As operações de extinção de incêndios rurais são, efetivamente, operações muito complexas, que requerem a definição de uma estratégia, planeamento e sustentação logística, de forma a adotar uma filosofia de atuação adequada e eficaz, recorrendo a meios aéreos, maquinaria pesada, veículos e ferramentas manuais que permitem aos operacionais no terreno a extinção dos incêndios rurais e a sua consolidação.
A operação dos meios aéreos é muito importante no combate aos incêndios rurais, mas não pode ser encarada como uma operação isolada. Caso não existam operacionais no terreno, com botas no chão, a combater o fogo com ferramentas ou com água, as descargas de água isoladas dos meios aéreos são ineficazes para extinguir o incêndio. Todas as operações terrestres e aéreas devem ser combinadas e complementadas entre si de uma forma equilibrada.
Para a extinção efetiva de um incêndio, é imperativo que todo o seu perímetro fique bem ancorado, ou seja, a área queimada deve estar limitada por uma barreira à progressão do fogo, seja uma estrada ou um aceiro executado com ferramentas manuais ou com uma máquina de rasto. Deve garantir-se que não há contacto entre a vegetação ardida e a vegetação verde não ardida para que a probabilidade de reativar ou reacender o incêndio seja consideravelmente menor.
Ainda assim, o incêndio poderá reacender devido a projeções de material incandescente (folhas, casca ou pinhas) para fora do perímetro queimado, que não tenham sido detetadas durante as operações de combate. Se houver condições propícias de vento e humidade, estas projeções irão provocar um incêndio, normalmente de uma forma muito rápida porque os combustíveis já foram pré-aquecidos pelo incêndio anterior. Para mitigar esta questão, é necessário existir uma vigilância ativa do perímetro do incêndio por muitas horas ou até dias.
Durante o combate aos incêndios rurais, o uso do fogo designa-se por fogo de supressão, composto pelo contrafogo e o fogo tático. Em Portugal é mais comum usar o fogo tático, sobretudo para “rematar” áreas por arder, de forma a garantir que a área ardida fique rodeada por um caminho ou por um aceiro executado por uma máquina de rasto.
No âmbito da prevenção existem essencialmente duas formas de uso de fogo para gestão florestal: o fogo controlado usado em povoamentos florestais e matos, e a queimada para o tratamento de sobrantes florestais e para renovação de pastagens. O uso do fogo na prevenção, além de se constituir como uma ferramenta de treino operacional para o combate a incêndios rurais, permite ainda a gestão de combustíveis em grande escala de uma forma equilibrada, evidenciando-se também como um aliado da prevenção contra incêndios rurais.