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“Ameaça das plantas invasoras: o exemplo das acácias”, por Elizabete Marchante

As plantas invasoras são espécies que vêm de outros territórios e que, depois de introduzidas, se conseguem reproduzir sozinhas, afastar-se das “plantas mãe” e atingir grandes densidades, gerando, assim, impactes negativos. A ameaça das plantas invasora é visível em várias áreas, desde a perda de biodiversidade e de serviços do ecossistema, aos prejuízos económicos e riscos de saúde.

Ao cobrir grandes dimensões de terreno, as plantas invasoras impedem o desenvolvimento de outras espécies, que não conseguem sobreviver debaixo do seu “manto contínuo”. Este é um dos fenómenos que contribui para as plantas invasoras serem consideradas a quinta maior causa da perda da biodiversidade a nível global.

A ameaça das plantas invasoras estende-se também aos serviços do ecossistema, pois, ao alterar as condições num determinado território, afetam a disponibilidade de recursos naturais nele existentes. Por exemplo, podem alterar a disponibilidade e a qualidade da água, mas podem também modificar o aproveitamento que fazemos das áreas naturais e recreativas, uma vez que acabam por dominar a paisagem.

Esta perturbação do equilíbrio dos recursos naturais tem ainda impacte direto na produtividade e rendimento de diversas atividades económicas.

Estima-se que, desde 1970, as plantas invasoras sejam responsáveis por perdas mundiais da ordem dos 1200 biliões de dólares, o que significa que, só em termos económicos, a ameaça das plantas invasoras ronda os 27 mil milhões de dólares por ano.

Estas estimativas constam de um estudo científico divulgado recentemente, que levou em consideração os danos provocados pelas invasoras, mas também o valor que elas implicam em termos de investimento em gestão e controlo. Apesar de muito elevados, estes valores pecam por defeito, já que falta somar os impactes em várias outras áreas.

Uma das áreas que tipicamente não é contabilizada são os seus efeitos na saúde humana, tanto ao nível de doenças e alergias, como em termos da ameaça das plantas invasoras enquanto vetores para a transmissão de pragas.

O que fazer para travar a ameaça das plantas invasoras?

Neste cenário, o que podemos fazer para gerir estás espécies e diminuir o seu impacte?

Apostar na prevenção é uma medida ao alcance de todos. Por exemplo, podemos preferir espécies autóctones e evitar que sejamos os facilitadores da disseminação de espécies invasoras, ao transportar as suas sementes agarradas às roupas ou sapatos.

Mas podemos também passar a palavra, participar em ações de voluntariado para controlo destas espécies, especialmente as que têm maior potencial de proliferação.

Para tal é importante conhecer as várias espécies invasoras. As acácias estão entre as plantas invasoras mais disseminadas no nosso território. Na plataforma invasoras.pt ou no “Guia Prático para Identificação das Plantas Invasoras em Portugal” pode obter mais informação acerca destas espécies.

Sobre o Formador

Elizabete Marchante é bióloga e desenvolve investigação na área das invasões biológicas, em especial com plantas invasoras. Doutorada em Biologia, especialidade em Ecologia (2008) pela Universidade de Coimbra (UC), em colaboração com a Universidade de Copenhaga (Dinamarca), é investigadora no Centre for Functional Ecology – Science for People & the Planet, do Departamento de Ciências da Vida da UC.

Participa em vários projetos sobre plantas invasoras, incluindo avaliação de impactes, gestão de áreas invadidas, controlo natural e ciência-cidadã.

É (co)autora de dezenas de publicações, incluindo artigos científicos e de divulgação, capítulos de livros e livros. Está envolvida em atividades de consultoria, comunicação de ciência, sensibilização ambiental e ciência-cidadã.