Uma equipa de investigação efetuou um estudo de campo, de longa duração, numa floresta temperada dos Estados Unidos – Floresta de Harvard, em Massachusetts – e descobriu que os níveis de carbono no solo florestal se mantêm estáveis – e podem mesmo reforçar-se na camada superficial – sob a ação combinada de dois fatores de stress associados às alterações climáticas: aumento da temperatura e de azoto.
O incremento da temperatura e a deposição atmosférica de compostos de azoto, que estão, respetivamente, mais de 1°C e 10 vezes acima dos níveis pré-industriais, são reconhecidos como duas das pressões mais impactantes no contexto das alterações climáticas e como dois fatores chave do processo de armazenamento de carbono no solo florestal em zonas de clima temperado.
Neste sentido, têm sido feitos estudos sobre o efeito de cada um destes fatores de stress, a maioria de curta duração. Faltavam, no entanto, análises de longo prazo e que considerassem o efeito dos dois fatores combinados, simulando situações mais próximas das que se registam nos ecossistemas. Refira-se que, quando estudados isoladamente, estes fatores de stress têm efeitos opostos.
Este estudo analisou os impactes combinados do aumento da temperatura e dos níveis de azoto na atmosfera (maioritariamente decorrentes da queima de combustíveis fósseis), duas variáveis cuja ação combinada e impacte real no mais importante reservatório terrestre de carbono – o solo – era desconhecida.
Ao estudar os dois efeitos em simultâneo (aumento da temperatura e do azoto), o trabalho publicado na revista científica Nature Ecology and Evolution, revelou pistas inéditas e contrárias ao que indicavam alguns resultados dos estudos feitos individualmente a cada um destes fatores de stress, sugerindo que o carbono no solo florestal pode ser mais resistente do que se pensava aos efeitos combinados do aumento da temperatura e do azoto.