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Turismo e Lazer

Glamping: 5 sugestões para férias em plena floresta

Não existe glamping sem natureza e sem conforto – não fosse o nome do conceito uma junção entre as palavras inglesas glamour e camping. Ao campismo e comodidade juntam-se a valorização da natureza e usufruto do ambiente, que estão bem patentes em várias propostas de glamping em Portugal. Descubra cinco exemplos.

Este glamorous camping, o desfrutar do contacto com a natureza num ambiente de luxo e sofisticação, é um fenómeno que tem vindo a ganhar adeptos. Contudo, muito antes de existir o conceito do glamping, já os Otomanos tinham criado as primeiras tendas de luxo, no século XVIII.

A “Tenda Palácio” Otomana era, então, o centro de um complexo imperial, composto por centenas de tendas com variados propósitos (tenda cozinha e casa de banho, por exemplo), valorizadas pela mobilidade que respeitava o nomadismo deste povo. Ricamente decorada com sedas e bordados, tapetes, arte e mobiliário opulento, a “Tenda Palácio” foi utilizada durante todo o Império Otomano e, mesmo no seu final, as tendas continuaram a servir como área de transição entre o exterior e as construções entretanto edificadas. Mantinham-se, por isso, como espaços onde era possível desfrutar da natureza de forma confortável, sendo escolhidas, inclusive, para a realização de cerimónias grandiosas.

Mais tarde, a partir de 1900, outro predecessor do glamping surge em África para acolher uma elite europeia que procurava experiências exóticas, sem perder o conforto das suas casas. Nascem, assim, os luxuosos acampamentos de safari, compostos por tendas de grandes dimensões, feitas de lona, com camas, sofás, mobiliário em mogno, pianos, louça de porcelana e um impecável serviço de apoio aos hóspedes.

É com inspiração nestas tendas e noutras típicas de povos distantes – yurts da Mongólia, tipis dos ameríndios ou tendas rajasthan indianas – que nasce o moderno glamping, reforçado por preocupações ambientais mais recentes, patentes, por exemplo, no conceito de ecopod, estrutura feita integralmente com materiais recicláveis.

Hoje, o Glamping Hub, site de reservas online com mais de 20 mil opções de acomodação por todo o mundo, lista outras opções, num total de 34 tipologias, onde se incluem iglus, grutas, casas flutuantes ou até casas de hobbit (a raça ficcional criada pelo escritor J. R. Tolkien).

A variedade de alojamentos integrados na natureza é ampla, o que, juntamente com a valorização dos espaços amplos de privacidade (reforçada pela pandemia) e dos destinos de sustentabilidade, reforça o atrativo do glamping.

Com um clima ameno, muitas paisagens para descobrir e longa tradição de bem receber, Portugal tem ganho potencial no glamping, que responde também às tendências turísticas de revitalização de zonas com alto valor natural e patrimonial e à procura por infraestruturas e serviços de elevada qualidade.

No cruzamento destas valências, o glamping encontra cenários naturais e turísticos propícios para assentar as suas “tendas” e o convite é apelativo: envolventes verdejantes e muitas vezes pontuadas por lagoas ou piscinas naturais, interiores com diferentes níveis de conforto e muitas opções de atividades para descansar ou se exercitar, de Norte a Sul de Portugal.

Sair da rotina, relaxar e dormir em plena natureza são experiências certas em qualquer um dos cinco destinos aqui desvendados.

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1 – Lima Escape Camping & Glamping, Ponte da Barca

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© Lima Escape Camping & Glamping

O parque de glamping perfeito para os amantes de desporto: esta sugestão aposta no leque de experiências e, claro, no conforto.

Numa península, rodeada pelos rios Lima, Froufe e Tamente, o Lima Escape Camping & Glamping está inserido no Parque Nacional da Peneda-Gerês e oferece duas experiências distintas, camping e glamping. Ao Parque de Campismo de Entre Ambos-os-Rios, originalmente criado em 1998, foi adicionada uma área de glamping. Aqui estão disponíveis cinco tendas e sete bungalows, distribuídas por três zonas distintas.

Envoltas por floresta de carvalhos e pinheiros e com uma varanda em madeira com vista para o Lima, os visitantes podem escolher diferentes experiências: as Tendas de Glamour (tendas tipi e bell), com uma decoração inspirada no Oriente, e os bungalows, construídos ao estilo de casas na árvore de decoração minimalista ou de estilo rústico.

