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19.01.2024

Camélia-japoneira eleita Árvore Portuguesa do Ano 2024

Camélia-japoneira eleita Árvore Portuguesa do Ano 2024

Uma camélia-japoneira, localizada em Guimarães, foi eleita como Árvore Portuguesa do Ano 2024 de entre 10 candidatas nacionais e vai agora representar o nosso país no concurso europeu “Tree of The Year”, disputando este título com outras 15 árvores escolhidas noutros tantos países.

Já foi eleita a Árvore Portuguesa do Ano 2024. Trata-se de uma camélia-japoneira (Camellia japonica), fica situada nos jardins centenários da Villa Margaridi, no centro de Guimarães, e é um exemplar geometricamente moldado, ou seja, um exemplo de topiária, a arte ancestral de podar arbustos e árvores com formas ornamentais (o nome vem do latim topiarius, que se referia a arte de adornar os jardins).

Com cerca de 6 metros de altura, esta camélia-japoneira foi classificada de “Interesse Público”, em 2022, juntamente com outros exemplares de camélias e outras espécies.

Conhecida como camélia, japoneira e roseira-do-japão, a espécie é natural da Ásia Oriental – China, Japão e Coreia – e é muito plantada em todo o mundo pela sua beleza ornamental, existindo mais de duas mil variedades de cultivo.

A árvore Portuguesa do Ano 2024 foi eleita com 3900 votos, à frente do Sobreiro do Rei, de Mafra (3075 votos), e da Oliveira do Peso, da Vidigueira (2988 votos), que ficaram em segundo e terceiros lugares nesta competição portuguesa.

Recorde-se que o Concurso Árvore Europeia do Ano foi lançado em 2011 para destacar a importância das árvores no património natural e cultural da Europa. A iniciativa é organizada pela Environmental Partnership Association e procura destacar árvores notáveis pelas suas dimensões, enraizadas na história e na vida das comunidades onde se localizam.

Portugal começou a participar em 2018 e a iniciativa é promovida no nosso país pela UNAC – União da Floresta Mediterrânica.

As candidatas a Árvore Portuguesa do Ano 2024

 

A eleita Árvore Portuguesa do Ano 2024 destacou-se entre 10 finalistas nacionais, mas todas elas merecem ser conhecidas:

 

Árvore Grande, de Alijó – Vila Real

Esta árvore, um plátano (Platanus x hispanica), tornou-se num símbolo para os alijoenses ao longo dos seus mais de 160 anos de vida. Terá sido mandada plantar pelo Visconde da Ribeira de Alijó, em 1856. Dizem que as suas raízes se estendem pelo subsolo de toda a vila, num abraço protetor, e como todos conhecem este plátano e dele se orgulham acabou por dar nome a várias criações e organizações locais – desde vinhos a empresas. A imagem deste plátano está também representada no brasão da freguesia de Alijó. Com 33 metros de altura e uma copa que se alarga por outro tanto, a Árvore Grande está classificada pelo seu “Interesse Público” desde 1953.

Refira-se que o plátano foi propagado desde tempos antigos, por gregos e romanos, que apreciavam a sua sombra. O Platanus x hispanica tem origem híbrida, ou seja, resulta do cruzamento entre o Platanus occidentalis e Platanus orientalis.

 

Azinheira de Alportel, de São Brás de Alportel – Faro

Pensa-se que a Azinheira de Alportel tem mais de 250 anos, mas mais impressionante do que a sua idade é a sua dimensão. O tronco, junto à terra, tem mais de 10 metros de perímetro. Um pouco mais acima, divide-se em seis espessas e longas pernadas. São elas que suportam uma copa densa, ampla e frondosa, que se alonga por cerca de 25 metros e chega aos 17 de altura. Pela sua beleza e porte notável, foi há muito classificada como árvore de “Interesse Público” (em 1942) e ainda há mais tempo oferece sombra a uma área urbana ajardinada, onde pequenos e graúdos se encontram e a desfrutam.

Esta gigante já tinha conseguido o segundo lugar no Concurso Árvore Portuguesa do Ano 2023 e voltou a ser selecionada para finalista em 2024.

Saiba mais sobre a espécie azinheira

 

Cedro Gigante, Vila Real

Quem contempla a Casa de Mateus não fica indiferente à beleza das fachadas deste palacete e capela, enquadradas por um luxuriante parque natural, onde sobressai um enorme cedro, bem perto do espelho de água. Trata-se de um cedro-dos-Himalaias (Cedrus deodara), espécie exótica, natural da Ásia – mais precisamente do Afeganistão e Nordeste dos Himalaias.

Este exemplar imponente, com os seus 44 metros, eleva-se à altura de um edifício de 15 andares. O seu tronco é igualmente monumental, com mais de 12 metros de perímetro. Terá mais de século e meio de vida.

 

Ginkgo biloba, Mafra – Lisboa

Localizada no Jardim do Cerco, perto do Palácio Nacional de Mafra, está inserida numa área classificada como Património Mundial da UNESCO e as descrições históricas indicam que esta árvore terá sido mandada plantar por D. Fernando II. Terá cerca de 200 anos e destaca-se pelos seus 25 metros de altura. Numa espécie que tem exemplares femininos e outros masculinos, esta é uma árvore feminina, que produz sementes rodeadas por uma polpa amarela (falsos frutos, semelhantes a ameixas). Amarela é também a cor que sobressai nas suas copas quando o inverno se aproxima.

Saiba mais sobre a espécie Ginkgo biloba.

