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Valor da Floresta

Faz sentido usar madeira para gerar energia?

A geração de energia deve privilegiar a biomassa residual, através do aproveitamento de resíduos rurais e florestais (e também urbanos e industriais) que de outra forma seriam desperdiçados e salvaguardar a madeira para usos que gerem maior valor. Adicionalmente, o aproveitamento da biomassa florestal, fruto de uma gestão florestal sustentável, permite reduzir a extensão de combustíveis no solo, que funcionam como rastilho em caso de incêndio.

O texto da Estratégia Florestal da União Europeia (2013) vai ao encontro destas ideias e indica que os recursos florestais devem ser usados em cascata, de acordo com o valor potencial que geram. Por isso, defende que a madeira deve alimentar preferencialmente indústrias de alto valor e relega o seu uso energético para o final da cascata. Assim, recomenda a seguinte ordem de prioridades:

1. Produtos à base de madeira;
2. Prolongamento da sua vida útil;
3. Reutilização;
4. Reciclagem;
5. Bioenergia;
6. Eliminação.

Esta ordem de prioridades visa também minimizar o impacte sobre o ambiente e maximizar o impacte socioeconómico, o que favorece as produções florestais com maior valor acrescentado, que criem mais postos de trabalho e contribuam para um melhor balanço do carbono.

Ideia similar está expressa no Plano Nacional para a Promoção das Biorrefinarias, que enquadra a utilização sustentável dos diferentes tipos de biomassa existentes em Portugal e privilegia a aplicação da biomassa em produtos com maior valor acrescentado – bioprodutos e biomateriais – e o encaminhando de uma fração minoritária para a produção de biocombustíveis, eletricidade e/ou calor.

A FAO alerta para os impactes climáticos do uso da madeira como fonte de energia, em particular para o impacte líquido que a queima da madeira tem nas emissões de gases com efeito de estufa, em especial quando são tidos em conta os impactes logísticos – transporte, por exemplo – inerentes ao processo. Sublinha, neste âmbito, que a ênfase deve ser colocada numa produção florestal sustentável, que reduza a degradação das florestas e contribua de forma mais limpa e eficiente para melhorar a vida e saúde dos milhões de pessoas que dependem da energia com origem na biomassa florestal.

Refira-se que plantar floresta para alimentar centrais de produção de energia, nomeadamente centrais a biomassa, não é prática inédita na Europa e tem merecido contestação em vários países, o que levou a um apelo de vários cientistas a Bruxelas (2018), alertando para um risco similar ao que se viveu em meados do século XIX, quando o uso intensivo de madeira como fonte de energia levou à desflorestação de grande parte do continente.

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