As atividades disponibilizadas são um dos apelos deste glamping: trilhos pedestres, caminhadas, passeios de e-bike, de cavalo, de buggy ou de 4×4; os rios, cascatas e lagoas convidam aos mergulhos, mas também a atividades como stand up paddle, canoagem ou pesca desportiva.

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Os trilhos pedestres são, possivelmente, a melhor forma de conhecer a flora existente na cercania. Sugerimos o Trilho Entre Ambos-os-Rios à Ermida, com uma duração de cerca de 6h30 e quase 15 quilómetros. Trata-se de um trilho circular que tem início junto à Igreja de S. Miguel Entre Ambos-os-Rios, datada do século XVIII. Terá a oportunidade de avistar a Serra Amarela e o seu pinhal, carvalhal e giestal. Enquanto se sobe a serra, a paisagem florestal altera-se para arbustos rasteiros. No topo do trilho, o miradouro da Ermida convida a uma paragem para restabelecer energias. Pode optar por um caminho menos demorado e fazer apenas parte deste trilho (com menor elevação e grau de dificuldade) em cerca de 2h-3h.

Se quiser levar o seu animal de estimação, ele será bem-vindo – o Lima Escape Camping & Glamping é pet-friendly.

O Parque Nacional da Peneda-Gerês abrange 22 freguesias dos concelhos de Arcos de Valdevez, Melgaço, Montalegre, Ponte da Barca e Terras de Bouro. Desde 1997 que, juntamente com o parque Baixa Limia – Serra do Xurés, do outro lado da fronteira, forma a Reserva da Biosfera Transfronteiriça Gerês-Xurés.

Enquanto passeia, não vai ser difícil encontrar flora variada, já que foram registadas 600 espécies de plantas no parque. O carvalho-negral (Quercus pyrenaica) e o carvalho-alvarinho (Quercus robur) nos vales dos rios, o sobreiro (Quercus suber), o plátano-bastardo (Acer pseudoplatanus), o teixo (Taxus baccata) e o azereiro (Prunus lusitanica ssp. lusitanica), arbustos como o azevinho (Ilex aquifolium) ou a gilbardeira (Ruscus aculeatus) e matos, como tojais e urzais, são algumas das espécies que ocorrem na zona. Destaque ainda para o feto-do-Gerês ou feto-do-botão (Woodwardia radicans), uma espécie autóctone classificada como Vulnerável e o lírio-do-gerês (Iris boissieri), um endemismo ibérico e uma espécie Quase Ameaçada, também segundo a IUCN – União Internacional para a Conservação da Natureza.

Na fauna, destaca-se o garrano, espécie rara de cavalo de pequeno porte, que vive livremente nesta área com outras espécies autóctones – a lontra-europeia (Lutra lutra), o lobo ibérico (Canis lupus spp. signatus) ou a cabra-montês (Capra pyrenaica), espécie selvagem que se pensou extinta por um século e que regressou a este habitat vinda do lado espanhol. O corço (Capreolus capreolus), símbolo do parque, também pode ser observado nas zonas montanhosas.

2 – Parque Biológico de Vinhais, Bragança

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© Parque Biológico de Vinhais

De T0 a T4, o Parque Biológico de Vinhais oferece várias tipologias de alojamento e uma experiência ligada à fauna e flora circundantes.

O Parque Biológico de Vinhais, instalado no Parque Natural de Montesinho, Bragança, é um projeto pioneiro que alia o ecoturismo à divulgação e conservação da natureza e da biodiversidade. Situado a pouca distância do viveiro florestal da Vidoeira, na aldeia de Rio de Fornos, este glamping dispõe de Parque para Tendas, Caravanas e Autocaravanas, mas também de pods (T0, sem WC, e T1 com cerca de 15 m2) e bungalows em madeira, todos com aquecimento, em várias tipologias (de T2 a T4).

Este parque biológico está intrinsecamente ligado à sensibilização para a biodiversidade, contando com três centros interpretativos: o núcleo Vida de Lobo, o Centro Micológico e o Centro Interpretativo das Raças Autóctones Portuguesas. Este último acolhe animais selvagens em situações em que não podem viver nos seus habitats naturais.

