Adotada como Tratado Internacional a 2 de fevereiro de 1971, em Ramsar (Irão), nas margens do mar Cáspio, a Convenção Ramsar foi o primeiro acordo moderno multilateral sobre ambiente e o único que se dedica a um ecossistema específico – as zonas húmidas, que englobam tanto áreas costeiras de água salgada como zonas interiores de água doce, permanentes e temporárias.
O dia 2 de fevereiro começou a ser assinalado logo na década de 70 (século XX), mas foi já no século XXI que as Nações Unidas o declararam Dia Mundial das Zonas Húmidas. Em 2025, 172 países – subscritores desta Convenção – assinalam a data, assumindo o seu empenho na conservação e uso racional e sustentável das zonas húmidas classificadas nos seus territórios.
Com o objetivo de sensibilizar a população para a importância das zonas húmidas e de as proteger, o ICNF – Instituto da Conservação da Natureza e Florestas revela que 35% destes ecossistemas se perderam globalmente desde 1970 (percentagem que se eleva a mais de 85% se recuarmos a 1700) e que uma em cada três espécies de água doce, assim como 25% de todas as espécies das zonas húmidas enfrentam a extinção, devido à deterioração destas zonas.
O relatório Ramsar mais recente (de 2021, elaborado nos 50 anos da Convenção) indica que as zonas húmidas estão a desaparecer a um ritmo três vezes superior ao das florestas. Recorde-se que a presença de florestas em zonas húmidas, principalmente em zonas de água doce (cursos de água, lagoas, albufeiras, entre outras) é um fator que influencia a disponibilidade da água e a sua qualidade, uma vez que as árvores promovem a circulação, filtração e purificação da água, nomeadamente da água para consumo humano.
A perda de zonas húmidas é atribuída principalmente à sua conversão em áreas agrícolas e o relatório alerta também para os efeitos das alterações climáticas, com consequências mais rápidas do que se antecipava. Refira-se que a preservação e restauro destes ecossistemas é crítica na luta contra as alterações climáticas sob diversas perspetivas. Por exemplo, sob as águas de mangais, turfeiras e pauis estão armazenadas grandes quantidades de gases com efeitos de estufa – incluindo carbono e metano – que são libertados para a atmosfera à medida que estas zonas se perdem (alimentando a subida da temperatura); e os rios e outras zonas húmidas de água doce (lagos e albufeiras, por exemplo) absorvem o excesso de águas em caso de tempestades e fenómenos extremos de chuva, prevenindo cheias e reservando água que é essencial em períodos de seca prolongada.
“O valor global dos serviços de ecossistemas das zonas húmidas para a saúde, segurança e bem-estar humanos está estimado em 47,4 mil milhões de dólares por ano”, destaca.
Neste sentido, o Secretariado da Convenção Ramsar e o ICNF apelam ao envolvimento da população na proteção das zonas húmidas, desafiando países, organizações não governamentais e cidadãos a promover eventos que assinalem a data e a partilharem esta informação.