Membros da comunidade académica e científica, do mundo empresarial, da sociedade e da esfera política reuniram-se para debater os desafios e caminhos para valorizar a floresta nas suas múltiplas dimensões, conciliando funções e benefícios que são essenciais às pessoas e ao planeta.
Combater a lentidão dos programas de ordenamento da paisagem, atuar nos territórios do interior mais carentes de dinâmicas socioeconómicas e desburocratizar as candidaturas aos apoios florestais existentes, para que os proprietários tenham acesso às verbas que lhes permitem fazer uma gestão mais eficaz e sustentável da floresta. Estas foram três das ideias que se destacaram durante a conferência “Valorizar as florestas: pelas pessoas e pelo planeta”, uma iniciativa conjunta da The Navigator Company, do jornal Expresso e da plataforma Florestas.pt, cujo terceiro aniversário foi também destacado neste evento.
O objetivo desta conferência, que decorreu dia 28 de junho, foi fomentar o debate sobre a floresta, um recurso natural valioso, mas cuja importância para a sociedade, economia e ambiente parece ser ainda mal compreendida e desvalorizada. Encontrar caminhos para conciliar as suas diferentes funções e benefícios, dos quais dependem as pessoas e o planeta, foi, por isso, o desafio colocado a uma dezena investigadores e decisores.
Os discursos de abertura estiveram a cargo de António Redondo, CEO da The Navigator Company e de Duarte Cordeiro, Ministro do Ambiente e da Ação Climática.
De acordo com António Redondo, a floresta portuguesa assume relevância acrescida enquanto base da necessária e urgente transição para uma bioeconomia circular, sustentável, favorável para a natureza e neutra para o clima, realçando ainda no final da sua intervenção que “a floresta é um território nacional de pessoas e de esperança, por isso, de futuro (…). Estamos perante um desafio global, do qual depende não só a sustentabilidade deste sector, mas também o futuro das gerações vindouras”.
Por sua vez, o Ministro do Ambiente e da Ação Climática recordou que “Portugal é um dos países da União Europeia mais vulneráveis às alterações climáticas (…). Neste momento, mais de 90% do território continental encontra-se em situação de seca, grande parte – cerca de 36% – em seca severa e extrema. Se o contexto climático é incerto e exigente, a gestão estratégica da floresta tem sido clara e baseia-se em dois pilares fundamentais: a prevenção face aos riscos e a gestão florestal ativa dos territórios.”
A conferência “Valorizar as florestas: pelas pessoas e pelo planeta” prosseguiu, conduzida por Pedro Norton de Matos, mentor e organizador do Green Fest Portugal. O economista sublinhou a importância das florestas como capital natural e dos serviços que os ecossistemas florestais nos proporcionam, desde a água, ao ar, polinização e sequestro de carbono, passando pelo turismo e o lazer, além de todo o contributo económico e para a sociedade, resultado de uma gestão sustentável dos recursos e com um propósito regenerativo.
Pedro Norton de Matos deixou ainda um repto: “Sou fascinado pela floresta e pelas árvores como pulmões que transformam o oxigénio para nós respirarmos. Ser ‘jardineiro’ é acreditar no futuro e precisamos de mais gente a acreditar no futuro, precisamos de mais jardineiros.”