Os vencedores da última edição do Prémio Empreendedorismo e Inovação do Crédito Agrícola já são conhecidos. Dos seis projetos de inovação distinguidos, três estão diretamente relacionados com o aumento do valor potencial da floresta nacional, tanto pela melhoria das condições fitossanitárias, como pelo aproveitamento de resíduos florestais: MycoExplorer, Stex e Mushi.
Pelo sétimo ano a apoiar a inovação nacional, a edição 2020 do Prémio Empreendedorismo e Inovação foi centrada na sustentabilidade, em linha com as prioridades do Pacto Ecológico Europeu (Green Deal) da Comissão Europeia. Os vencedores foram conhecidos a 4 de fevereiro de 2021, na sequência da decisão de um júri especializado.
O projeto MycoExplorer, do INIAV – Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (em colaboração com a Universidade de Évora), foi o vencedor na categoria “Sustentabilidade na Produção e Transformação”. A iniciativa centra-se no desenvolvimento de um produto fitossanitário para controlo biológico da doença da murchidão do pinheiro (Pinus spp.). Esta doença, resultante da interação entre o nemátodo da madeira do pinheiro (Bursaphelenchus xylophilus) e o inseto vetor que o transporta de árvore em árvore (o longicórnio do pinheiro), tem impacte preocupante nas florestas mundiais, a nível ecológico e económico – e Portugal não é exceção.
A iniciativa explora o potencial microbiota natural do pinheiro bravo (Pinus pinaster) – ou seja, dos fungos que habitam naturalmente a árvore – para produzir um produto fitossanitário a aplicar nas árvores afetadas pela murchidão do pinheiro. Ao recorrer às interações biológicas das próprias árvores, o produto distingue-se pelo baixo impacto ambiental e pela fácil aplicação no terreno.
Vencedor na categoria Economia Circular e Bioeconomia (e também do reconhecimento especial Born From Knowledge Awards, atribuído pela Agência Nacional de Inovação), o projeto STEX trouxe para Portugal uma tecnologia industrial desenvolvida no Brasil e que permite aproveitar resíduos florestais (mas também agrícolas ou resíduos sólidos urbanos) para a produção de bioetanol. O processo, que já foi testado com biomassa de eucalipto (Eucalyptus spp.), resíduos da poda de oliveira (Olea europaea) e cascas de arroz, entre outros, permite um retorno até cinco anos. Ao contrário da produção convencional de bioetanol, o STEX não compete por recursos usados na alimentação, permitindo ganhar mais valor para o sector florestal e agrícola, numa lógica de circularidade.
Com a menção honrosa “Jovem Empresário Rural”, o projeto Mushi – Taste the Forest visa também beneficiar recursos não aproveitados da floresta: os troncos provenientes da gestão das matas, que aqui encontram uma “nova vida” como base para o cultivo de cogumelos biológicos Shitake. Num conceito grow your own, estes mini troncos de eucalipto (com cerca de 50 centímetros de altura) são vendidos para que cada pessoa possa depois produzir os seus próprios cogumelos. Ao fim do ciclo de vida do produto (estimado em mais de 3-4 anos), o tronco pode seguir para compostagem ou ser usado como lenha. Além dos troncos, a Mushi disponibiliza ainda uma linha de malas e acessórios à base de cogumelo, numa alternativa vegan ao couro.
Já sem ligação aos ecossistemas florestais, o projeto Polimax do COTHN (Centro Operativo e Tecnológico Hortofrutícola Nacional) venceu a categoria “Projeto de elevado potencial promovido por Associado Crédito Agrícola”. Trata-se de um projeto centrado em práticas que favorecem a polinização por insetos das macieiras, pereiras e cerejeiras, com o objetivo de aumentar a produção e melhorar a qualidade dos frutos, com benefícios para o rendimento agrícola e também para a biodiversidade.
Na categoria “Alimentação, nutrição e saúde” o vencedor foi o ALBA, um novo produto de fontes naturais, totalmente biodegradáveis, desenvolvido pela start-up SueviaFoods (constituída por investigadores do Laboratório Ibérico Internacional de Biotecnologia) como alternativa sustentável ao dióxido de titânio, presente em mais de 3500 alimentos e bebidas da indústria alimentar.
O último projeto distinguido pelo Prémio Empreendedorismo e Inovação foi o GOefluentes, na categoria “Inovação em Parceria: Grupos Operacionais”, que visa a valorização energética dos fluxos gerados na atividade agropecuária. A iniciativa conta com uma equipa alargada de várias instituições, reunindo contributos do INIAV, Instituto Superior de Agronomia (ISA), Universidade de Évora (UÉ), Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e várias entidades com explorações agropecuárias, entre outros.
Os vencedores de cada categoria desta edição do Prémio Empreendedorismo e Inovação receberam um prémio monetário de 5000 euros, com a menção honrosa “Jovem Empresário Rural” a valer 2500 euros.