de 73,9%, face a 58,6% de média global.

O conceito de bioeconomia circular leva este conceito ainda mais longe, promovendo não só a reciclagem, mas a reutilização de sobras e subprodutos (que em tempos eram considerados resíduos), tirando o máximo partido dos materiais e diminuindo os desperdícios.

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