O fogo e a exploração de pedreiras são perturbações significativas dos ecossistemas mediterrânicos. Como pode o restauro de áreas degradadas ajudar a repor a sua autossustentabilidade e resiliência?
Duração, intensidade, frequência e área são algumas das variáveis a considerar para compreender o impacte de uma perturbação no ecossistema e determinar qual a melhor estratégia para o restauro das áreas degradadas.
Várias perturbações podem resultar na destruição total ou parcial da biomassa vegetal e ter origem em causas tão diferentes como fenómenos meteorológicos (fogo, geada, erosão ou vento, por exemplo), atividades humanas (corte de vegetação e remoção de solo), ação de animais (pisoteio do gado) e agentes patogénicos (pragas e doenças).
Dependendo de cada situação, a regeneração pode iniciar-se naturalmente logo após a perturbação, sem intervenção humana. No entanto, em muitos casos a intervenção humana permite acelerar este processo e o restauro de áreas degradadas pode ajudar a repor o ecossistema original (a sua estrutura e funcionamento) ou reconstruir na área degradada um ecossistema completamente novo (reclamação).
Na região mediterrânica, as duas principais fontes de perturbação dos ecossistemas são o fogo e as pedreiras, embora com características muito distintas: a duração do fogo é curta, com grande intensidade; nas pedreiras o impacte é localizado, mas perdura no tempo. Assim, perante o fogo existe uma maior resiliência do ecossistema (capacidade e velocidade de recuperação), já que habitualmente permanecem no solo propágulos que promovem o crescimento de nova vegetação (sucessão secundária). No caso das pedreiras, a resiliência é menor, dada a destruição total do solo, o que implica um processo de sucessão primária e muitos anos até haver reposição do solo.