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Eduardo Rêgo

Em busca do equilíbrio perdido

Gosto de ver o mar, com o sol a recolher, languidamente, na tarde calma… E, ali tão perto, encanta-me a exuberância da Mata dos Medos, com árvores que parecem pessoas em pose lasciva, a espreguiçar-se nas arribas que travaram o avanço do mar, há milhões de anos. São bastiões do equilíbrio.

A FLORESTA é o melhor colo para os nossos desvarios e devaneios. A nossa criança interior sente-se em casa, quando mexe na terra e abraça uma árvore. A força telúrica do chão que pisamos invade-nos o corpo todo, como se fossem fluidos de felicidade – essa utopia que nos acompanha até morrer.

Estamos a iniciar uma época bonita do ano, que traz sol a rodos. Na primavera, proliferam os campos em flor e saltam à vista os “espelhos de água” como se fossem aguarelas de paisagem. É nesta moldura que as feromonas dão largas à imaginação. E gostamos – ai se gostamos! – de sair de casa… e namorar tudo o que desperta os sentidos.

Aproveitemos esta oferta impagável da natureza, porque o gigantesco ATERRO EMOCIONAL que hoje grassa em muitos de nós leva mais de 70% das pessoas a não saber gerir o tédio e o peso da adversidade que, por estranho que pareça, foi e será sempre o sal da vida.

Porque não se embrenham numa floresta, para esconjurar o stress que as morde por dentro? É preciso dizer a toda a gente que esse caminho cura muitos dos nossos males. Faltam ecos desta pedagogia.

As florestas são guardiãs do clima

A árvore é um ícone da natureza. Esse maravilhoso laboratório estabelece uma ligação absolutamente única, entre a água, o ar, a terra e a luz do sol. É um elo essencial, no equilíbrio ecológico de que todos dependemos.

As alterações climáticas estão a afetar os padrões do clima a nível global. A precipitação é cada vez mais imprevisível. As temperaturas médias estão a aumentar em todo o planeta.

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As condições climáticas extremas penalizam, como nunca, a vida selvagem. Podem desaparecer mais de um milhão de espécies, nas próximas décadas.

É importante aplicar o padrão máximo de responsabilidade em todo e qualquer trabalho que envolva o equilíbrio dessa verdadeira catedral que é a floresta.

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A remoção de vegetação indesejada e resíduos prepara adequadamente o terreno para novas utilizações, contribuindo para a prevenção de incêndios. A irradicação de espécies invasoras e o seu controlo promovem a sustentabilidade das florestas.

CHERNOBYL – a cidade abandonada, após a fatídica explosão – é hoje uma vistosa mancha verde, fruto da geração espontânea das árvores. Não há nada comparável ao poder regenerador da Natureza.

Estamos a viver numa Pangeia Virtual, mergulhados num mar de superficialidade e incerteza.

Precisamos de “voltar a casa” e saborear o silêncio que a floresta oferece. Nós e as árvores temos uma espécie de linguagem comum.

Gostaria de promover encontros “LOVING THE FOREST” by LOVNG THE PLANET com cientistas e gente das artes, para nos alinharmos com os ciclos da natureza e rechearmos de sentido o nosso coração desavindo.

Podemos ganhar muito com a celebração da Consciência, essa dimensão holística que gera comportamentos com o foco no essencial.

SOMOS UM TODO.

Falta-nos partilhar o sabor da comunhão, para sentir a plenitude da Vida.

HÁ UMA NATUREZA QUE NOS LIGA.

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Maio de 2025

O Autor

Eduardo Rêgo, responsável pela versão portuguesa dos programas “Vida Selvagem” e “O Nosso Mundo”, de que é também locutor – tem sido uma presença assídua “em casa” dos portugueses ao longo dos mais de 30 anos de existência da SIC. Com uma visão holística do mundo e da vida, tem-se dedicado a defender a necessidade de equilíbrio no Planeta que habitamos. Em 2018 fundou a “Loving The Planet”, uma plataforma global de comunicação, baseada na consciência, para combater as inúmeras agressões à natureza e ao clima cometidas pela espécie humana. Segundo ele, “O planeta está doente, mas tem cura”.

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