Valorizar a floresta, controlar a vegetação acumulada e educar para comportamentos mais responsáveis. Estas foram algumas das recomendações deixadas pelo especialista Carlos da Câmara, em entrevista ao jornal online Observador, como medidas estruturais para diminuir o risco de incêndios rurais no país. O artigo “Eucaliptos, incendiários, madeireiros. ‘É preciso acabar com os mitos’ sobre os incêndios florestais” foi publicado a 27 de julho de 2020.
Na entrevista, o climatologista e especialista em risco de incêndios defende que o problema dos incêndios rurais em Portugal deve ser abordado tendo como base o triângulo do fogo, com três vértices: vegetação/paisagem, atividades humanas (tendo em conta que a maioria dos fogos ocorre por negligência humana) e meteorologia. Não sendo possível controlar este último fator, a diminuição do risco de incêndio depende sobretudo de medidas relacionadas com o controlo da vegetação acumulada (combustível) e as atividades humanas. Carlos da Câmara reforçou, por isso, a importância de valorizar a floresta para incentivar a gestão florestal, a necessidade de uma paisagem ordenada e uma política de educação e sensibilização, para que o fogo seja percebido como um fenómeno que faz parte da paisagem, mas que deve ser encarado “com o máximo de responsabilidade”.
Nesta lógica, o especialista rejeitou e desconstruiu diversos mitos comuns ligados ao tema dos incêndios rurais: a atribuição da culpa dos incêndios a madeireiros e outros “interesses” invisíveis; a demonização de certas espécies (como pinheiros ou eucaliptos) vistas como aquelas que ardem mais; ou a crença em espécies-bombeiras que impedem a propagação de incêndios. Em vez de mitos – que acabam por esconder a complexidade dos incêndios rurais –, Carlos da Câmara evidenciou a relevância de modelos de risco e de sinergias entre universidades e autoridades, como base de apoio para implementar medidas estruturais mais eficazes. A ferramenta de análise e previsão de índices de risco Ceasefire, referida no artigo do Observador, é um exemplo do potencial dessas sinergias.
Aceda aqui à entrevista na íntegra de Carlos da Câmara ao Observador