Gestão Florestal
Desde cedo que os reis portugueses mostraram sensibilidade para os problemas das florestas e tomaram medidas para a sua defesa e ampliação. O rei mais conhecido pela ligação à floresta é D. Dinis, pelo mérito que lhe é impropriamente atribuído na criação do Pinhal de Leiria. Na verdade, antes de D. Dinis, o pinhal já existia, mas foi este soberano que impulsionou as plantações de pinheiro-bravo em extensas áreas. A administração florestal estava, então, a dar os primeiros passos.
Foi durante a primeira Dinastia que foi criado o cargo de Monteiro-mor, que tinha como função defender os “Montes” – expressão que é ainda hoje utilizada em Espanha para designar as áreas silvestres. Ao Monteiro-mor cabia a tarefa de defender as Coutadas reais e manter a fauna cinegética abundante e diversificada para satisfazer os membros da corte nas suas caçadas. Além disso, tinha a seu cargo a sementeira de pinhais e a defesa das matas contra roubos e incêndios.
A primeira nomeação de um Monteiro-Mor que se conhece data de 1385 e foi feita por D. João I, já na segunda Dinastia. Dele estavam dependentes os monteiros, cuja influência se estendia sobretudo na faixa litoral de Setúbal ao Porto, e noutros locais do país, como a Peneda-Gerês e a região de Évora. Na parte restante do país, a floresta era administrada segundo os forais dos concelhos e dos terrenos da nobreza e do clero.
O cargo de Monteiro-mor deu origem, por via de evolução académica, ao Engenheiro Silvicultor (engenheiro do cultivo silvestre) que passou a designar-se, mais recentemente, Engenheiro Florestal.
Em 1751, a falta de madeira para a indústria naval motiva a passagem da gestão das matas para a Marinha. Os Monteiros-mor ficam apenas responsáveis pela gestão cinegética nas Coutadas Reais, cabendo a gestão e exploração florestal aos Guarda-mor e Superintendente.
Em 1801, José Bonifácio de Andrada e Silva foi nomeado intendente-geral das Minas e Metais do Reino, tornando-se o primeiro técnico florestal português. Em 1803, passa a ocupar o cargo de Guarda-mor dos Bosques e Matos, criado na altura, tornando-se o responsável pela “plantação de pinhais nas praias do mar”. Em 1805 foram iniciados os primeiros trabalhos de fixação de dunas.
No início do século XIX, as Coutadas são extintas e, com elas, o cargo de Monteiro-mor e seus subordinados.
Na sequência de um período de incêndios que destruíram quase integralmente o pinhal de Leiria, foi criada, em 1824, a Administração Geral das Matas do Reino. O engenheiro Frederico Luiz Guilherme Varnhagen (alemão que se naturalizou) foi convidado para primeiro Administrador Geral das Matas. Com sede na Marinha Grande e na dependência do Ministério da Marinha e Ultramar, esta administração florestal tinha por missão gerir os 14500 hectares de matas do Estado e foi a antecessora dos atuais serviços públicos florestais.
Gestão Florestal
Tradicionalmente, a gestão florestal estava focada no fornecimento duradouro de madeira, simplificando os ecossistemas florestais e assumindo que era possível o seu controlo. A constatação de que as florestas são sistemas complexos, com componentes ecológicos, sociais e económicos que se entrecruzam, tem levado a uma alteração no foco da gestão: da árvore para o ecossistema.
Gestão Florestal
Num contexto de recursos naturais limitados e alterações climáticas, a gestão ativa e responsável do território é essencial. Nas áreas florestais, permite conciliar as diferentes funções da floresta, incluindo produção de bens e serviços essenciais, proteção, conservação, recreio, enquadramento e valorização da paisagem, assegurando as necessidades da sociedade e o equilíbrio ambiental.
História
A floresta portuguesa ocupa hoje mais de um terço do território português, uma área quase quatro vezes superior à do início do século XIX. As florestas primitivas de carvalhos desapareceram, sendo a floresta atual maioritariamente plantada. As alterações resultam da ação humana sistemática sobre o território, associada aos grandes fatores socioeconómicos que marcaram a dinâmica rural e a história portuguesa nos últimos 200 anos.