Já está disponível o relatório final do 6.º Inventário Florestal Nacional, que completa a versão preliminar lançada em junho deste ano. O documento, disponibilizado a 21 de novembro pelo ICNF – Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, apresenta informação detalhada sobre a floresta portuguesa (relativa a 2015).
O relatório completo vem aprofundar os principais resultados já conhecidos em relação à ocupação do solo e principais espécies florestais. Dividido em cinco grandes temas – uso/ocupação do solo, estrutura dos povoamentos, produção florestal, condição dos povoamentos e diversidade biológica -, o Inventário Florestal Nacional apresenta ainda dados para as Regiões Autónomas dos Açores e Madeira, assim como informação detalhada por NUTS II e NUTS III (nível regional e comunidades intermunicipais em Portugal Continental) para os principais atributos e indicadores em análise.
Com 284 páginas de informação estatística, o 6.º Inventário Florestal Nacional traça um retrato pormenorizado da floresta portuguesa. Estas são algumas das principais conclusões:
– A floresta ocupa 36% do solo nacional (Continente + Regiões Autónomas). Esta é a principal ocupação do solo, seguida de matos e pastagens (31%) e agricultura (24%).
– A distribuição das grandes ocupações do solo é relativamente semelhante em Portugal Continental e na Madeira. A exceção vai para os Açores, onde a agricultura mobiliza 60% do território e a floresta tem menor expressão (21%).
– As espécies florestais autóctones constituem 72% da floresta nacional. Um terço da floresta corresponde aos montados de sobro (Quercus suber) e azinho (Quercus ilex), a formação florestal com maior expressão no território.
– Em média, 86% dos povoamentos da floresta nacional apresentam um bom estado de vitalidade, com 9% em mau estado e 5% em estado razoável. Por espécie, os pinheiros-mansos (Pinus pinea) têm maior percentagem de povoamentos em bom estado (98%). Em sentido inverso, as alfarrobeiras (Ceratonia siliqua ) apresentam mais povoamentos em mau estado (37%).
– As acácias e háqueas, canas e chorão-das-praias são as espécies invasoras com maior presença no território nacional.
– 20% dos pontos de amostragem em florestas são habitats (que se estendem para além dos terrenos classificados com estatuto de conservação), dos quais 14% apresentam bom estado de conservação. Na floresta, os habitats com maior expressão são os que derivam de montados de quercíneas (4%) e sobreirais (4%).
Disponibilizado este mês, o 6.º Inventário Florestal Nacional já está desatualizado face ao que é hoje a floresta nacional. O motivo é simples: o processo de caracterização da floresta é complexo e baseado em recolha de dados com intervalos de 10 em 10 anos (imagens aéreas e medições da vegetação no terreno). Durante este tempo, os ecossistemas vão-se alterando em função de dinâmicas naturais e de fenómenos como incêndios ou pragas e doenças.
Este 6.º Inventário diz respeito a dados recolhidos em 2015. Mesmo assim, e tendo em conta a severidade dos incêndios rurais de 2017 (incluindo Pedrógão Grande) e 2018 (Monchique), o documento inclui ainda estimativas da área ardida e volume/biomassa arbórea afetada (296 mil hectares, no total).
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