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Além da frescura da floresta circundante, o espaço disponibiliza uma piscina biológica, purificada pela ação de plantas e animais.

Com quase 75 mil hectares, o Parque Natural de Montesinho, no Alto Nordeste transmontano, inclui as serras de Montesinho e Coroa – cujas altitudes variam entre os 438 e os 1481 metros –, nos concelhos de Bragança e Vinhais e faz fronteira com Espanha.

O trilho circular A Caminho da Cidarelha é, talvez, uma das melhores formas de conhecer a zona de Vinhais, a sua fauna e flora – e o Baloiço da Cidarelha, também conhecido por Baloiço Panorâmico da Chouriça, pelo seu formato inusitado, aludindo ao facto de Vinhais ser considerada a capital portuguesa do fumeiro. São nove quilómetros de extensão, ou cerca de três horas e meia de caminhada, que pode iniciar desde o Parque Biológico de Vinhais, sendo este um dos pontos de passagem (e paragem) do percurso. Abundante em climas frios, o carvalho-negral (Quercus pyrenaica) está bem presente nesta região, assim como o castanheiro (Castanea sativa)– sendo a castanha o símbolo do parque. Das resinosas, destaque para o pinheiro-bravo (Pinus pinaster), o pinheiro-negro (Pinus nigra) e o pinheiro-de-casquinha (Pinus sylvestris), estes dois últimos a maiores altitudes.

No Parque Natural de Montesinho ocorrem cerca de 250 espécies de vertebrados e, segundo afirma o ICNF, uma “parte muito significativa de toda a fauna terrestre portuguesa está aqui representada”. Aqui podem observar-se espécies ameaçadas e endemismos ibéricos, alguns raros ou de distribuição reduzida no nosso país.

Nem todas as espécies são fáceis de avistar, como é o caso do lobo-ibérico (Canis lupus spp. signatus), da toupeira-de-água (Galemys pyrenaicus), do veado (Cervus elaphus) ou do corço (Capreolus capreolus). Pelos céus voam cerca de 60 espécies de aves, algumas delas raras – é o caso da águia-real (Aquila chrysaetos), a cegonha preta (Ciconia nigra) ou o tartaranhão-azulado (Circus cyaneus).

3 – Natura Glamping, Fundão

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© Natura Glamping

Dormir em domos geodésicos, com vista para a Serra de Estrela? É possível, no Natura Glamping, um parque único na terra da cereja.

A 925 metros de altitude, dos sete domos geodésicos do Natura Glamping, situado em Alcongosta, tem-se uma vista privilegiada da Serra da Estrela e da Cova da Beira. A Paisagem Protegida Regional da Serra da Gardunha é o refúgio deste parque de glamping e uma inspiração para quem o visita.

No Natura Glamping, nada é escolhido ao acaso: os domos geodésicos são eficazes tanto nas opções de construção, como a nível energético e na adequação ao clima (ventos fortes, frio e neve no inverno). As preocupações ecológicas levaram à adoção dos princípios inscritos na Carta Mundial de Turismo Sustentável.

Além dos domos temáticos (com casa de banho privativa), todos eles com plataforma exterior para admirar as paisagens a perder de vista, este parque de glamping enriquece ainda a experiência de alojamento com atividades variadas, ligadas à natureza e à cultura da região: desde aulas de ioga, balonismo, passeios a cavalo, massagens ou passeios fotográficos.

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A piscina infinita de água salgada tem vista sobre a Cova da Beira e a Serra da Estrela.

Com uma área de mais de dez mil hectares, a Paisagem Protegida Regional da Serra da Gardunha estende-se pelos concelhos do Fundão, Castelo Branco, Quinta de Monte Leal e Castelejo. Rodeada por áreas protegidas – Paisagem Protegida da Serra do Açor, Parque Natural da Serra da Estrela, Reserva Natural da Serra da Malcata, Monumento Natural das Portas de Ródão e Parque Natural do Tejo Internacional – não faltarão belezas naturais para contemplar, aquando da sua estada.