 

Magnólia do Palácio, Mangualde – Viseu

O Jardim Histórico do Palácio de Anadia é a morada desta árvore, que terá dois séculos e meio de vida, remontando a uma época em que a antiga casa e capela ali existentes foram convertidas num palácio barroco, hoje classificado como “Imóvel de Interesse Público”. A sua beleza e as flores em tons rosados e brilhantes contribuem para o romantismo deste jardim que há muito convida ao descanso e lazer. Entre caminhos e canteiros, o seu porte – mais de cinco metros de altura e igual medida de perímetro de tronco – não passa despercebido.

Não se específica de que espécie de magnólia se trata, havendo mais do que uma com flores rosa. A chamada magnólia chinesa (Magnolia x soulangeana) é um exemplo.

 

Oliveira do Mouchão, Abrantes – Santarém

Estima-se que tenha mais de três mil anos de idade e foi considerada como a árvore mais antiga de Portugal, por uma equipa da UTAD – Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, que desenvolveu um método matemático, não invasivo, para estimar a idade das árvores. A amplitude (mais de 11 metros de perímetro) e deformações do seu tronco atestam os seus muitos anos de vida e conta-se que esta árvore foi ponto de encontro para os pescadores do Tejo. Ali se reuniam para sair para a pesca e quem primeiro chegava ao rio escolhia o melhor local para pescar, que era conhecido como a Pesqueira do Mouchão. Foi deste nome que derivou o desta árvore – Oliveira do Mouchão.

 

Oliveira do Peso, Pedrogão – Vidigueira

O tronco curto, largo e sulcado pelos séculos amplia-se aos 10 metros, suportando uma larga copa, e é exatamente a sua idade e amplitude que fazem da Oliveira do Peso uma árvore única, que estará entre as mais antigas de pé em Portugal – de acordo com o método de datação patenteado pela UTAD, estima-se que tenha cerca de 3800 anos. A Oliveira do Peso tem o seu nome ligado ao local onde se encontra, a Herdade do Peso, reconhecida produtora de vinhos alentejanos.

Saiba mais sobre as oliveiras.

 

Sobreiro da Quebrada, Lugar da Quebrada – Arcos de Valdevez

É um sobreiro antigo, com perto de 440 anos, e diz a lenda que, quando falecia um aldeão, um pequeno galho era cortado para aquecer o forno onde se cozia o pão que era distribuído durante o velório. Esta sua ligação impediu que fosse descortiçado e levou a que os galhos cortados fossem sempre pequenos. A árvore mante-se, assim, valorizada como um símbolo de ligação entre o presente e o passado. Este sobreiro ancião destaca-se ainda pela sua dimensão: cerca de 16 metros de altura e um perímetro de tronco que ultrapassa os cinco metros e meio.

 

Sobreiro do Rei, Mafra – Lisboa

Localizado na Tapada Nacional de Mafra, terá nascido antes do Rei D. João V mandar comprar as propriedades que deram origem à Tapada Real, estimando-se que tenha cerca de 385 anos. O Sobreiro do Rei já se encontra classificado como “Árvore de Interesse Público” (Processo KNJ1/354, no ICNF – Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas) desde 2020. Em 2018 a base do seu tronco media 7,3 metros de perímetro e a sua copa chegava aos 25 metros de diâmetro. O próprio sobreiro eleva-se também aos 25 metros. A sua longevidade e “porte verdadeiramente notável” estão entre as razões da sua classificação.

Saiba mais sobre os sobreiros.

Árvore Portuguesa do Ano 2024 é a sétima a disputar concurso europeu

 

Portugal participou pela primeira vez na eleição da Árvore Europeia do Ano em 2018 e nesta estreia obteve a melhor classificação possível: sagrou-se vencedor, com o Sobreiro Assobiador, localizado em Águas de Moura, Palmela, que conquistou os europeus e obteve mais de 26 mil votos.

Desde então as árvores que representaram Portugal no concurso europeu foram:

2019: Azinheira secular do Monte Barbeiro – a sua copa é impressionante e a sombra que projeta é bem-vinda na quente zona de Mértola. Tem cerca de século e meio e conquistou o terceiro lugar no concurso europeu.

2020: Castanheiro de Vales – pensa-se que tenha cerca de mil anos e o seu volumoso tronco, com um perímetro de 14 metros, é testemunho do muito que viveu e um símbolo de uma tradição marcante na região e no país – a cultura da castanha. O grande castanheiro conquistou a sexta posição do concurso em 2020. Saiba mais sobre ele.

2021: Plátano do Rossio – localizado em Portalegre e conhecido como o Bem-Amado, alcançou a quarta posição no concurso europeu. Diz-se que é o maior plátano da Península Ibérica, com a sua enorme copa de quase 30 metros de diâmetro, e foi pioneiro em Portugal entre as árvores classificadas como tendo “Interesse Público”.

2022: Sobreira Grande – com 250 anos de história, este sobreiro (Quercus suber) de grande porte é o ex-libris da sua pequena aldeia, em Vale do Pereiro, Arraiolos. A Sobreira Grande ergue-se por entre caminhos rurais, surpreendendo quem por ali passa pelos seus enormes e ondulantes ramos e pelo diâmetro da sua copa. Ficou em terceiro lugar no concurso europeu.

2023: Eucalipto de Contige – está classificado como Árvore de Interesse Público pelo ICNF – Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas desde 1964 e foi considerada pela Universidade de Aveiro como “a maior árvore classificada de Portugal”. Saiba mais sobre o enorme eucalipto de Contige, com cerca de 46 metros de altura e um tronco cujo perímetro mede 13 metros. Conseguiu o quinto lugar no concurso europeu.

A Árvore Portuguesa do Ano 2024 integra agora o conjunto das 16 árvores que vão disputar a primeira posição a nível europeu. Habitualmente, a seleção da vencedora europeia é feita por votação pública e a eleita é divulgada num evento realizado em Bruxelas, no mês de fevereiro.

 

Fotos © UNAC – Árvore do Ano Portugal