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30.11.2019

Emissions Gap Report 2019 alerta: emissões de GEE continuam a aumentar

Emissions Gap Report 2019 alerta: emissões de GEE continuam a aumentar

“É essencial reduzir as emissões de gases com efeito de estufa [GEE] até 2030. Se não o fizermos estamos a perder uma oportunidade histórica para limitar o aquecimento global a 1,5°C”, refere o Emissions Gap Report 2019, divulgado a 26 de novembro.

É urgente agir e assumir medidas mais ambiciosas para reduzir as emissões de GEE até 2030. Estes são os conselhos deixados no Emissions Gap Report 2019, o novo relatório do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (UNEP), que sublinha: existem tecnologias e conhecimento para diminuir as emissões, mas se não atuarmos já e para além dos atuais compromissos, as temperaturas poderão subir 3,2°C acima dos níveis pré-industriais.

A importância das florestas e o seu contributo na ação climática são reforçados no relatório, que destaca a capacidade de sequestro de carbono dos ecossistemas florestais e o potencial dos produtos de base florestal na descarbonização da economia. No entanto, apesar das metas de desflorestação zero assumidas por muitos países, escasseiam medidas concretas no terreno, avisa o documento.

Esta é já a décima edição do relatório e apresenta os resultados mais recentes das estimativas das emissões de gases com GEE e as diferenças entre “onde estamos” e “onde queremos estar”, conteúdo que ficou conhecido como emissions gap.

As principais conclusões apresentadas são:

– As emissões de GEE continuam a aumentar, tendo atingido em 2018 um novo recorde de 55,3 GtCO2eq (gigatoneladas de dióxido de carbono equivalente).

– Os membros do G20, o grupo das maiores economias mundiais que junta 19 países e a União Europeia, são responsáveis por 78% das emissões globais de GEE. Em conjunto, deverão alcançar os objetivos para 2020 da Cimeira de Cancun, mas individualmente há países ainda sem compromissos assumidos e outros que parecem não ter condições para os cumprir. De lembrar que os membros do G20, pelo seu peso nas emissões, têm um papel essencial nos esforços globais de mitigação dos efeitos das alterações climáticas.

– O número de países que têm anunciado metas de neutralidade carbónica para 2050 está a aumentar, mas apenas alguns submeteram formalmente as suas estratégias de longo prazo no âmbito da UNFCCC, a Convenção-Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas.

– A diferença entre as emissões de GEE estimadas e as pretendidas – o emissions gap – é grande. Em 2030 é preciso atingir um nível de emissões de 25 GtCO2eq para limitar o aquecimento a 1,5°C.

– Os países têm de aumentar os seus compromissos para se conseguir reduzir as emissões. Os compromissos atuais, definidos no Acordo de Paris, são insuficientes para alcançar a meta de limitar o aquecimento global a menos de 2ºC – ou a mais ambiciosa meta de 1,5ºC – em relação a níveis pré-industriais.

– A descarbonização da economia global requer alterações estruturais que vão transformar a forma como vivemos, consumimos e nos relacionamos. O relatório destaca seis grandes áreas nas quais a descarbonização da economia terá benefícios críticos: poluição/qualidade do ar/ saúde; urbanização; governação/educação e emprego; digitalização; energia e eficiência de serviços (menor consumo de materiais); e uso da terra/segurança alimentar e bioenergia.

 

Desflorestação zero é pilar essencial para atingir a descarbonização da economia

O relatório frisa ainda a importância da desflorestação zero, assim como a adoção de políticas concretas para conservar e restaurar os stocks de carbono terrestres e proteger os ecossistemas naturais. Estes temas surgem entre as maiores transformações a longo prazo necessárias para atingir a descarbonização da economia a nível global, a par de outras medidas como a descarbonização do sector dos transportes ou as melhorias na gestão agrícola.

O Emission Gap Report 2019 indica a transição energética e a utilização mais eficiente e menos intensiva das matérias-primas como elementos essenciais para a descarbonização da economia. No tema da produção e consumo de materiais, o documento sublinha a necessidade de reduzir a intensidade e aumentar a eficiência das matérias-primas, o que trará novas oportunidades de reduzir emissões de GEE para além das que estão diretamente relacionadas com a energia necessária ao fabrico de bens e serviços.

A utilização de menos quantidade de matérias-primas e a substituição de materiais de base carbónica por alternativas sustentáveis estão entre as soluções indicadas. No sector da construção, por exemplo, um melhor isolamento permite reduzir a energia indexada às necessidades de aquecimento de um edifício. O relatório especifica ainda que, neste sector, a substituição de cimento ou aço por materiais de base florestal (como madeira ou bambu) tem o potencial de reduzir significativamente as emissões de GEE ao longo do ciclo de vida da produção de materiais e armazenamento de carbono.

Fica, no entanto, o alerta do relatório: a utilização em larga escala da madeira como material de construção precisa de ter origem em florestas geridas de forma sustentável.