Como seria o nosso território se, quando eu era criança, tivéssemos tido a capacidade de gerir as nossas florestas? Não sei…, mas sei que temos de fazer algo já. Não podemos perder mais tempo.
Bastam-nos alguns minutos de pesquisa para perceber que sabemos muito sobre a nossa área florestal, as espécies, o solo… Desafio o leitor a dedicar algum tempo a alguns dos “Comentários” aqui deixados e ficamos com a certeza de que temos profissionais com toda a competência necessária para mudar o cenário atual.
Dos 92,225 mil km2 de território nacional, 33 mil Km2 (36%) correspondem a área florestal, mas apenas 5 mil km2 (15%) têm gestão certificada. A esmagadora maioria da área florestal, aproximadamente 30 mil km2 (91%), pertence a privados e apenas 9% são públicas (3% são áreas públicas e 6% comunitárias), o que constitui um desafio acrescido.
O tempo não volta atrás…. Pelas primeiras linhas deste texto percebem-se os motivos da desertificação do interior, da fragmentação das propriedades e do seu abandono. Mas não tem de ser assim. Acredito que a atual geração de proprietários prefere ter uma propriedade bem gerida, por profissionais habilitados, do que um pedaço de território com o qual não sabe bem o que fazer, que acarreta despesa e não proporciona rendimento.
Estou ciente do quão acesa pode ser uma discussão sobre espécies florestais em Portugal. Culpam-se espécies vegetais pelos incêndios e todos parecem ter uma opinião formada sobre o tema…
Eu não tenho. Quero acreditar que há espaço para tudo: plantações de espécies florestais para produção e áreas de preservação e conservação. Mas é preciso planear, estudar onde podemos ter umas e outras e ter coragem para decidir, mesmo sabendo que não será possível agradar a todos. Somos um povo razoável, desde que saibam explicar-nos, de forma clara, as decisões. É preciso confiar nos nossos especialistas, detentores do saber científico necessário. É preciso exigir aos responsáveis políticos o compromisso e a ética de tomarem decisões que visam o interesse coletivo e o bem-estar das atuais, mas também das futuras gerações.
O leitor poderá considerar este texto demasiado otimista, porventura fantasioso. Se assim é deve-se ao facto de viver os meus dias no futuro. Sou professora, o que significa que trabalho diariamente na construção do amanhã, com alunos ponderados, críticos e exigentes. São jovens, não podem decidir, mas viverão com o resultado das decisões que tomamos hoje. Não podemos perder ainda mais tempo!