A Estratégia da União Europeia “Florestas 2030” estabeleceu, entre as suas metas, a plantação adicional de 3 mil milhões de árvores até 2030 nos Estados-membros. Sendo novembro um mês em que decorrem várias iniciativas de plantação em Portugal – muitas delas a assinalar o Dia da Floresta Autóctone – estas árvores podem contribuir para o objetivo europeu. Saiba como.

O Dia da Floresta Autóctone assinala-se a 23 de novembro. A efeméride serve, sobretudo, para sensibilizar e incentivar o plantio de novas árvores durante o outono e o início de inverno, época em que as condições climatéricas portuguesas são mais propícias para a sementeira ou a plantação. E muitas destas árvores que vão sendo plantadas por municípios, escolas, associações e iniciativas de ciência cidadã podem contar para a meta europeia de plantar 3 mil milhões de árvores até 2030.

O objetivo de plantar “3 mil milhões de árvores adicionais em 2030” foi dado a conhecer em julho de 2021, no âmbito da Estratégia da Comissão Europeia para as Florestas que, entre outros objetivos, pretende contrariar “a atual tendência de declínio do aumento líquido da superfície florestal”, aumentar a cobertura florestal na União Europeia (EU) e a sua capacidade de sumidouro e reservatório de carbono.

Vários meses depois, a Comissão Europeia criou suportes que convidam à participação pública, incluindo a aplicação MapMyTree, que regista as árvores plantadas e permite também acompanhar a sua evolução e locais de plantação. É aqui que Organizações Não Governamentais (ONG), associações e até cidadãos individuais podem registar as árvores que plantam.

Até ao início de novembro de 2023, mais de 12,5 milhões de árvores tinham sido plantadas e registadas na aplicação. A nível europeu, 37 organizações estavam registadas. Em Portugal, existem quatro organizações envolvidas na iniciativa:

• Duas a atuar em exclusivo em Portugal – a ACHLI – Associação de conservação do Habitat do Lobo Ibérico e o Laboratório da Paisagem;
• Outras duas presentes em Portugal e noutros países da União Europeia – a Land Life e a Life Terra Foundation.

Registe-se em MapMyTree e contribua para o objetivo “3 mil milhões de árvores”

O processo de registo é diferente consoante se trate de um cidadão individual ou de uma organização, sendo mais exigente para as organizações envolvidas em iniciativas de plantação.

Para que um cidadão possa registar as árvores plantadas, usando a MapMyTree, é necessário o preenchimento de um formulário que requer, entre outros dados, as coordenadas geográficas, a área, a titularidade do terreno (privado, público, comunitário), os tipos e número de árvores em causa e o género de ação (regeneração natural assistida ou plantio).

Caso se trate de um proprietário florestal ou de uma associação ou organização, o registo implica seguir os vários passos indicados na aplicação. Como o processo é mais complexo está disponível um vídeo tutorial, assim como um documento de apoio.

Nem todas as árvores plantadas contam: conheça os requisitos

Antes de proceder ao registo, é importante confirmar se as árvores plantadas correspondem aos requisitos necessários para serem contabilizadas no “compromisso 3 mil milhões de árvores adicionais”. A plantação deve obedecer a pressupostos ecológicos e ao princípio-base “plantar e cultivar a árvore certa no local certo e para o fim certo”. Para isso, é essencial que exista uma combinação adequada de espécies arbóreas, quer nas florestas, quer também nas zonas agroflorestais, agrícolas e urbanas.

Como não basta plantar qualquer árvore em qualquer lugar, a Comissão Europeia disponibiliza um guia com as boas-práticas a seguir, desde a identificação do habitat, ao tipo de solo e sua condição, passando pela seleção das espécies que melhor se adaptem às condições ecológicas e climáticas de cada local.

Por outro lado, foram estabelecidas algumas restrições quanto aos locais de plantio: não devem ser plantadas árvores em zonas húmidas de elevado valor natural, como por exemplo as turfeiras ou pauis.

Quer contribuir? Conheça as iniciativas do Dia da Floresta Autóctone

São várias as organizações e autarquias portuguesas que promovem ações de voluntariado de plantio de árvores para celebrar, a 23 de novembro, o Dia da Floresta Autóctone. Estas iniciativas decorrerão também noutras datas – pelo outono e inverno –, contribuindo para aumentar a cobertura arbórea do nosso país.

