Comentário

Aida Orelhas

Conto “O Chorão chorão - Um desafio desafiante!”: ler e escrever para Plantar Árvores

O conto “O Chorão chorão – Um desafio desafiante!” ensina as crianças a protegerem a floresta e, sobretudo, a perceberem porque as árvores são super-heróis. Conheça como nasceu esta história infantil e o contributo que dá para plantar árvores.

Vivemos na era das tecnologias. Ao longo das últimas décadas, os avanços nesta área têm sido extraordinários, facilitando e melhorando as nossas vidas. Mas o uso que fazemos das tecnologias nem sempre é o mais adequado e, por vezes, tornam-se aditivas. Essa adição está a chegar cada vez mais cedo à vida das nossas crianças, que muitas vezes ainda mal sabem falar e já dominam com perfeição a arte de deslizar o dedo no ecrã do telemóvel dos pais…

Esta dependência tem provocado nas crianças carências sociais, ambientais e afetivas. Aprendem a falar com o telemóvel antes de aprenderem a própria língua… Por outro lado, os videojogos absorvem-nas por completo. Como mãe, tenho de batalhar todos os dias contra as tecnologias.

Fruto desta luta interna no seio da minha própria família, decidi dar o exemplo, fazendo diariamente as duas coisas de que mais gosto, ler e escrever. Escrever, não só pelos meus filhos, mas por todas as crianças, pois a leitura deveria ser um hábito na vida de todos. E tomei esta decisão antes de saber ao certo que mensagem deveria transmitir.

Sabia que queria escrever um livro para crianças e veio-me à cabeça a frase: “Plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro”, três coisas que todas as pessoas deveriam fazer ao longo das suas vidas”. Pois eu, tal como refere Carlos Fiolhais num artigo publicado neste site em 2021, “Quando penso em árvores, penso na possibilidade de delas surgirem livros…”. Por esta razão, desafio todos com o conto “O Chorão chorão – Um desafio desafiante!” a fazerem o mesmo, especialmente a plantarem árvores.

O conto “O Chorão chorão – Um desafio desafiante” conta a história de uma árvore que pretende sensibilizar as crianças sobre a importância das florestas para a vida e consciencializá-las do quão maltratadas são pela humanidade, para evitar que cometam os mesmos erros do passado.

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As florestas têm sido cenário de inúmeros contos infantis ao longo dos séculos. Por norma, são apresentadas como lugares mágicos e misteriosos, onde habitam fadas e duendes. Na verdade, as florestas são realmente mágicas e as suas árvores são detentoras de poderes extraordinários que as crianças, e até os adultos, desconhecem. As árvores são super-heróis de verdade e, se as deixarmos, vão ajudar a salvar o mundo, como se de um livro de aventuras se tratasse.

É preciso deixar que as crianças tomem contacto com a leitura. Um livro, para além de educar, entretém, ensina-as a pensar e estimula a sua curiosidade, misturando realidade e fantasia com a missão de as transformar em pessoas corajosas, que lutam pelas causas nas quais acreditam, tal como fazem as personagens das histórias que leem. Neste caso, as personagens descobrem que as florestas são verdadeiros tesouros que é preciso respeitar e cuidar.

Escrever esta história foi também um desafio a mim própria: retomar o hábito de escrita aliando-o à defesa de uma causa na qual acredito, usando o livro como meio para ter um papel ativo na luta contra a desflorestação e na luta contra os ecrãs. Comecei por implicar os meus filhos na história como personagens e como ilustradores, servindo eles como exemplo para os demais meninos e meninas.

Fazer parte da solução: a ajuda do conto “O Chorão chorão…”

Depois de o conto ter sido publicado pela Filigrana Editora, tenho-me dado conta de que as crianças entendem e percebem a mensagem. Ainda assim, sei que a maioria dos leitores d’ “O Chorão chorão – Um desafio desafiante!”, depois de o lerem, vão colocá-lo na estante ao lado dos outros livros.

A mensagem ambientalista será aplaudida, mas, passados os dez minutos de glória, os adultos irão continuar com as suas vidas, à espera de que sejam os governantes a tomar medidas contra a desflorestação e consequente aquecimento global. Tal como o panorama está não nos podemos permitir esperar. É preciso agir já.

Desafio-te a fazeres parte da solução adquirindo o livro através deste e-mail. De volta, o livro será acompanhado de um certificado que demonstra que o leitor ajudou a plantar uma árvore.

Aproveito este espaço de opinião que o florestas.pt me ofereceu para desafiar o governo para que invista no saneamento rural e florestal evitando os incêndios que anualmente devastam as nossas florestas, e que se apoiem as associações não governamentais que se dedicam à recuperação das zonas ardidas.

Acredito profundamente que a solução para travar o aquecimento global reside nas florestas, por isso escrevo para plantar árvores. Para que os meus filhos (e os seus) possam um dia “Plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro…”

O conto “O Chorão chorão…”, por si só, não vai mudar nada. Então decidi que parte das receitas da venda fossem doadas à ONG Plantar uma Árvore, que se dedica à recuperação de áreas ecologicamente degradadas através da promoção de bosques nativos, como o Parque Natural de Sintra-Cascais e a Mata Nacional do Bussaco. Até ao momento já angariei fundos para plantar mais de 100 árvores. O objetivo são 365, uma árvore por dia, por isso, a missão continua.

Julho de 2023

O Autor

Aida J. Orelhas nasceu em Portalegre e cresceu e viveu na vila raiana de Campo Maior, famosa pelas suas Festas do Povo e pela Delta Cafés. O seu gosto pela leitura e escrita levaram-na a estudar jornalismo e comunicação na Escola Superior de Educação de Portalegre. Apesar de não ter obtido a licenciatura, exerceu durante alguns anos as funções de repórter e locutora na Rádio Campo Maior.

A vida levou-a por outros caminhos até que foi mãe e tomou uma nova consciência do mundo, preocupando-se cada vez mais com o ambiente. Com a intenção de dar uma vida melhor aos filhos, decidiu dedicar-se à escrita de livros infantis de temática ambiental e publicou, em janeiro de 2023, o seu primeiro conto “O Chorão chorão – Um Desafio Desafiante!”, ilustrado pelos filhos de 11 anos, Mara e André Soto Jangita.