Cascais Ambiente e Laboratório da Paisagem foram duas das entidades distinguidas pelo 4.º Prémio Floresta é Sustentabilidade, uma iniciativa da associação Biond, que destacou ainda a TVI, o Diário de Coimbra e a Escola Profissional de Agricultura e Desenvolvimento Rural de Cister.
Economia e sociedade, Inovação, Jornalismo e Escola foram as quatro grandes áreas em destaque no 4.º Prémio Floresta é Sustentabilidade, uma iniciativa bienal que, em abril de 2024, voltou a distinguir as entidades que se distinguiram direta e indiretamente por dar a conhecer a importância da floresta e do sector florestal, assim como por serem um modelo de atuação e de boas práticas florestais.
A iniciativa deste Prémio é da Biond – Forest fibers from Portugal, associação que junta várias bioindústrias de base florestal em Portugal, e é desenvolvida em colaboração com o Jornal de Negócios e o Correio da Manhã, com o apoio da PwC.
Esta foi a quarta edição destes galardões dedicados às organizações que promovem a sustentabilidade da floresta nas suas três dimensões: económica, social e ambiental, um “triângulo” cuja importância foi sublinhada pela presidente do júri, Assunção Cristas, na cerimónia de entrega de prémios: “se há um sector, uma fileira, que é verdadeiramente sinónimo de sustentabilidade entre nós, essa é a fileira que aqui hoje nos reúne. É a fileira da floresta e das bioindústrias de base florestal, que em torno da floresta naturalmente se desenvolve, que cuida da floresta, que planta a floresta e que a gere de forma responsável e de forma sustentável”.
Nesta quarta edição são cinco os vencedores destes prémios, já que na categoria de Jornalismo foi feita uma dupla distinção, para imprensa escrita e televisão. Em todas as categorias este 4.º Prémio Floresta é Sustentabilidade atribuiu também menções honrosas.
Cada vencedor recebeu um prémio pecuniário, de 5 mil euros, e na categoria Escola o vencedor terá ainda formação em produção e edição de vídeo, complementada por um conjunto de visitas de estudo a organizações do sector florestal e da área dos média.
Conheça em seguida as organizações vencedoras, as que foram destacadas com menções honrosas, e os trabalhos que lhes mereceram estas distinções.
Na categoria Economia e Sociedade, o 4.º Prémio Floresta é Sustentabilidade distinguiu a EMAC – Empresa Municipal de Ambiente de Cascais, mais conhecida como Cascais Ambiente. Trata-se de uma empresa municipal prestadora de serviços à Câmara Municipal de Cascais, que tem um âmbito de atuação muito amplo, desde a recolha de resíduos urbanos às atividades de conservação de natureza.
O prémio é atribuído pelo trabalho desenvolvido nesta última vertente, em particular na componente de sustentabilidade e educação ambiental, e pela forma como a Cascais Ambiente tem vindo a sensibilizar e envolver a comunidade para questões centrais, como as das alterações climáticas e do risco de incêndio, provendo novos comportamentos na utilização e usufruto dos espaços naturais.
Entre os vários espaços verdes sob responsabilidade desta empresa, João Cardoso Melo, Diretor de Gestão da Estrutura Ecológica Cascais Ambiente destaca a Quinta do Pisão, em Alcabideche. Após um projeto de recuperação que se iniciou em 2011, este parque com 380 hectares é uma referência para a educação e conservação, onde se têm reforçado as relações com a comunidade – escolas, famílias, empresas e voluntários em geral – através de atividades e oficinas de natureza que já contaram com mais de 17 mil voluntários e que, anualmente, têm vindo a envolver mais de 25 mil alunos.
Recorde-se que esta categoria recai sobre projetos e/ou negócios sustentáveis e de educação ambiental e florestal, que devem refletir atributos como uma gestão responsável da floresta, boas práticas em operações florestais e relevância em termos sociais e ambientais.
Nesta categoria, o 4.º Prémio Floresta é Sustentabilidade atribuiu duas menções honrosas:
– Guadimonte – Cooperativa Agrícola Supramunicipal. Fundada em 2021, após o grande incêndio em Castro Marim, está a fazer a recuperação de solos degradados e a sua replantação, recuperando parte da zona afetada pelas chamas.
Centro do Clima – Desenvolve o projeto Bosques pelo Clima, com o qual está a criar uma rede de bosques no conselho da Póvoa do Varzim, para recuperar áreas degradadas e replantá-las com espécies autóctones. O objetivo é que estes bosques funcionem como laboratórios vivos, que permitem testar soluções com potencial para alargar a todo o território.
Fundado em 2014 pelo Município de Guimarães e pelas Universidades do Minho e de Trás-os-Montes e Alto Douro, o Laboratório da Paisagem centra a sua atividade na investigação e educação ambiental. Entre os projetos que desenvolve, o vencedor deste 4.º Prémio Floresta é Sustentabilidade, intitulado “Sem Invasoras”, foca-se nas espécies de plantas invasoras.
Na vertente da educação, o Laboratório da Paisagem trabalhou na sensibilização e capacitação da comunidade para o impacte das espécies invasoras nos ecossistemas, envolvendo-a também nos trabalhos de campo. Já na componente de investigação, testou a eficácia da utilização de mantas orgânicas e malhas biodegradáveis no controlo e eliminação de uma erva específica e de difícil controlo: a sanguinária-do-japão (Fallopia japonica ou Reynoutria japonica).
