Gestão Florestal
Grande parte da floresta que hoje faz parte da paisagem do nosso país foi plantada, em particular no século XX. Estas áreas florestais plantadas serviram objetivos distintos, desde a proteção do solo e dos cursos de água à produção de madeira, passando pela criação de zonas de lazer e evasão.
As florestas litorais, muitas das quais constituem hoje habitats prioritários no âmbito da Rede Natura 2000 (como o habitat 2270 de dunas com florestas de pinheiros), resultaram, na sua maioria, do trabalho de arborização e fixação das dunas iniciado no século XVIII e que levou à arborização de mais de 23 mil hectares até 1936, com maior incidência na zona centro.
Estas áreas florestais plantadas no litoral, em conjunto com o Plano de Povoamento Florestal em vigor entre 1939 e 1968 – que previa a arborização de 420 mil hectares de terrenos baldios serranos – estão na origem de grande parte da cobertura vegetal que existe atualmente no nosso país.
As Serras da Estrela e do Gerês tiveram os seus primeiros Perímetros Florestais ainda no século anterior, em 1888, cada um com cerca de cinco mil hectares de áreas florestais plantadas. As atividades de arborização estatais tiveram início por volta de 1889.
Além da arborização de dunas e baldios serranos, muitas outras áreas começaram a ser florestadas no seu início no século passado. Vejamos mais alguns exemplos:
– o Parque Florestal de Monsanto começou a ser criado em 1934 como área de fruição para a população lisboeta e aquele que é o mais extenso parque florestal português em zona urbana teve as suas primeiras áreas florestais plantadas em 1938;
– o Perímetro Florestal da Contenda (no concelho de Moura), cujo projeto de arborização foi elaborado em 1958, teve as suas áreas florestais plantadas com pinheiro-manso, pinheiro-bravo, eucaliptos e ciprestes, tendo sido também reintroduzidos sobreiros e azinheiras. Várias outras áreas de montado, souto e castinçais que hoje providenciam produtos como cortiça, bolota e castanhas foram também plantadas ou semeadas;
– As florestas de criptoméria nos Açores, que se tornaram importantes fontes de madeira nesta Região Autónoma, tiveram grande impulso com os Planos de Urbanização de baldios nas ilhas de São Miguel e Santa Maria, desde 1948;
– A Quinta de S. Francisco, em Eixo (Aveiro), idealizada pelo pensador e político Jaime de Magalhães Lima, foi plantada entre 1902 e 1906, como um espaço de harmonia, natureza e espiritualidade, tornando-se num dos maiores arboretos de eucaliptos fora da Austrália.
Muitas destas áreas florestais plantadas tiveram inicialmente objetivos de produção ou proteção, mas cumprem atualmente muitas outras funções, incluindo a prestação de serviços ambientais e culturais.
Curiosidades
Considerado o “pulmão verde” de Lisboa, Monsanto é um dos grandes parques florestais que associamos à beleza e resiliência da floresta portuguesa – um reduto que resistiu ao crescimento da cidade – e muitos pensarão que sempre esteve ali, mas na verdade esta mancha verde tem pouco mais de 50 anos.
Gestão Florestal
À medida que aumentam a população mundial, as preocupações com a descarbonização e a urgência de mitigação dos efeitos das alterações climáticas, evidencia-se o papel das florestas plantadas: não só na preservação das florestas nativas, como também na resposta à necessidade crescente de bens e serviços do ecossistema, inclusive das matérias-primas renováveis e de origem não fóssil que viabilizam o desenvolvimento da bioeconomia.