“Floresta e biodiversidade: demasiado preciosa para desperdiçar” é o lema da FAO – Organização da Alimentação e Agricultura das Nações Unidas, para assinalar do Dia Internacional das Florestas, que se celebra a 21 de março de 2020.
O culto das árvores será tão antigo como a humanidade e não é de estranhar que a árvore seja um elemento comum a tantas mitologias e lendas por todo o mundo, associadas a narrativas sobre o princípio da vida, a ligação entre o mundo terreno e o divino ou a fertilidade feminina. “A árvore da vida é provavelmente o mito mais antigo da humanidade e possivelmente o mais universal”, refere um artigo publicado pela FAO sobre o simbolismo das árvores e da floresta.
Embora com diferentes significados, árvores e florestas têm sido celebrados pelas mais diversas civilizações. Em paralelo, a introdução de árvores em locais onde estas não eram abundantes – por razões naturais ou devido à utilização humana intensiva – há muito motivou ações cívicas de plantação e replantação, como o Arbor Day, instituído em 1872, no Nebraska, EUA, ou a Festa da Árvore, em Portugal, assinalada em 1907 pela primeira vez.
Em meados do século XX, dezenas de países tinham os seus dias ou semanas dedicados às árvores e florestas, mas foi só em 1971 que os Estados Membros da FAO apoiaram a criação de uma efeméride global comum – o Dia Mundial das Florestas. A proposta foi que essa efeméride se assinalasse a 21 de março, data de início da primavera (no hemisfério norte), estação do ano em que a natureza se revela em toda a sua cor e beleza.
Em 2012, as Nações Unidas declararam a mesma data como Dia Internacional das Florestas e encorajaram os Estados Membros a organizar atividades relacionadas com todos os tipos de florestas, como a plantação de árvores e o uso de arte, fotografia e vídeo para promover a consciencialização dos cidadãos para a importância das florestas.
Floresta e biodiversidade: demasiado preciosa para desperdiçar
Todos os anos, a FAO destaca um tema específico no Dia Internacional da Floresta. Em 2020, o 21 de março é dedicado à biodiversidade e à ideia de que a biodiversidade florestal é demasiado preciosa para ser desperdiçada. A mensagem é transmitida neste vídeo (em língua inglesa) e na breve mensagem que aqui traduzimos:
“As florestas cobrem um terço da superfície terrestre e desempenham funções vitais em todo o mundo. Cerca de 1,6 mil milhões de pessoas – incluindo mais de duas mil culturas indígenas – dependem das florestas para a sua subsistência, medicamentos, combustível, alimentação e abrigo.
As florestas são os ecossistemas com maior diversidade biológica na terra, lar de mais de 80% das espécies de animais terrestres, plantas e insetos.
No entanto, apesar de todos estes inestimáveis benefícios ecológicos, económicos, sociais e de saúde, a desflorestação global continua a um ritmo alarmante – 13 milhões de hectares de floresta são destruídos anualmente. A desflorestação é responsável por 12 a 20% das emissões globais de gases de efeito estufa que contribuem para as alterações climáticas.
O Dia Internacional das Florestas realiza-se anualmente a 21 de março para reforçar a importância das florestas para as pessoas e o seu papel vital na erradicação da pobreza, na sustentabilidade ambiental e na segurança alimentar. A gestão sustentável de todos os tipos de florestas é a questão central para dar resposta aos desafios dos países afetados por conflitos, dos países em desenvolvimento e dos países desenvolvidos, para benefício das suas atuais e futuras gerações.”
Da Festa da Árvore ao Dia Internacional das Florestas
Em Portugal, as primeiras comemorações dedicadas à Árvore e à Floresta iniciaram-se com a Festa da Árvore, que foi promovida no Seixal, pela então Liga Nacional de Instrução, no dia 26 de maio de 1907, revela a publicação “Da Festa da Árvore ao Dia Mundial da Floresta”. A 19 de dezembro do mesmo ano, a Câmara Municipal de Lisboa organizou um segundo Dia da Árvore na capital.
Fonte: Da Festa da Árvore ao Dia Mundial da Floresta, José Neiva Vieira
As datas eram assinaladas para destacar os benefícios da árvore e da floresta e para motivar a plantação de árvores. Este objetivo justificava-se dada a realidade portuguesa, marcada por uma significativa desarborização e necessidades crescentes de madeira. A publicação explica, a propósito: “ao longo do século XIX tinha-se processado uma significativa desarborização de folhosas, nomeadamente carvalhos e castanheiros, as serras do interior estavam profundamente erosionadas e era necessário secar pântanos e fixar dunas através da arborização”.
Até 1917, a Festa da Árvore realizou-se um pouco por todo o país – Alcobaça, Amadora, Aveiro, Castelo Branco, Coimbra, Leiria, Lisboa, Lousã, Porto, Santarém e muitas outras terras –, com alguns anos mais conturbados e movimentos pró e contra esta festa pagã após a instauração da República.
Devido à instabilidade política e à cultura do Estado Novo, passou-se quase meio século até as celebrações serem retomadas, o que só aconteceu em 1970, no “Ano Europeu da Conservação da Natureza”. Desde então, as celebrações sucedem-se anualmente e, desde 1974, assumiram a designação então adotada internacionalmente, na altura de Dia Mundial das Florestas e, atualmente, de Dia Internacional das Florestas.