A Serra da Gardunha, classificada como Sítio de Interesse Comunitário da Rede Natura 2000 e Zona Especial de Conservação, conta com 130 quilómetros de percursos pedestres. É uma zona rica em biodiversidade: da sua flora, destacam-se os castinçais (Castanea sativa), os bosques mistos de carvalho-roble (Quercus robur) e negral (Quercus pyrenaica) e um endemismo lusitano, a abrótea ou bengala-de-São-José (Asphodelus bento-rainhae), que apenas ocorre nesta serra. A sul encontram-se matos como urzais e urzais-estevais mediterrânicos, giestais e carqueja (Pterospartum tridentatum). Ocorre ainda um outro endemismo ibérico, a caldoneira (Echinospartum ibericum).

Além da riqueza florística da paisagem, há uma área agrícola com grande presença na serra que surge destacada: os pomares de cerejais, tão característicos desta zona do país – ou não estivesse o Natura Glamping situado em Alcongosta, a chamada terra da cereja.

4 – Parque dos Monges, Alcobaça

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© Parque dos Monges

O tranquilo lago das Freiras é o cenário idílico que o Parque dos Monges proporciona a quem o eleja como retiro.

Todos os alojamentos do Parque dos Monges – 15, no total – dispõem de vista para este grande lago, o que confere aos visitantes uma sensação única de proximidade à natureza.

Os dez hectares ocupados pelo parque, ombro a ombro com o rio Alcôa – que um pouco depois se junta ao rio Baça, nomeando a cidade de Alcobaça – têm muito por descobrir: desde uma quinta pedagógica e um parque ambiental, ambos dentro deste espaço, até caminhadas e observação de aves.

A quinta pedagógica, vocacionada para sublinhar a importância dos temas da sustentabilidade e da proteção animal, alberga várias raças autóctones, estimulando de forma lúdica a ligação entre educação, ecologia e história. Aqui, os mais pequenos podem semear vegetais e legumes, alimentar os animais e conhecer a vida dos “monges agrónomos” que viviam na cidade.

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Já o parque ambiental, com oito hectares de extensão, apresenta vegetação autóctone e não autóctone e reforça a sensibilização ambiental e ecológica defendida pelo Parque dos Monges. Tílias (Tilia spp.), choupos (Populus spp.), carvalhos (Quercus spp.) e pinheiro-manso (Pinus pinea) são algumas das espécies ali presentes. Quanto à fauna, no próprio lago das Freiras podem ser vistas várias carpas, bem como cágados de carapaça estriada e mediterrânicos, rãs, sapos comuns e cobras rasteiras, assim como várias aves, como o pato bravo real, o guarda-rios, o melro e o pintassilgo, a garça real e o pisco-de-peito-ruivo.

Além destes dois espaços pertencentes ao parque, um outro, o Jardim Bíblico, com 200 plantas mencionadas na Bíblia, pode ser visitado com a ajuda de um guia. “O Horto Monástico” é o percurso que permite conhecer as plantas e árvores deste jardim com referência bíblica. “A Botica dos Monges”, em que se sublinham as questões botânicas, dá conta das plantas usadas pelos monges boticários com fins medicinais.

Orientado para os mais pequenos, o game camp disponibiliza atividades variadas: slide e escalada, tiro ao arco, canoagem, rappel, ecokart, arborismo e tirolesa, entre outras.

Mesmo ao lado do Parque dos Monges, quando o Vale da Ribeira do Môgo termina, no sopé da Serra dos Candeeiros, fica Chiqueda. Este é um bom ponto de partida para um passeio de reconhecimento do vale e da riqueza florística da zona. Pode fazê-lo seguindo o trilho “PR7 ACB – Aljubarrota – Pelo Vale da Ribeira do Môgo” que tem cerca de 12 quilómetros de extensão, mas cujo circuito, em forma de oito, facilita a divisão do percurso por dois momentos. Observe as encostas e formações cársicas (relevos, em regiões calcárias, produzido por águas superficiais e subterrâneas), os Vales Suspensos da Serra dos Candeeiros e a nascente do rio Alcôa. A ribeira do Môgo, temporária, renasce a cada inverno.

