Pragas e Doenças
Entre as principais pragas do ulmeiro salienta-se a grafiose ou doença holandesa do ulmeiro – conhecida pela sigla DED, do inglês Dutch Elm Disease.
A DED foi detetada pela primeira vez na Europa, na década de 1910, e o agente causador – Ophiostoma ulmi – foi identificado na década de 1920, nos Países Baixos, devendo-se a esta localização o nome doença holandesa do ulmeiro.
Outra das pragas do ulmeiro é causada pelo escaravelho asiático (Anoplophora glabripennis). Este escaravelho causa danos diretos às árvores ao perfurar seus troncos e galhos para depositar ovos, levando ao amarelecimento das folhas e à seca dos ramos, o que, por sua vez, causa a morte das árvores. Esta praga afeta não só os ulmeiros como várias espécies de ácer ou bordo, choupo e bétula (Acer spp., Populus spp. e Betula spp.). Está classificada como praga de quarentena na Europa, havendo legislação específica para impedir a sua propagação na União Europeia.
Contudo, o maior problema fitossanitário é mesmo a grafiose ou doença holandesa do ulmeiro. É considerada a pior das pragas do ulmeiro (Ulmus spp.) e uma das pragas das árvores mais agressivas que se conhece no mundo. Devastou populações de ulmeiros por toda a Europa e Portugal não foi exceção.
Causada por um fungo, é transmitida por escaravelhos (pequenos insetos escolitídeos, como o Scolytus multistriatus e o Scolytus scolytus, que se alimentam da madeira destas árvores), ou através de conexões entre raízes. Ataca principalmente os ulmeiros maduros, levando à sua morte em dois a três anos.
Os esporos do fungo são transportados pelos escaravelhos e vão desenvolver-se nos vasos lenhosos do ulmeiro. As árvores, numa tentativa de conter o avanço do fungo, bloqueiam a circulação de água e de nutrientes no xilema e esta resposta leva a que as folhas comecem a secar. À medida que o fungo se espalha, mais vasos são bloqueados e, sem água nem nutrientes, as árvores acabam por morrer. As que sobrevivem ficam debilitadas e, portanto, mais sensíveis a pressões ambientais desfavoráveis, a outras infeções ou à reinfeção pela DED.
Na década de 1970, uma nova estirpe, mais agressiva, Ophiostoma novo-ulmi, chegou à Grã-Bretanha e matou milhares de ulmeiros. Daí, espalhou-se pela Europa.
Sejam ulmeiros ou outras espécies, as árvores dos espaços verdes urbanos encontram-se mais vulneráveis a agentes patogénicos, pois estão expostas a inúmeros fatores de stress (poluição, compactação do solo, limitação do espaço para crescimento, baixa disponibilidade de água resultante da impermeabilização do solo e vandalismo) que causam desequilíbrios fisiológicos.
A prevenção das pragas em geral (assim como de outros problemas fitossanitários), e da grafiose do ulmeiro em particular começa sempre por medidas básicas que devem ser levadas em consideração ainda antes da plantação, como a escolha do local (em zonas onde outras árvores ficaram doentes ou morreram é preciso garantir que se eliminaram fontes de contágio) e a utilização de plantas em boas condições fitossanitárias.
Devido à virulência do fungo e ao facto de ser transmitida por insetos, a grafiose é uma das pragas mais difícil de prevenir e tratar, não existindo meios luta eficazes. Contudo, se for detetada precocemente e os ramos infetados forem cortados e queimados, as árvores poderão ser salvas. No entanto, na maior parte das vezes, a resolução passa pela remoção da árvore e pela trituração e destruição da madeira para que a grafiose não se dissemine.
Em resposta à mais agressiva das pragas do ulmeiro, alimentada por novas estirpes, foram adotadas várias estratégias, na tentativa de prevenir a infeção e reduzir as consequências da doença, incluindo controles químicos e biológicos contra o agente patogénico ou contra o inseto que o transmite. Estas soluções encontraram muitas limitações, entre as quais resultados insatisfatórios e custos demasiado elevados. O tratamento terapêutico com fungicidas raramente é eficaz quando mais de 25% da copa está sintomática. O inseto vetor é difícil de controlar, embora se possam reduzir as suas populações pela captura em massa dos adultos (usando feromonas de agregação) e pela destruição das árvores atacadas antes da emergência de adultos.
Devido à suscetibilidade do ulmeiro à grafiose e à falta de medidas viáveis e eficazes de a prevenir ou combater, a espécie tem vindo a ser substituída, para fins ornamentais, por híbridos resultantes do cruzamento de ulmeiros europeus com asiáticos, como o ulmeiro-da-Sibéria (Ulmus pumila), mais resistentes a esta praga. A utilização destes híbridos acaba por ser o meio de luta mais eficaz.
Se encontrar um ulmeiro com folhas enroladas, amarelecidas ou secas, queda prematura das folhas ou a copa com aspeto queimado, o mais provável é que o ulmeiro esteja infetado com grafiose. Nesse caso, é recomendável reportar a situação às autoridades competentes.
As Câmaras Municipais costumam ter serviços dedicados ao ambiente ou departamentos específicos para lidar com questões relacionadas com árvores urbanas e espaços verdes. Assim, podem fornecer orientações sobre como proceder ou enviar técnicos para avaliar a situação.
Também o ICNF – Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, instituto público responsável pela conservação da natureza e das florestas em Portugal, lida com questões relacionadas com a saúde das árvores. Dependendo da área específica (por exemplo, se afeta uma área florestal), poderá ser útil contatar os serviços regionais do INCF para obter aconselhamento ou assistência.
Ao reportar uma árvore doente ou um problema relacionado, é importante fornecer o máximo de informações possível, como a localização exata da árvore, descrição dos sintomas observados e qualquer outra informação relevante que possa ajudar na avaliação e no planeamento adequado.
Pragas e Doenças
As novas doenças não afetam só os seres humanos. As plantas também se deparam com organismos recém-chegados, que ameaçam a saúde e vida de centenas de espécies, com consequências negativas para o equilíbrio dos ecossistemas e graves perdas para a produção florestal e agrícola.
Indicadores Florestais
Em Portugal, a idade das florestas situa-se, na maioria dos casos, entre os 20 e os 80 anos, uma tendência em linha com a Europa. Em termos de saúde, as principais fontes de danos nas florestas são pragas e doenças.