Cerca de um terço dos solos (33%), a nível global, apresenta sinais de degradação, com consequências na perda de biodiversidade. O alerta mais recente foi dado pelo relatório “Soil Degradation and Biodiversity Loss”, do movimento Save Soil, que analisa as causas e consequências da degradação do solo nas diferentes regiões do planeta. A organização destaca, sobretudo, o impacte das práticas agrícolas insustentáveis.
Há um ano, a UNESCO alertou que 90% da superfície terrestre poderia degradar-se até 2050, chamando a atenção para os riscos do declínio rápido da saúde dos solos na vida do planeta. A análise do relatório do Save Soil vem reforçar, um ano depois, este nexus entre degradação do solo e perda de diversidade.
“O declínio na saúde do solo compromete várias funções cruciais do ecossistema”, destaca o documento, lembrando que o solo é o habitat com maior diversidade, “albergando potencialmente 59% de toda a vida”.
De acordo com o estudo, aproximadamente 33% dos solos do mundo estão “moderada a altamente degradados”. Na análise, destacam-se causas relacionadas com atividades humanas insustentáveis – com destaque para práticas agrícolas não sustentáveis – e alterações climáticas.
A agricultura tem aqui, no entanto, um duplo papel. Por um lado, as más práticas de gestão agrícola têm vindo a deteriorar os solos globais (com uso excessivo de fertilizantes e pesticidas, utilização de maquinaria pesada e monocultura, por exemplo). Por outro lado, tal como identificado no relatório, mecanismos como a agricultura regenerativa apresentam um “potencial transformador” na recuperação da saúde do solo.
Vista como um sistema de práticas agrícolas focadas na melhoria da saúde do solo, a abordagem da agricultura regenerativa “não só oferece um caminho para a promoção da biodiversidade, em geral, como também traz benefícios significativos para a produção alimentar sustentável, a mitigação das alterações climáticas, através do sequestro de carbono, e o combate à crise da água, através do aumento da retenção e infiltração da água no solo”, defende o estudo.
De referir que a própria agricultura depende da biodiversidade, pelo que a degradação dos solos põe em risco a alimentação global. “Mais de 75% das culturas alimentares globais dependem, pelo menos em parte, da polinização animal para o seu rendimento e/ou qualidade. A perda de biodiversidade ameaça estas populações vitais, pondo em perigo a produção agrícola global e a segurança alimentar”.