Os resultados são promissores e a equipa quer agora ampliar o trabalho a outras regiões, refere Ana Pinheira, investigadora do Laboratório da Paisagem, para compreender se a eficácia deste método se mantém em locais com condições ambientais distintas, e encontrar outros materiais que, numa perspetiva de economia circular, possam aplicar-se à gestão desta e de outras espécies problemáticas.
Refira-se que esta categoria, que reconhece projetos inovadores nas áreas das ciências exatas, sociais, humanas, naturais, entre outras, atribuiu também duas menções honrosas:
– AguiarFloresta – Associação Florestal e Ambiental de Vila Pouca Aguiar, com o projeto Life Maronesa, que recorre a um modelo inovador para a gestão desta raça bovina e seus territórios, criando condições para apoiar a gestão sustentável de lameiros e montanha.
– CoLab ForestWise – Laboratório Colaborativo para a Gestão Integrada da Floresta e do Fogo, que mereceu destaque por projetos de desenvolvimento de novas tecnologias nas áreas da inventariação florestal e da digitalização das operações florestais.
Com dois prémios distintos, para TV e imprensa escrita, o 4.º Prémio Floresta é Sustentabilidade distinguiu:
– Em televisão, uma reportagem de Manuel Alegre Portugal sobre a importância da gestão florestal e prevenção do fogo, centrada na atividade da Afocelca, uma força ao serviço de plantações florestais privadas, mas que atua muito para além das fronteiras dos seus proprietários, nomeadamente no combate a incêndios, em que é chamada a intervir nas zonas florestais de terceiros, incluindo públicas, em que os seus dispositivos possam ajudar.
– Na Imprensa, o trabalho de Joao Luís Campos, do Diário de Coimbra, sobre a reflorestação que está a ser feita em Pedrógão Grande, nas áreas afetadas pelos incêndios mais graves de sempre, em 2017. O jornalista destaca os “muitos bons exemplos” que encontrou, com muitas áreas já limpas e replantadas, e as parcerias realizadas para esta recuperação – que permitem escala e resultados – a ser bem acolhidas pelas populações e as empresas locais.
As menções honrosas foram para:
– TV: Uma reportagem da RTP sobre a importância e valor do pinhal-bravo para a biodiversidade e resiliência da floresta portuguesa. Esta peça, que pode ser aqui revista, é da autoria da jornalista Daniela Santiago, tem imagem de Hugo Antunes e edição de Samuel Freire.
– Imprensa: Um trabalho do Jornal Público, assinado por Aline Flor, sobre Árvores Monumentais, que se centra em três grandes carvalhos e na vida – humana, vegetal e animal – que se reúne à sua volta. É um trabalho com imagem e vídeo e Bernardo Lopes, guiado pelo biólogo João Gonçalo Soutinho, sobre a importância e a necessidade de valorizar estas “Gigantes Verdes”.
O objetivo desta categoria era distinguir trabalhos jornalísticos que contribuíssem para a divulgação de projetos, trabalhos, investigação ou iniciativas relacionadas com a temática florestal associada às bioindústrias representadas pela Biond.
Neste 4.º Prémio Floresta é Sustentabilidade, a categoria Escola destinou-se a reconhecer projetos de alunos do 9.º ano e secundário, sob o mote “O valor da Floresta em 3 minutos”.
O prémio foi para a Escola Profissional de Agricultura e Desenvolvimento Rural de Cister, em Alcobaça e deveu-se a dois projetos:
– O projeto Percurso Verde, que é hoje um percurso aberto à comunidade, foi desenvolvido por uma turma do curso técnico de Recursos Florestais e Ambientais, que fez o levantamento das árvores autóctones da área verde da escola e o documentou.
– O projeto das cabras sapadoras, que juntou produção animal e floresta, com a preparação e vedação de 1,6 hectares de floresta, onde vivem seis cabras sapadoras e as suas crias. Pretendem, na continuação deste projeto, instalar uma bomba de água, alimentada a painéis fotovoltaicos, para assegurar a água a estes animais.
Os dois projetos foram complementados com um circuito de manutenção, com equipamentos para atividade física, e outro circuito de orientação, que todos os visitantes podem realizar.
As menções honrosas foram também para outras duas escolas profissionais:
– Escola Profissional de Agricultura e Desenvolvimento Rural de Vagos (EPADRV) – com a instalação de equipamentos de energia renovável e a comunidade escolar envolvida na limpeza da floresta para promover a prevenção de incêndios.
– Escola Profissional de Vila do Conde (EPVC) – pelo projeto Monstro Lixo, uma iniciativa baseada na recolha de resíduos e na construção e exposição de monstros gigantes, que dão a conhecer, de forma lúdica, os 3 Rs – Reduzir, Reutilizar e Reciclar. Com base nesta ideia, os alunos criaram a sua própria start-up de animação sociocultural, cuja principal mensagem, junto da comunidade e de outras escolas, passa por divulgar a importância da limpeza dos terrenos e motivar as populações para agir, contribuindo para termos “as nossas florestas livres do fogo”.