Rentabilidade florestal e sustentabilidade ambiental são com frequência apresentados como incompatíveis. Para Francisco Gomes da Silva esta é uma falsa dicotomia, que poderá ultrapassar-se com a correta valorização dos serviços do ecossistema e pela adoção de uma abordagem multicritério, capaz de articular numa “função objetivo” os produtos privados e os serviços públicos com origem na floresta.
Até que ponto as questões da rentabilidade económica têm de se opor às de sustentabilidade ambiental? Do ponto de vista de Francisco Gomes da Silva, a incompatibilidade não tem de existir e quem tem esta visão está preso a uma abordagem desatualizada, em que o ambiente está ausente das variáveis e objetivos das empresas, ou a uma abordagem pouco esclarecida, na qual o ambiente é encarado como uma restrição aos objetivos de retorno de quem se dedica à floresta.
A abordagem desejada, que invalida a oposição entre rentabilidade económica e sustentabilidade ambiental, passa por integrar o ambiente nos objetivos das empresas, assumindo na gestão florestal uma abordagem multicritério, que articule como variáveis de uma mesma “função objetivo” os produtos florestais (madeira, fibra, produtos não lenhosos, entre outros) e os serviços do ecossistema gerados pela floresta (aumento do sequestro de carbono ou da diversidade de espécies, por exemplo).
Atualmente, os modelos de decisão multicritério já permitem implementar esta abordagem, conciliando variáveis e objetivos económicos e ambientais, a que podem ser atribuídos diferentes ponderações. Estas variáveis podem ser, por exemplo, o resultado económico, o sequestro de carbono ou o fomento da biodiversidade. Mas além de definir estas variáveis é preciso medi-las, por forma a poder valorizá-las.
“O peso relativo que será atribuído às diferentes variáveis é, ele próprio, um resultado dos estímulos económicos que, ou o mercado, ou o poder político, dão aos operadores económicos”, explica Francisco Gomes da Silva, porque não se pode esperar que sem este estímulo possa haver investimento.
No entanto, são vários ainda os obstáculos que travam a adoção desta abordagem. Francisco Gomes da Silva destaca quatro principais e identifica vias que lhe parecem promissoras para os ultrapassar: