Embora sejam maioritariamente invisíveis aos nossos olhos, os invertebrados que habitam o solo são uma parte significativa da biodiversidade global terrestre e desempenham importantes funções nas cadeias alimentares, nos ciclos naturais do planeta (essenciais à decomposição que integra o ciclo de nutrientes e o ciclo de carbono, por exemplo) e nos serviços de ecossistemas, a começar pela manutenção da estrutura e saúde do solo.
Apesar da sua importância ser reconhecida, a biodiversidade do solo – e dos seus invertebrados, onde se incluem desde ácaros, insetos, minhocas, nemátodos a bichos-de-conta –, tem merecido menos atenção e menos estudos do que a biodiversidade animal acima dele.
Assim, esta equipa de investigadores quis aprofundar de que modo as plantações de eucalipto, comparativamente com outros tipos de culturas, florestas e ocupação do solo, impactam a densidade e a diversidade das comunidades de invertebrados que vivem neste habitat (e que outros fatores podem influenciar estas duas variáveis).
Recorde-se que a procura por madeira deverá continuar a aumentar, quer pelos seus usos tradicionais por parte de uma população mundial em crescimento, quer pela procura de alternativas biológicas e renováveis para materiais e produtos que derivam de recursos fósseis, em sectores que vão da embalagem à construção. O eucalipto é uma das espécies escolhidas para dar resposta a estas necessidades, embora em Portugal a área de eucaliptais esteja limitada por lei e não possa ampliar-se.
Para realizar o estudo, os investigadores recorreram a uma meta-análise, agregando resultados de vários estudos científicos anteriores compatíveis com os dados a avaliar e os critérios estabelecidos. No conjunto, este trabalho permitiu avaliar a diversidade e densidade de invertebrados do solo em plantações de eucalipto, em plantações com outras espécies florestais (principalmente angiospérmicas, ou seja, espécies em que as sementes estão no interior dos frutos), em florestas nativas, em sistemas agrossilvopastoris, pastagens, campos agrícolas e zonas ocupadas por espécies invasoras.
Várias regiões bioclimáticas foram consideradas, uma vez os estudos foram realizados em diferentes países: a maioria no Brasil, mas também na Argentina, China, EUA, Peru e Portugal: 26 estudos e 143 comparações ajudaram a avaliar a densidade de invertebrados no solo, enquanto a diversidade foi analisada através de 14 estudos com 168 comparações.