Incêndios Rurais
Não faz sentido “acabar com o fogo”. O fogo esteve e estará sempre presente nos ecossistemas com clima mediterrânico temperado (com período seco no verão), tal como o que existe em Portugal continental.
São de salientar os registos fossilizados de carvão vegetal que indicam a existência de fogos desde que existem plantas terrestres, há 420 milhões de anos. Estes registos sugerem que o fogo teve um efeito importante na evolução da flora e da fauna de muitos ecossistemas.
No que concerne à região mediterrânica, a vegetação existente é também resultado da ação repetida do fogo e, ao contrário das opiniões que erradamente se tornaram comuns, o fogo é parte integrante e necessária à sua manutenção. Sendo parte integrante e estruturante dos ecossistemas, o importante não é acabar com o fogo, mas garantir que este tenha baixa intensidade, resultando em impactes menores. Resumidamente: é preciso prevenir os incêndios de alta intensidade e gerir aqueles de baixa intensidade.
Como sublinha a Greenpeace, “os incêndios de baixa intensidade são necessários em certos ecossistemas”. São estes que permitem reduzir a vegetação e prevenir maiores impactes. A supressão de todos os incêndios leva ao aumento da carga de vegetação combustível e, dessa forma, ao aumento da probabilidade de ocorrência de incêndios com elevada intensidade e efeitos devastadores, acima da capacidade de extinção, independentemente dos meios de combate disponíveis.
Fogo
Nos últimos anos, tem aumentado o número de grandes incêndios que atingem as áreas rurais. Pela dimensão e intensidade do fogo, esta nova geração de incêndios dá origem a áreas ardidas mais extensas, com impacte socioeconómico significativo e perda de vidas.
Caso de Estudo
Em 45 anos registaram-se 42 incêndios rurais na freguesia de Alvares. A maior parte da área ardida resultou de grandes incêndios. O passado recente veio reforçar que o risco de grandes incêndios é elevado, mas não inevitável. Entre 2017 e 2018, um projeto-piloto demonstrou que há várias estratégias possíveis para que o território de Alvares aumente a resiliência ao fogo ao longo das próximas décadas. Conheça este caso de estudo.
Fogo
2003, 2005 e 2017 foram os anos dos mais severos incêndios rurais e contribuíram para que a área ardida em Portugal fosse das maiores da Europa nas duas últimas décadas. Para além de refletirem mudanças na utilização do espaço rural, estes registos estão diretamente relacionados com condições meteorológicas extremas.