As soluções não virão sem que se conheça a razão da sua necessidade. Não deverão ser paliativas, mas fortemente sustentadas na competência da profissão e na continuidade da sua aplicação. Para tal exige-se uma formação sólida e estruturada, assente nas bases de uma engenharia complexa que integra distintas vertentes.
Se queremos ter profissionais sustentados num ensino estruturado, resiliente, capazes de dar resposta à sociedade em geral, então deveremos poder entender a nossa posição atual.
O conjunto de proprietários com acesso a apoio técnico para tomar decisões florestais fundamentadas está limitado a 50 ou 60 mil num universo de 600 a 900 mil. Os números falam por si, sem necessidade de os adjetivarmos.
O futuro avizinha-se muito distinto do que é conhecido, contextualizado em alterações climáticas profundas e marcantes fenómenos extremos. É o processo evolutivo, por estas circunstâncias determinado, que urge ser contemplado nas decisões de ordenamento e gestão dos espaços florestais, promovendo assertivamente a adaptabilidade destes sistemas.
A elevada complexidade dos sistemas florestais requer um conhecimento aprofundado das dinâmicas neles presentes. Neste sentido, é essencial recuperar uma leitura holística e atuar através de uma gestão assertiva e responsável, capaz de assegurar que os processos regenerativos ocorrem em tempo útil.
A especialidade da engenharia florestal tem o privilégio de estar capacitada para abraçar a complexidade da adaptação dos sistemas florestais à realidade emergente, assim como de os conduzir a um futuro sustentável e resiliente, capaz de assegurar as funções sociais, económicas e ambientais que se exigem enquanto garante da sustentabilidade da nossa sociedade.
Uma inequívoca capacidade de diagnóstico, metodologia de análise e potencial de planeamento é crucial nestes tempos. O futuro que se vislumbra exige racional técnico, competência específica, inovação, pensamento multidirecional e atuação ao nível da paisagem.
Continuará a ser necessária a intervenção humana para assegurar a transição evolutiva e obviar o hiato que se perceciona de uma degradação acelerada e deletéria. É necessário restaurar um equilíbrio que, inquestionavelmente, apenas poderá ser alcançado com a nossa participação.
É-nos exigido garantir um legado geracional. Assumamos o desafio, saibamos discutir criticamente as (re)evoluções que se registaram nos últimos dois séculos e tenhamos a capacidade e o engenho de encontrar as soluções para o futuro.