Pequenos bosques de carvalho-cerquinho (Quercus faginea spp. broteroi) dominam a paisagem, mas podem também ser observadas orquídeas selvagens (Anacamptis pyramidalis e Ophrys apifera), folhado (Viburnum tinus) e rosmaninho (Lavandula luisieri), bocas-de-lobo (Antirrhinum linkianum) e ranha-lobo (Genista triacanthos). Matos mediterrânicos, de carrascal e medronhal, ocorrem onde nos séculos XII a XIX havia oliveiras, plantadas pelos monges da Ordem de Cister. Hoje, campos agrícolas, olivais e vinhas intercalam mosaicos florestais.

5 – Quinta Alma, Aljezur

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© Quinta Alma

Entre a floresta e a praia, simplicidade, conforto, natureza e sustentabilidade são as fundações deste projeto, inaugurado em 2017.

Um retiro ecológico, onde o que é supérfluo fica do lado de fora: a Quinta Alma, situada nas montanhas de Monchique, a 3,7 quilómetros de Aljezur e a 8 quilómetros da praia da Arrifana, é um parque “fora da rede”.

Tendas safari e tipi são os alojamentos que este glamping oferece, num espaço de 45 hectares em que a palavra-chave é sustentabilidade. Aqui, os chuveiros são solares, a casa de banho é seca e os telemóveis quase não tocam. O lago artificial, a meio do vale, ladeado por montanhas, é uma delas: além de ser um dos pontos de lazer refrescante, é ainda uma importante fonte de alimento para animais e plantas.

Mesmo às refeições, a paisagem continua a marcar o horizonte: o pequeno-almoço, em que são privilegiados os produtos locais, é servido num espaço próprio, e a cozinha, ao ar livre, está disponível sempre que o hóspede queira preparar uma refeição.

Outras experiências disponíveis na Quinta Alma incluem colher bagas silvestres, alimentar os burros que ali vivem, fazer ioga, massagens ou caminhadas. Para os amantes de birdwatching, não será difícil encontrar pelos céus diversas espécies que nidificam na região – o falcão-peregrino, a gralha-de-bico-vermelho ou a cegonha branca.

Apesar de ser um espaço “fora da rede” e com pouca cobertura móvel, a Quinta Alma disponibiliza ligação wi-fi.

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Nesta zona próxima de Aljezur, com um clima influenciado pela Serra de Monchique, salientam-se quatro tipos de floresta autóctone: os carvalhais e sobreirais, com carvalho-cerquinho (Quercus faginea ssp. Broteroi), carvalho-das-canárias (Quercus canariensis), e sobreiro (Quercus suber), os amiais (Alnus lusitanica), os adelfeirais (Rhododendron ponticum ssp. baeticum) e os zimbrais (Juniperus turbinata e Juniperus navicularis).

No Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina podem ser encontradas 27 espécies raras ou muito raras, que convivem com espécies como os mais comuns medronheiro e sobreiro, pinheiro-bravo e pinheiro-manso, tojo e urze, ou com aromáticas como o rosmaninho, o tomilho e o loureiro. O parque abrange os concelhos de Aljezur e Vila do Bispo, ocupando uma extensão de quase 90 mil hectares.

A grande beleza da zona pode ser confirmada com um passeio pedestre. O Trilho dos Pescadores, com os seus 17,5 quilómetros de extensão, leva o caminhante desde a Aljezur até à Arrifana. Prepare-se para uma imersão em natureza, praia e cultura – por aqui encontram-se vestígios dos fenícios, cartaginenses, romanos e árabes. Aliás, uma das paragens obrigatórias deste percurso é o Ribat da Arrifana, o único convento-fortaleza islâmico encontrado em Portugal (e um dos dois encontrados na Península Ibérica), datado do século XII e ocupado por monges guerreiros que se dedicavam à oração e a vigilância da costa. Foi classificado como Monumento Nacional em 2011. Este percurso não é circular e está classificado como difícil, não sendo aconselhado em alturas de maior calor.

Quanto a natureza, nas dunas e junto à praia de Monte Clérigo, onde passa este trilho, existe vegetação variada, desde arbustos aromáticos (tomilho, perpétua, alecrim, murta e rosmaninho) a plantas medicinais e comestíveis (espargos-bravos, roselha, maios, camarinhas ou carqueja). Destaque para as plantas endémicas, algumas raras: o Cistus ladanifer spp. sulcatus, o Thymus camphoratus e a Linaria ficalhoana, três espécies sob a proteção legal da Diretiva Habitats.