Há, no entanto, uma característica da floresta pouco compreendida pelos políticos e com a qual, de uma maneira geral, não sabem lidar: o tempo da floresta! A floresta necessita de tempo, tempo para crescer, tempo para se equilibrar, tempo para produzir resultados, tempo para gerar rendimento. E este tempo é sempre mais longo que o tempo dos políticos e das suas políticas. Como consequência, frequentemente assistimos à substituição sucessiva de instrumentos de planeamento e ordenamento florestal.
É necessário que as decisões que determinam o futuro da nossa floresta sejam baseadas em ciência, em informação rigorosa, recolhida com recurso a novas tecnologias que nos permitem obter mais dados, em áreas maiores, mais rapidamente e com menores custos. Só assim poderemos ter as melhores decisões das empresas e dos proprietários florestais, complementadas por políticas públicas mais adequadas que culminaram em ganhos de produtividade e aumento da vitalidade da floresta.
Mas não nos podemos esquecer o que refere o Prof. Cláudio Soares, reitor do ITQB da Universidade Nova de Lisboa, num artigo sobre a missão das universidades: “Aquilo que nos parece inútil hoje poderá́ ser fulcral para o nosso amanhã. A investigação fundamental sempre foi o motor do desenvolvimento e só́ se distingue da investigação dita aplicada porque ainda não encontrou a sua aplicação.” Significa isto que a investigação ligada ao setor produtivo e à economia de mercado é fundamental e, portanto, os centros de investigação têm que saber trabalhar para dar respostas às empresas e indústrias florestais, mas também estas têm que ter a sensibilidade para apoiar a investigação dita fundamental que tantas vezes é criticada pelo sector, duvidando da sua utilidade, mas que está nos alicerces da investigação aplicada, abrindo-lhe o caminho e tornando-a mais robusta.
Peter Drucker, economista austríaco e professor na universidade de Nova York, considerado pai da administração ou gestão moderna referia, em 1993, que “no passado, as fontes de vantagem competitiva eram o trabalho e os recursos naturais, agora e no próximo século, a chave para construir a riqueza das nações é o conhecimento”. Saibamos nós produzir e transmitir o conhecimento necessário para transformar a floresta portuguesa num recurso mais resiliente e sustentável e certamente passaremos também a ser uma sociedade mais rica e desenvolvida.