Valor da Floresta
Cerca de um terço da população do mundo, ou seja, perto de 2,4 mil milhões de pessoas usam a madeira como fonte de energia para assegurar serviços essenciais à subsistência, nomeadamente para ferver a água que bebem, para cozinhar e aquecer-se, sublinha a FAO – Organização para a Alimentação e Agricultura, das Nações Unidas.
Considerada como a fonte mais acessível e fiável de energia para as populações que vivem com baixos recursos nos países em desenvolvimento e para as afetadas por desastres naturais e crises humanitárias (65 milhões de desalojados e refugiados), a dependência da energia de origem florestal é particularmente elevada em África (63%), na Ásia e Oceânia (38%) e na América Latina e Caraíbas (15%). A FAO inclui nestas percentagens a madeira e também o carvão vegetal.
Mas nem só as populações menos afortunadas dependem da energia de origem florestal. Apesar dos números serem menos representativos, a FAO estima que pelo menos 88,5 milhões de pessoas, em especial na Europa e na América do Norte, encontrem nos materiais lenhosos a sua principal fonte de energia – em particular de aquecimento. A lenha, incluindo pellets e briquetes, é usada em queima direta para aquecimento ou em caldeiras que asseguram água quente, quer em contexto doméstico particular, quer em redes de serviços de vilas e cidades.
A energia derivada da biomassa florestal é também um recurso relevante para a indústria, como substituto do carvão e de outros combustíveis fósseis, para produção de eletricidade e cogeração de calor e energia. Face a estas aplicações industriais e segundo a mesma fonte (The State of the World’s Forests 2018), o mercado de pellets tem crescido significativamente, cerca de 10% ao ano entre 2012 e 2015, ano em que foram consumidos 28 milhões de toneladas em termos globais.
Energia
Os ecossistemas rurais são a principal fonte de biomassa usada na produção de energia renovável em Portugal. O aproveitamento da biomassa residual diminui a dependência nacional de combustíveis fósseis e, em simultâneo, pode incentivar a gestão das áreas florestais, reduzindo o risco de incêndio, mas há condições a respeitar para que o uso da biomassa para energia não ponha em risco outros benefícios da floresta.
Indicadores Económicos
Com um volume de negócios de cerca de 13,6 mil milhões de euros na indústria de base florestal e de mais de 1,1 mil milhões de euros nas empresas silvícolas em 2022, a economia da floresta tem um impacte muito significativo nas contas nacionais. De fora ficam valores não contabilizados e difíceis de mensurar, como o contributo para o turismo de natureza, a biodiversidade ou a produção de oxigénio, entre muitas outras atividades que contribuem para a economia da floresta.
Energia
Em África, 90% da madeira retirada das florestas tem como destino a queima para energia. A nível global, a média é menor, mas mantém-se próxima dos 50%. Ao contrário do que se poderia supor, a maioria desta energia não é usada pela indústria, mas pelas famílias e comunidades. Da lenha depende a subsistência de milhões de pessoas. Em Portugal, cerca de 34% da biomassa é usada, maioritariamente pelas famílias, para aquecimento.