Se cada árvore plantada for registada na aplicação MapMyTree será mais um passo para que o compromisso das 3 mil milhões de árvores na UE até 2030 seja concretizado. Conheça algumas das iniciativas que já foram anunciadas ou estão a decorrer em novembro de 2023:

• A Câmara Municipal de Caminha associa-se ao Movimento Plantar Portugal e assinala o Dia da Floresta Autóctone com duas plantações no concelho. No dia 23 de novembro, a plantação decorre na Mata Nacional da Gelfa e, no dia 27 de novembro, no Baldio de Azevedo.

• O projeto Plantar Lousada, uma parceria do município da Lousada e da Verde – Associação para a Conservação Integrada da Natureza, dedicam dois fins de semana por mês, de novembro de 2023 a abril de 2024, a ações de plantio de árvores e arbustos nativos na região da Lousada. Dia 18 de novembro, por exemplo, decorre uma das primeiras.

• O Município de Vila Nova de Poiares está a incentivar os proprietários do concelho a reflorestar os seus terrenos e oferece até 300 árvores e arbustos autóctones (por proprietário ou gestor florestal), para contribuir para uma floresta diversa e resiliente. A iniciativa decorre no âmbito do programa “Mais Floresta” e o formulário de inscrição, assim como o regulamento, podem ser consultados online.

• A 23 de novembro, o Instituto Politécnico de Lisboa, no âmbito das atividades do programa ISEL Eco-Escolas, e os grupos temáticos da Biodiversidade e dos Espaços Exteriores promovem, em parceria com a Câmara Municipal de Lisboa, uma ação de plantação de árvores e arbustos no Campus do Instituto Superior de Engenharia de Lisboa (ISEL).

• O Município de Palmela assinala o Dia da Floresta Autóctone 2023 com uma semana de atividades – de 20 a 27 de novembro – onde se destaca a reflorestação de áreas ardidas (dias 26 e 27) aberta à participação de munícipes e com o apoio do Projeto ProNatura da ANEFA – Associação Nacional de Empresas Florestais, Agrícolas e do Ambiente.

• A associação ambientalista Quercus realiza ações de plantio com voluntários – plantações/sementeiras, recolha de sementes/frutos e cuidar de bosques autóctones – no âmbito do projeto Criar Bosques, atuando em várias regiões do país. Para participar, deve inscrever-se previamente como voluntário.

Qual o objetivo de plantar mais 3 mil milhões de árvores até 2030?

Alterações climáticas, desflorestação e degradação florestal, perda da biodiversidade: são muitas as ameaças e pressões a que as áreas florestais europeia estão sujeitas, como é salientado pelo Sistema de Informação Florestal para a Europa. Este cenário e as suas consequências para as florestas, para o planeta e para todos os que nele habitam, levaram a Comissão Europeia a delinear e divulgar, em 2021, a Nova Estratégia da UE para as Florestas 2030, ancorada no Pacto Ecológico Europeu e na Estratégia de Biodiversidade da UE para 2030.

O objetivo da Estratégia da UE para as Florestas 2030 é contrariar “a atual tendência de declínio do aumento líquido da superfície florestal da UE” e contribuir, ao longo do tempo,  para “aumentar a cobertura florestal da UE e, com isso, o sumidouro e as reservas de carbono no território da UE”. Em simultâneo, a Nova Estratégia pretende também alertar e sensibilizar a sociedade para que se envolva ativamente na redução, em 55%, das emissões de gases com efeito de estufa até 2030, ajudando a que o continente europeu se torne o primeiro com impacto neutro no clima até 2050, permitindo a recuperação da biodiversidade e promovendo a economia circular.

Uma das medidas estabelecidas pela Nova Estratégia da UE para as Florestas 2030 é o compromisso de serem plantadas, pelo menos, mais 3 mil milhões de árvores, até 2030, nos 27 Estados-membros da União Europeia, para além do que seria a atividade habitual de plantação.

O número de árvores selecionado como meta a atingir assenta numa explicação lógica: estima-se que na União Europeia quase 300 milhões de árvores tenham crescido, por ano, entre 2010 e 2015. O objetivo é que o número de novas árvores duplique, para 600 milhões de árvores por ano. Para tal, nos cerca de 10 anos que vão desde o início desta iniciativa até 2030 terão de ser adicionalmente plantadas 3 mil milhões de árvores.

De acordo com a Nova Estratégia da UE das Florestas 2030, o plantio de pelo menos 3 mil milhões de árvores adicionais não pretende substituir a preservação das árvores que existem, servindo, sim, de complemento a uma ação de conservação mais alargada de aumento do coberto arbóreo da União Europeia.