Se a área arborizada aumentar para 30%, é possível diminuir, em média, 64,5% do número de horas anuais com Índice de Calor superior a 31° C nos bairros residenciais das cidades. A conclusão é de um estudo científico que confirma o potencial das infraestruturas verdes urbanas na mitigação dos efeitos das ondas de calor e da escorrência das chuvas torrenciais.
A mitigação do calor extremo e do escorrimento das águas da chuva pela superfície do solo aumenta se for ampliada a área ocupada por infraestruturas verdes urbanas, nomeadamente a área arborizada em zonas residenciais.
Os impactes positivos do aumento das infraestruturas verdes urbanas nos microclimas e na hidrologia são corroborados pelo artigo “Mitigation potential of urban greening during heatwaves and stormwater events: a modeling study for Karlsruhe, Germany”, publicado na revista Nature, que modelou e quantificou o efeito potencial deste aumento na mitigação dos efeitos das ondas de calor e das inundações pluviais – e a sua relação com as situações de seca –, na cidade alemã de Karlsruhe.
Esta é uma cidade do sudoeste alemão, com 173,4 km2, que abrangem 27 freguesias ou zonas residenciais e onde vivem cerca de 304 mil habitantes. Com um clima temperado e níveis elevados de humidade, é caracterizada por verões quentes e invernos amenos. Apesar de ter a norte uma zona mais florestada, nenhuma das zonas residenciais conta com 30% de área arborizada.
Refira-se que 30% de zonas verdes, em especial arborizadas, é a percentagem que tem sido indicada como referência base em termos de adaptação urbana às alterações climáticas. Esta percentagem é um dos requisitos da Regra dos 3-30-300, proposta por Cecil Konijnendijk, co-fundador do Nature Based Solutions Institute, que estabelece que:
– Cada cidadão deve ver pelo menos três árvores a partir da sua casa, local trabalho ou de estudo.
– Cada bairro deve ter 30% da sua área coberta por copas de árvores.
– A distância máxima até ao principal espaço verde público mais próximo não deve ultrapassar os 300 metros.
Estes são considerados os critérios mínimos de bem-estar para o acesso à natureza nas cidades. Foi, por isso, a percentagem indicada para o bairro que o estudo simulou, considerando o aumento necessário de área arborizada em cada freguesia para chegar aos 30%. Por cada 1% adicional de cobertura arbórea, os investigadores consideraram também um acréscimo de 0,67% na área de solo permeável.